Amigos, amigas, as percepções mudam, as opiniões mudam e os sentimentos também. O que ontem era motivo de deleite e sonhos de grandeza, hoje é vetor de preocupação e, para alguns, de desespero, enquanto há aqueles que desdizem o que diziam ainda há pouco, que era o oposto do que disseram antes. Qualquer semelhança com a arte de Raul Seixas é mera mera, como dizia um professor meu, não me lembro mais se no primeiro ou segundo grau.
Indo aos fatos, vou seguir o efeito manada e trabalhar em cima da fotografia posta pelos companheiros da mídia e da arquibancada. O recorte é do jogo contra o Cruzeiro para cá. Ótimo! Se eu fosse o cara do planejamento, o recorte atual seria exatamente desse jogo ao Fla-Flu do dia primeiro.
Na minha ideia de planejamento, quatro jogos pelo Brasileiro até o Corinthians, meta de 9 pontos. Fizemos seis (contra Cruzeiro e Cuiabá) e temos mais três em disputa. Ou seja, a meta é alcançável. Copa do Brasil, meta é a classificação, independente de resultado. Estamos vivos contra os Dissidentes, afinal o jogo de 180 minutos segue empatado em 0 a 0.
O corpo estranho nesse recorte é o jogo de quinta-feira, um jogo bêbado lá no alto do morro contra o The Strongest. Aí é uma questão de onde vai a ambição de cada um. Uma vitória lá nas alturas encaminha bem a possibilidade de fazermos a melhor campanha da fase de grupos. Um empate praticamente garante, matematicamente, nossa classificação para as oitavas e uma derrota passa longe de ser um desastre, porque o Fluminense construiu uma vantagem que torna muito improvável a perda da vaga nas oitavas da competição.
Mas isso é a análise dos resultados, que é precária na arte de fazer o papel de bússola. Muitos se converteram à crença de que o Fluminense tem elenco para caminhar com chances de ganhar tudo até o final da temporada. Foi o Fluminense que convenceu a todos disso. Perdeu Manoel e Martinelli, dois titulares importantes, e manteve o nível de exibições. Chegou a ficar sem Samuel Xavier em alguns jogos e Guga conseguiu suprir sua ausência com alguma qualidade. Marcelo ficava de fora, ia Alexander para a lateral e Lima cumpria bem sua função. JK e Lelê nutriam a narrativa, sobretudo a partir da vitória em Minas contra o Coelho.
O problema, amigas, amigos, é que é possível manter o desempenho com uma ou duas perdas de peso, mas não é o que acontece com o Fluminense. Ainda nem retornara Martinelli, perdemos Alexander e já perdêramos Keno. Marcelo se tornava mais uma estrela no time de craques, mas sua presença em campo é, quase sempre, uma incógnita. Contra o Botafogo, nosso lado esquerdo, onde grande parte das jogadas ofensivas eram construídas, deixou de existir. Nem Marcelo, nem Alexsander, nem Keno.
No jogo contra o Botafogo nós não tínhamos à disposição quatro dos 15 titulares, aqueles em quem podemos confiar que poderão manter o nível de exibições entre o bom e o maravilhoso: Marcelo, Alexsander, Keno e Martinelli. Ah, sim, o Martinelli estava no banco. Até entrou no final do segundo tempo. Sim, mas isso não é exatamente o que eu chamo de estar à disposição. Quem sabe nas próximas partidas, até porque Martinelli é o grande reforço que o Fluminense tem para mudar esse roteiro incômodo de atuações abaixo do currículo.
Senão vejamos, basta lembrar do Fluminense que goleou o Volta Redonda na semifinal do Flamengão 2023. Atuaram, na ocasião: Fábio (Pedro Rangel); Samuel Xavier, David Braz (Felipe Melo), Nino e Alexsander (Guga); André, Martinelli (Lima), Jhon Arias e PH Ganso (Gabriel Pirani); Keno e Cano. Somente dois jogadores disponíveis para aquela partida estão fora de combate: Alexsander e Keno. O que devemos achar de Marcelo e JK em seus lugares? Teremos uma queda de desempenho? Não creio e ainda vejo o setor esquerdo razoavelmente reconstruído.
Aliás, essa ponderação vem a calhar, porque o Fluminense, diante do Botafogo, teve uma incrível dificuldade de criar oportunidades de gol. No primeiro tempo, pelo menos, enquanto estava organizado, o Fluminense cansou de colocar a marcação pressão do Botafogo no bolso e achar jogadores no entrelinhas deles, mas, por incrível que pareça, havia uma dificuldade gigantesca de se saber o que fazer com a bola, com a defesa dos caras toda aberta.
Então, fica a dica para Diniz. Até o Fla-Flu dá para reunir e preparar esse time, que pode devolver a luz aos nossos espetáculos e a vitória às nossas jornadas, mas é bom ficar de olho nesse elenco. Jogadores como Lima e Pirani são boas engrenagens para um elenco, não para serem titulares. E parece claro que precisamos de um lateral-esquerdo reserva de qualidade. Além disso, sem Vitor Mendes, é bom colocar as barbas de molho com essa zaga e mais não digo.
Saudações Tricolores!