Prós e contras da decisão de atuar com os reservas (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o Fla-Flu de ontem é um daqueles jogos que exigem esforço intelectual dos analistas. O resultado, em si, foi importante? Claro que sim. Houvesse vencido a partida, o Fluminense estaria agora garantido nas fases decisivas do Flamengão 2019, como primeiro colocado na classificação geral. Eu acho que só esse fator já valeria como justificativa para mandarmos força máxima a campo.

Diz o Diniz que o momento certo era esse, que a fisiologia assim determinou. Sim, claro, mas poderíamos ter poupado os titulares antes, até em mais de uma partida, o que daria no mesmo. Eu imagino, ainda, que ninguém no Fluminense esperava que o Vasco fosse ser derrotado pelo Bangu no sábado. Era o único resultado que colocaria o Fluminense na situação de ter que vencer o Flamengo para garantir vaga nas fases decisivas do Flamengão.

Quando entramos em campo ontem, com o time reserva, talvez ninguém imaginasse a possibilidade do Volta Redonda ser goleado pelo Boavista, colocando o Vasco de volta nas semifinais da Taça Rio para enfrentar novamente o Bangu.

Levando tudo isso em consideração, Diniz tinha, sim, bons motivos para ir com o time reserva a campo. Há, no entanto, uma razão que eu não vi ninguém comentar.  Assim como poderíamos ter perdido mesmo atuando com os titulares, tê-los poupado nos garante uma vantagem para quarta-feira. Teremos um time mais descansado e melhor treinado. Afinal, os nossos reservas deram uma trabalheira danada aos titulares deles.

Tem outro ponto que deve ser ressaltado. Além de terem feito uma viagem ao Chile no meio da semana para um jogo com alta exigência física, os titulares tiveram uma atuação questionável contra o Antofagasta em vários aspectos. Tivemos a menor posse de bola e o maior número de passes errados da temporada. Essas coisas não acontecem por acaso. É aquela  velha história. Joga domingo, joga quarta, joga domingo, quando sobra tempo para treinar?

Poupando os atletas do Fla-Flu, Diniz ganhou pelo menos dois dias a mais de treino. É preciso reforçar os fundamentos táticos e conceituais para que continuemos praticando esse futebol que tanto vem encantando as pessoas.

Os reservas do Fluminense nitidamente sentiram a pressão no começo da partida. O desentrosamento e o nervosismo comprometeram a atuação e levamos um sufoco tremendo do Flamengo no primeiro tempo. Só criamos uma oportunidade de gol, enquanto eles se fartaram nelas.  Igor Julião, que foi uma das agradáveis surpresas da tarde quando atuava ofensivamente, se fartou de levar bola nas costas, assim como Marlon, que, ao contrário de Julião, não foi bem ofensiva nem defensivamente.

Falando em boas surpresas, muito boa a atuação de Calazans. Além de ter criado a jogada do primeiro gol do Fluminense, quase somou a segunda assistência, ainda no primeiro tempo, no lance em que Caio Henrique mandou no travessão. Aliás, eu levei anos tentando entender qual era a função do Caio Henrique em campo. Não que estivesse atuando mal. Meu problema era saber aonde. Talvez, em razão disso, o Fluminense tenha estendido um tapete vermelho para os meias do Flamengo criarem, deixando nossos laterais correndo atrás do próprio rabo.

Se Calazans foi muito bem, mostrando que não deve ser envolvido em transação nenhuma, Matheus Gonçalves fez a pior de suas exibições. Parece que Diniz viu a mesma partida que eu e resolveu dois problemas com uma única substituição. Trocou Gonçalves por Dodi, preenchendo o meio de campo e tirando uma peça nula do jogo. Depois do terceiro gol do Flamengo, tirou Allan e colocou João Pedro, que marcaria o segundo gol tricolor, provocando calafrios na maioria rubro-negra no estádio.

Já com a primeira substituição, o time melhorou, mas o Flamengo, logo no início da segunda etapa, encaixou um grande contragolpe. Foi o único gol, na minha opinião, em que nosso sistema defensivo não falhou. Allan, em tarde nada iluminada, deu o passe para Bruno Henrique no terceiro gol.

Tudo indicava que amargaríamos uma terrível goleada. Não porque estivéssemos jogando mal. Já tínhamos, inclusive, mais posse de bola que o adversário. A preocupação era o time se desarrumar tática e emocionalmente. O Flamengo parecia disposto a devorar até o nosso cadáver, mas esse, talvez, tenha sido o grande erro rubro-negro. Subestimaram a presa, continuaram atuando como se o jogo estivesse 0 a 0. Quando perceberam a arapuca, o Fluminense já tinha feito dois e já os imprensava em seu campo. Aí foi um ai Jesus.

Vi algo que me deixou bastante animado. Daniel voltou a atuar com personalidade, assumindo para si o papel de organizar o time, algo para que Ganso não parecia muito disposto. Arriscou dribles verticais, buscou a bola o tempo todo e não se omitiu. Se a reclamação era de que se escondia em clássicos, isso já não procede mais. Uma grande e maravilhosa dor de cabeça para Diniz.

Eu acho que nem é preciso dizer que lugar de tricolor quarta-feira é na arquibancada do Maracanã, preciso? Vá lá que ontem era time reserva, que o pessoal achava que o jogo não valia nada, etc. Quarta-feira é o primeiro de quatro jogos que nos levarão ao título do Flamengão 2019. Se a juizada deixar, claro.

Saudações Tricolores!

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