O Fluminense e o que resta da temporada 2020 (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, o Fluminense das atuações anteriores contra a cafajestada não entrou em campo e eles levaram. Basicamente é esse o resumo, e não vale perder tempo demais falando sobre o desfecho do campeonato mais escroto da história (e olha que tem concorrentes de peso para o posto), em que se perdeu a conta dos desrespeitos praticados e regulamentos rasgados. Tenha o bicho prometido atrapalhado a concentração dos atletas, tenha o Odair sido acometido por amnésia e esquecido tudo após a partida contra o Botafogo ou mesmo o sobrenatural ter nos abandonado de vez (Gravatinha deu as caras algumas vezes, mas depois que entrou o Felippe Cardoso, desistiu), fato é que não existiu ganhador mais adequado para a patifaria que se tornou essa competição do que X. Por mais que quiséssemos um desfecho que calasse a boca de latrina da torcida deles, pela lógica não dava pra esperar algo muito diferente do que rolou. E, talvez, o modo como o Fluminense se apresentou taticamente e tecnicamente nos sirva pra tirar algumas conclusões.

A primeira é que Odair expirou mesmo seu prazo de validade. Não dá pra mesclar momentos de gênio com momentos de burro enquanto está no comando do Flu. O elenco é muito limitado – elenco esse que ele ajudou a montar – e o espaço pra errar é zero. Ao insistir com certos nomes que não fizeram porríssima nenhuma e ainda colocá-los numa final, parece que Hellmann tem o compromisso apenas com o seu cargo, ou seja, escala de acordo com as exigências de vitrine, não importando sinceramente o que vai acontecer em campo. O discurso dele após o jogo, exaltando derrota, não cabe em time grande nenhum. Fazer um jogo competitivo numa final de estadual não passava de sua obrigação, e não foi isso o que vimos. Quando precisávamos de ousadia, porque fazer o resultado era a única opção de sermos campeões, o time continuou jogando para sair em contra-ataque, o que é incompreensível. Na final da Taça Rio e no primeiro jogo da finalíssima, isso poderia fazer parte da estratégia, mas não nas condições que atuamos. Preterir Miguel e deixar o Nenê o jogo inteiro avançando pela direita sem ninguém pra tabelar, além de colocar o Ganso, que sabemos que está mal fisicamente, foram só alguns dos erros gritantes de Odair. Sem mencionar o apadrinhamento de Caio Paulista e Felippe Cardoso.

A segunda conclusão é a de que alguns jogadores infelizmente não têm mais razão de serem testados, pois já mostraram mesmo que não vão render nada. Eu mencionei que trataria do elenco nessa coluna e pretendo fazê-lo. Estamos bem de goleiros. Talvez seja uma das duas posições para as quais não precisamos de qualquer reposição. A outra é a zaga. Temos dois bons titulares e dois bons reservas, além de jogadores da base capazes de quebrar um galho. Laterais são um grande problema. Não temos reservas decentes e os titulares estão em péssima forma. Gilberto não é confiável, e Egídio, apesar de eventualmente apoiar bem, na defesa tem sido o entregador de paçoca do time. Caso não se resolva o problema das laterais, a solução é o técnico da vez (seja ele quem for) treinar esse time no 3-5-2 e colocar o Gilberto e o Egídio como alas. Pelo menos eles tendem a render nessa posição. Na posição de volante, temos Hudson, Yuri, Yago e Dodi. Faltam reservas, mas que acredito que podem vir da base. Na meia temos Nenê, Ganso, Miguel e Michel Araújo, sendo que o Ganso está muito mal. No ataque, Marcos Paulo e Evanílson salvam, com Wellington Paulista e Pacheco sendo bons reservas. O resto é fraco.

A barca seria grande, se falássemos só nos jogadores que estão atuando em alto nível nesse momento. Muriel, Nino, Matheus Ferraz, Dodi, Nenê, Marcos Paulo e Evanílson provavelmente se salvariam. Os outros têm sido contestados dia sim, outro também. Uma solução sem grana é meio óbvia… subir a base. Laterais, pelo menos um volante (que acho que já compõe o elenco), pelo menos um meia e pelo menos um centroavante, já que Fred, que eu nem havia citado, ainda é uma incógnita. Então, eu despediria o Odair e traria um treinador que não se furtasse em barrar medalhões. Se formos jogar sem os três zagueiros, temos que trazer dois laterais novos pra serem titulares. O time seria algo como Muriel, lateral-direito, Nino, Matheus Ferraz e lateral-esquerdo; Hudson (em forma ainda acho que rende), Yago, Dodi e Nenê (Miguel assim que ele cansar); Marcos Paulo (se for vendido, precisa ser urgentemente reposto) e Evanílson. No esquema 3-5-2, dá pra aguentar os atuais laterais por algum tempo: Muriel, Nino, Matheus Ferraz e Digão (ou Hudson); Gilberto (ou Pacheco), Dodi, Yago, Nenê (Miguel) e Egídio (ou Pacheco); Marcos Paulo e Evanílson. Talvez seja a única maneira de tornar o time mais competitivo em tempo integral sem precisarmos nos reforçar.

Enfim, eu não conheço o elenco inteiro do Fluminense Football Club. Mas dá pra sacar que não há a menor condição que nomes como Orinho, Caio Paulista, Felippe Cardoso, Pablo Dyego, Lucas Barcelos, Matheus Alessandro e tantos outros que andaram entrando no time continuarem. Ganso também anda muito mal e não sei se um dia recuperará sua capacidade técnica. É um peso morto e um salário alto no momento atual. O marketing dele enfraqueceu e, obviamente, foi ofuscado pelo de Fred, que também não sabemos se poderemos contar. Em teoria, Fred e Ganso em suas melhores formas seriam reservas desse time, o que já diz muito. Temos a Copa do Brasil retornando no final de agosto e precisamos bater o Figueirense pra avançar, já que perdemos o jogo de ida. O Brasileirão reiniciará em 9 de agosto, ou seja, o Fluminense terá cerca de três semanas de preparação. Eu espero, sinceramente, que com outro treinador, pois não consigo enxergar no Odair a capacidade de adaptação necessária a esse elenco. Como sempre, espero estar errado.

Sem curtas dessa vez, volto quando o Brasileirão for começar. Abraços aos leitores.

Panorama Tricolor

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