Sobre as probabilidades de título no Brasileirão (por Paulo-Roberto Andel)

De forma recorrente, o tema causa polêmica e questionamentos naturais, especialmente por conta do surrealismo jornalistico em se omitir o nome do Fluminense na briga pelo título brasileiro.

Para uma análise mais aprofundada, segue o link do modelo.

ESPIÃO ESTATÍSTICO – GE

O cálculo de probabilidades de título, ao mesmo tempo que tem alguma complexidade, é extremamente volátil e os percentuais mudam a cada rodada. Ele é uma fotografia do momento e nada além disso.

Por exemplo simples, se nas próximas duas rodadas o Palmeiras não vencer e o Flu, obrigatoriamente, ganha as duas, os 7% de chances tricolores crescem de forma significativa, dependendo das outras combinações. São estimativas que podem apontar grandes oscilações, dependendo dos resultados. Um bom exemplo: o Botafogo, que teve alta probabilidade enquanto esteve perto do G4 e, a seguir, com o decréscimo de sua campanha.

Frequentemente, cita-se o caso do Fluminense, que passou de 2% para a salvação em 2009. É importante dizer que este caso é a exceção, não a regra: não houve ocorrência semelhante na era dos pontos corridos.

É claro que não se pode desprezar a vantagem palmeirense neste momento, assim como não se pode garantir que ela será mantida. O óbvio é o óbvio: a cada nova rodada, um retrato. No sábado teremos um ponto culminantes, quando Flu e Palmeiras se enfrentam.

O grande problema dos cálculos: geralmente levam em conta toda a campanha dos times, o que é problemático quando um time dá uma arrancada. O próprio Flamengo em 2009 tinha percentual baixíssimo de chance de título, assim como o Flu tinha de salvação, mas ambos conseguiram seus objetivos. O modelo de cálculo mais popular à época não foi capaz de prever as arrancadas dos dois times, e certamente estava contaminado pelo início das campanhas, por motivos não explicados.

Claro que, se até aqui o Palmeiras teve apenas duas derrotas em 23 jogos, espera-se que perca muito pouco até o fim do certame, o que lhe garante o título em tese. Contudo, nada pode lhe assegurar como campeão a 15 rodadas do fim da competição. Espera-se, não se garante. Mesmo a média de finalizações e gols não necessariamente será mantida. O futebol não tem memória de atuações: mesmo que um time cumpra um excelente primeiro turno, só será campeão nos pontos corridos caso repita a campanha na segunda etapa.

Se dirigentes tricolores e empresários que orbitam no clube não atrapalharem, ainda há muita lenha para ser queimada nas Laranjeiras. E, provavelmente, muita irritação para estúdios e redações.