Sobre o líder Flu, sem precipitações (por Paulo-Roberto Andel)

Primeiro, é bom que se diga: ganhar é sempre melhor do que perder. Sempre será assim. Logo, neste início de temporada temos todos os motivos para sorrir. O Fluminense é 100% nestes primeiros três jogos. A bela goleada sobre o Bangu traz alegria e serenidade para os corações tricolores. Alegria, mas sem exageros e por motivos justos.

Prefiro esperar para ter uma conclusão mais apurada sobre o que pode vir a ser o desenrolar do Flu em 2020. Aumentar a série histórica desse novo time. Os motivos são simples: em quase todas as últimas temporadas nós passamos pelo mesmo roteiro inicial triunfante, mas os desfechos ficaram longe das expectativas. E eu mesmo já publiquei neste espaço várias colunas com essa mesma temática a cada início de temporada.

Ser do contra? Torcer contra por política? Não gostar do Mário? Queiram desculpar, tudo isso é uma bobagem quando se trata de PANORAMA. Quem torce pelo Fluminense sem lucrar com seus altos e baixos só leva em conta a paixão de criança: torcer, torcer, querer ganhar e pronto. Mais nada. Ok, tem um ou outro metidão a dono do Flu que já deu seus pitis na arquibancada com vitórias na época do Abad. Diria o Chiquinho Zanzibar: “Abafa…”.

Foi muito bom ver os jovens se destacando mesmo no péssimo gramado de Moça Bonita (é incrível como a Federassauro não fortalece nem o time do coração de seu presidente…) (volta, Laranjeiras!). Imagine o Luccas Claro, que fez dois gols de cabeça? O Capixaba? O Felipe, que fez um gol de muita obstinação? Miguel deitou e rolou. O Flu já tinha sido melhor no primeiro tempo e massacrou no segundo. Bom demais mesmo, mas calma.

Nos últimos anos, invariavelmente o Fluminense forçou politicamente a condição  de ídolos após resultados favoráveis precedidos por fracassos. E digo forçou porque de fato foi o que aconteceu. Dois nomes são evidentes nos últimos anos: Gustavo Scarpa e Pedro. O segundo bem melhor do que o primeiro, ambos levaram no peito a missão de ocupar o lugar vago de Fred, ambos sem condições para tal. Deu no que deu. Ser ídolo é condição que se adquire com o tempo e naturalmente, não por acordo com as redações. Ano passado, as boas atuações do Muriel – aliadas às performances trágicas dos outros goleiros – quase o alçaram de forma exagerada ao patamar de um novo Félix ou Paulo Victor. Futuramente pode acontecer? Claro que sim, basta que tenha resultados e histórico. Muriel tem sido um ótimo goleiro e voltou bem ontem, mas ele não é Félix ou Paulo Victor. Ainda falta estrada.

Miguel tem tudo para ser um jogadoraço, mas todo cuidado é pouco. Colocar a responsabilidade de liderar tecnicamente o time em campo nas costas de um garoto de 16 anos é insano. Duvido que esta seja a posição de Odair, de quem gosto de graça. Aliás, confio nas internas para isso. O clube não pode é se dobrar aos humores colossais do torcedor, que pode ver céus e infernos na mesma semana.

O Felipe fez um belo gol ontem. Tinha ido mal na estreia? Sim. Sua carreira até aqui tem números significativos? Não. Jogou mal nas outras duas partidas? Sim. Pode dar certo no Fluminense? Sim. Quem sabe? Tão chato quanto quem só vê defeitos é quem sai louvando genialidade na primeira jogada certa. Ok, o torcedor é movido pela paixão e tem essa prerrogativa. Agora, quem dirige, trabalha ou analisa, não. É preciso lucidez.

O Flu é líder e isso sempre será bom. O Carioca de hoje em dia não é mais o mesmo pela disparidade de forças, uma pena. Ganhar é melhor do que perder. Contudo, as lições das últimas temporadas já deveriam ter sido aprendidas por todos. Que o início da temporada seja o espelho de todo o ano de 2020, mas aguardar é necessário. Não há outro jeito. Dar tempo ao tempo.

Vamos para o clássico. Queremos jogar de igual para igual, mas tem um porém: ganhar Fla-Flu é normal.

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O Fluminense trouxe alegria a um final de semana terrível. Além das chuvas que devastaram o Sudeste, especialmente Minas Gerais, Espírito Santo e o Norte do Rio de Janeiro, vitimando muitos inocentes, a devastadora e precoce morte de Kobe Bryant deixou o domingo triste.

É difícil entender os desígnios da vida. Enquanto isso, vamos respirando e tentando sobreviver em meio ao caos. O esporte ajuda muito.

Kobe foi um monstro.

Panorama Tricolor

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