O que será que será, Fluminense? (por Claudia Barros)

O ano é 2021. O mundo vive uma pandemia de saúde sem precedentes, num tempo moderno, globalizado e sem grandes dificuldades de transposição de fronteiras, físicas e virtuais. O vírus da pandemia, assim, facilmente transpôs todas as fronteiras possíveis.

Penso em tanta coisa. Em tantos fatos. Em tantos atos.

E neste nosso Brasil, de tamanhas mazelas sociais, políticas e éticas, o Clube Atlético Mineiro, num presente extasiante para a sua imensa torcida, tornou-se campeão do Brasileirão, após exatos 50 anos.

Parabéns ao Galo mineiro. Título merecido. Êxtase necessário!

Penso no Fluminense.

O Tricolor continua regular: um ano na mediana.

O time de Marcão, que curiosamente – ou não – termina a terceira temporada consecutiva com à frente do comando tricolor, não evoluiu taticamente.

Se bem que para ser justa, em retrospectiva e se comparado ao time do Roger, houve algumas evoluções táticas do time e técnicas, de alguns jogadores.

Marcão em muitos jogos alçou e manteve jogadores em posições chave, a exemplo do talentoso André no meio de campo, do David Braz na zaga e do Marlon, na lateral esquerda.

Também abriu espaço para o também talentoso jovem John Kennedy no ataque tricolor, sobretudo quando achou que deveria poupar Fred, que não vinha de boas atuações.

Teve mais coragem de mudar que Roger. Tem muito mais empatia também.

Mas a evolução foi tímida e não encantou aos torcedores tricolores, apesar de nos ter colocado praticamente na Libertadores do ano de 2022, mesmo restando ainda duas rodadas para o fim do campeonato.

Diante disso, as perspectivas começam a se voltar, naturalmente, para o ano vindouro.

Há quem diga, sendo verdade, que Marcão não montou nenhum dos elencos que comandou nos últimos três anos. Herdou-os, todos, capengando.

E que elencos seriam estes, caso Marcão os tivesse montado? Ou, pelo menos sugerido?

Teriam tido as deficiências do elenco de 2021?

Nossas laterais amargaram durante parte do ano um Egídio instável e um Danilo Barcelos, digamos, ineficiente.

Nosso meio de campo atuou praticamente sem poder de criação, matando quase todas as nossas possibilidades de conquistas de título no ano.

Nosso ataque dependeu excessivamente de Fred, em franca queda técnica.

Não me iludo mais do que devo, até porque não tenho idade para isso. Em um clube do tamanho do Fluminense há inúmeras variáveis que intervém sobre as decisões internas. A montagem de um elenco, a escolha dos jogadores por posição, a manutenção de outros, o técnico adequado, a hierarquização das competições a serem disputadas, as estratégias financeiras de sobrevivência, tudo está sob as inúmeras variáveis políticas do clube.

E o Fluminense optou por se manter na mediana, não exatamente com decisões baratas aos cofres do clube.

Jogadores caros foram incorporados ou mantidos à folha salarial, sem qualquer rendimento em campo (talvez rendam no vestiário, né?).

Jogadores foram vendidos e dispensados precocemente, sem que a torcida tenha tido a chance de vê-los render no time principal.

Jogadores foram mal alocados em posições, muitas vezes rendendo aquém do esperado, por teimosia tática.

Jogadores foram contratados à peso de ouro, sem condições de entregar, sequer, o brilho do bronze.

Diante disso, as fofocas para a nova temporada fazem a festa da galera. Essa semana circularam notícias sobre possíveis contratações estudadas pelo Fluminense para 2022.

Na minha modesta e desimportante opinião, alguns nomes desejo que jamais pisem em Laranjeiras. Jamais! Abomino nazifascistas ou com quem quer que flerte com essa patologia social.

Penso no Fluminense. E o clube sobre o qual penso me leva a um passado de grandes recordações, me leva também a um futuro de possíveis novidades.

Penso em um time bem planejado, com um técnico de grande competência teórica e prática, com um elenco equilibrado em todas as posições, com um plantel para atuar, com dignidade, em diferentes competições, com um programa de sócio torcedor atraente, com eleições online para presidente, com um projeto de fazer do Fluminense um clube para o qual crianças desejem torcer.

Penso no Fluminense que encara o Bahia, em Salvador, pela penúltima rodada do Brasileirão.

Ganharemos de 1 a 0, com gol do craque do Flu, Luiz Henrique. Ou, quem sabe, da revelação do campeonato, André.

O ano é 2021. Penso tanto…