O Fluminense ainda pulsa (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, a doce vitória contra os anões com o golaço de bico de nosso Digão e com a defesa do pênalti pelo nosso reserva guerreiro Rodolfo foi exatamente o que eu queria e esperava. O caldo ia começar a entornar se essa vitória não viesse, já que os times de trás começaram a se aproximar perigosamente (tem três empatados com 24 pontos na zona de rebaixamento!) e não teremos uma sequência fácil. Com dois jogos fora, ainda que contra adversários de qualidade duvidosa – pra não dizer ruim mesmo -, mas que são fortes em seus domínios, o Flu terá que suar um litro certo para conseguir três pontos em uma dessas duas partidas. Que seja logo no compromisso deste domingo contra o Atlético-PR, posto que na Arena da Baixada levamos uma sorte tremenda contra eles. Costumam ser nossos fregueses contumazes dentro e fora de casa, e queiramos que a escrita se mantenha.

O rubro-negro paranaense tem um retrospecto de três derrotas consecutivas nas últimas cinco partidas e, a exemplo do que vai acontecer com o Fluminense, terá um compromisso no meio de semana pela Copa Sul-Americana fora de casa: enfrentará o Caracas. É claro que, com a zona da degola tão próxima, os dois times estão preocupados com o resultado positivo, mas com certeza devem estar ansiosos pelo jogo pela competição internacional. O fato é que as possibilidades de G7 começam a minguar, e G8 é ainda mais difícil. Se estamos a dois pontos do Cruzeiro, sétimo colocado, isso não vai adiantar muita coisa se Palmeiras ou a mulambada não vencerem a Copa do Brasil, ou se Grêmio ou Palmeiras não vencerem a Libertadores. Na competição nacional, os cariocas não passaram de um empate em casa pelo jogo da ida contra o… Corinthians, enquanto os paulistas perderam o primeiro jogo em casa para o… Cruzeiro – exatamente os que estão não nos servem, em sétimo e em décimo lugares.

Mirar a Libertadores pelo Brasileirão está tão difícil que, pra termos G8, as duas situações citadas acima precisarão convergir. E na Libertadores, tem River ou Independiente e Boca no caminho dos times brasileiros. Vai ser duro. Logo, é mais seguro apostar na Sula e chegar à Liberta pelo próprio esforço. E nessa quinta-feira faremos o jogo mais importante do semestre até então. Conseguir um bom resultado na altitude de Quito pode dar a confiança que esse time precisa para superar o momento tão difícil pelo qual estamos passando. Salários atrasados, a indefinição sobre a cirurgia ou não do Pedro, diretoria revezando em quem vai dar calote (primeiro na empresa de plano de saúde, agora na empresa de entrega de refeições), enfim, a falta de grana que nos assombra e nos faz temer pelos dias futuros, isso tudo pode ser atenuado se seguirmos passando de fase na competição sul-americana. A grana é boa e não podemos prescindir dela.

Mesmo com todos esses problemas, mesmo afogados em dívidas, correndo risco de ter novos processos trabalhistas por atrasar pagamento de parcelas de acordos com jogadores e técnicos, o Fluminense ainda pulsa. Não sabemos por quanto tempo, principalmente se a torcida não pulsar junto, mas o coração tricolor e dos tricolores ainda bate por ele. O viço ainda se distingue dentro das quatro linhas, com jogadores que honram nossas cores e não fazem corpo mole. O que falta em técnica, sobra em disposição. Léo, execrado, está jogando um bolão e pode deixar o Gilberto no banco. O veterano e ídolo Gum e nosso querido Digão vão dando conta do recado. Na esquerda, Ayrton Lucas vem errando, mas não se omite. Júlio César fazia suas defesas até se machucar, e Rodolfo já entrou pegando pênalti. Richard e Dodi hoje dão mais segurança ao meio, e se Jadson ainda destoa, Luciano vem pegando confiança, podendo até barrar Sornoza. E se Kayke não acerta uma, Everaldo se voluntaria.

O time de guerreiros versão 2018 guerreia pela sobrevivência dentro e fora de campo, essa é a realidade. Temos que resistir a este ano amaldiçoado em que até nosso atacante de Seleção Brasileira da base se machuca e não retorna, em que vendemos o almoço para comprar a janta, adiantando cotas de TV e obtendo empréstimos para pagar os vencimentos. Não importa o esforço que façam para nos extinguir, o Fluminense tem a vocação para a eternidade e vai prevalecer sobre as intempéries, reerguendo-se como uma fênix das cinzas de nossas amarguras quando ninguém mais esperar. A Copa Sul-Americana é o nosso canto do rouxinol, é nossa Pasárgada, é o braço amigo e forte que se estende para nos puxar para cima enquanto estamos pendurados na beira do abismo. Temos que jogá-la como se não houvesse amanhã, pelejar com cem vezes mais intensidade do que fizemos naquela fatídica Libertadores há dez anos e, principalmente, temos que vencer. Vamos para Quito e vamos vencer.

Curtas

– Perguntar não ofende… será mesmo que não tivemos nenhum pênalti que pudesse ser marcado a nosso favor em 24 jogos? Nem unzinho? Tenho pelo menos umas cinco jogadas em mente em que o juiz ignorou solenemente a penalidade. Hora de agirmos, diretoria!

– Palpites para os jogos: Atlético-PR 1 x 2 Fluminense; Deportivo Cuenca 0 x 1 Fluminense.

– Richarlison já disse a que veio no amistoso contra El Salvador. Pena que o Flu não pôde mantê-lo, mas me dá orgulho ver sua projeção e evolução. Ele merece!

– E o Maracanã? Vai ou não vai continuar sendo a nossa casa?

– Gum completa 400 jogos pelo Fluminense hoje contra o Atlético-PR. Feito de poucos. Honra nossa camisa, já teve coluna minha a seu respeito exaltando seus feitos e, se não é um primor técnico, encarna como poucos o espírito tricolor. Parabéns, capitão!

Panorama Tricolor

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