R10 e Gum

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Ronaldinho

Se o que foi divulgado “oficialmente” é o certo, é uma pena. Raras vezes fiquei tão contente como no dia em que você vestiu a nossa camisa. Com 37 anos de futebol nas costas, jamais tive a ilusão de que você seria o monstro de 2002 ou do Barcelona. Mas você joga muita bola. Ou jogou, se é que a carreira acabou ontem.

Fui criado vendo Rivellino, Paulo Cézar, Doval, Edinho, Deley, Zezé, Gilberto. As referências eram essas, daí a vibração com o teu nome.

Não tinha entendido você entrar em campo depois de dois meses parados e com dois ou três treinos. Mas todo mundo sabe que você sempre foi fominha (no melhor sentido da palavra). Deve ter sido por isso.

Essas histórias da noite e tal, bom, já faziam parte do pacote. Que, lógico, nunca foi exclusivamente teu. Se os boêmios e doidões do futebol fossem alijados do sistema, pelo menos no Brasil não existiria o esporte bretão. Aqui não cabe hipocrisia. O que tem de craque por aí que não sai de casa, não aparece nas manchetes, mas bebe e fuma a rodo…

Sem querer ser ofensivo com os demais jogadores (mesmo), o meu amado Fluminense pode ter sido o único time do planeta Terra onde não dava mais para você num banco com Victor Oliveira, Renato, Lucas Gomes e Wellington Paulista, dentre outros. Deve ser por causa do planejamento.

Não deu certo. A vida é assim. Como você disse no dia da chegada, “Vamo que vamo”.

Aqui jaz uma linda e efêmera história de talento. Chegou decidindo o jogo contra o Grêmio e saiu ajudando a decidir o jogo contra o Goiás.

Aleluia, irmão!

Gum

Pouca gente lutou tanto pela camisa do Fluminense nos últimos anos. Três gols seus são antológicos e importantíssimos: os dois contra o Inter em 2009, no começo da nossa salvação, e aquele contra o São Paulo em 2013, no último lance, dos raros que me fizeram chorar no que sobrou do Maracanã. Sem eles, a segunda divisão seria uma certeza.

E tem lutado contra a desconfiança, as próprias limitações e as do time.

Acabei de escrever um belo livro (de capa PRETA em homenagens diversas, mas nenhuma tem negócio de Exu não, fique tranquilo na moral – os seres humanos são muito piores do que as religiões) e você é homenageado nele.

Mas ontem você deu uma tremenda bola fora. Na arquibancada. Foi muito mal. Desastroso.

Gum, não cabe a um funcionário do clube discutir o cenário político do mesmo.

Você é funcionário do Fluminense, não da diretoria A, B ou C.

De você, só esperamos as palavras do coração. Mas as que vieram ontem acabaram com cara de cabo eleitoral disfarçado, e eu espero sinceramente que isso tenha sido só um equívoco, nada além disso, mesmo que você jamais tivesse feito algo parecido nestes anos de clube.

O Fluminense não tem dono, pense nisso.

Sai dessa, Gum Guerreiro. Teu campo é outro.

Que tudo dê certo contra o Grêmio.

Aleluia, irmão!

@pauloandel

Imagem: Márcio Alves – Jornal Extra

CAPA O FLUMINENSE QUE EU VIVI AUTÓGRAFOS