O “projeto” do Fluminense (por Leonardo Maia)

Salve, amiga, amigo tricolor,

Só para começar, lembro que o Flu paga mais a Ganso e Fred do que o Santos a Marinho e Soteldo. Isso já diz tudo quanto ao nosso atual ‘projeto’, não?

Ou seja, não há nenhuma imposição para se trazer nomes que sequer jogam. Como sempre, são escolhas. E o nosso ‘projeto’, se é que existe mesmo um, tem então clara inspiração naquela frase cínica de Nelson Rodrigues: “Envelheçam.”

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Aliás, depois da renovação do contrato, o Vô tá on ou off?

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Mais um ano tricolor que acaba antes da hora. Ou, na verdade, bem antes, se tomarmos a eliminação precoce na Sul-Americana como um parâmetro do que viria. Para quem quis se enganar, as finais do Carioca pareceram mostrar um renascimento do time. Mas, a rigor, tivemos um empate e duas derrotas em três jogos contra o Flamengo.

Desde as eleições, tenho me posicionado sobre o ‘risco Mário’. Seja o de não concluir o mandato (dado o seu histórico anterior no futebol, que é o que precisa ser levantado, de fato, no clube), seja sobre a possibilidade de ele passar para a História como um de nossos piores presidentes.

Como muita coisa já foi repisada desde anteontem nas redes sociais e na Flupress, apenas reforço um outro tema que venho batendo há algum tempo: a atual gestão tem prazo de validade próximo. Para o bem ou para o mal, dura até outubro.

A depender das contratações que forem feitas – ou não forem feitas – a reta final do Brasileiro, possivelmente já com a torcida de volta aos estádios, será de intensa cobrança. E, se a diretoria não conseguiu gerar estabilidade na paz dos estádios vazios, como poderá fazê-lo sob as vaias e gritos de guerra da torcida?

Em resumo, ou Mário monta time, ou está fora. Já brincou o suficiente na presidência, deslumbrado com os nomes reluzentes de jogadores que hoje já não assustam ninguém. Mas a brincadeira pessoal acabou na quinta. Então, ou cede, ouve a torcida, e rearruma a casa, ou dá passagem a outras forças que possam fazê-lo. Os dias de empáfia, auto-promoção e auto-suficiência terminaram. A janela de outubro será o divisor de águas.

Há quem diga que não adianta ele sair, pois virá mais do mesmo.

Errado. Não será assim.

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Até a quinta, a semana tricolor vinha sendo dominada pelas informações do mercado. Quem chega, quem sai… O centro da discussão, claro, é o Marcos Paulo. Vejo-o como excelente jogador. Por isso mesmo, é ou era uma saída esperada. É o modus operandi dos últimos tempos. O normal tem sido vender, e vender mal. Aliás, para variar, na hora da venda, descobrimos que o clube não tem na verdade a totalidade dos direitos econômicos, como se divulgara. As ‘surpresas’ negativas se sucedem nas Laranjeiras.

Se o MP sair ‘bem’, ao menos pelos dez milhões de euros que estão pedindo, isso poderá projetar o Flu para o tal ‘outro patamar’ de contratações; se sair mal, porém, estaremos condenados a mais um fim de ano de ‘apostas’. Lucca e Leo Jabá, alias, são até bons jogadores, mas não podem jamais ser o ataque titular de um Flu forte.

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É, então, pela saída de mais um jovem bom jogador que mediremos as aspirações e perfis para as contratações de outubro.

Caso a venda se confirme, a perspectiva de remontar time e elenco é sonho e não é…

Dez mi de euros dá cerca de 65 milhões de reais. Teríamos aí uma das duas maiores vendas recentes do clube.

Somados aos valores já recebidos por Gilberto, Evanílson, proximamente pelo Marlon, talvez o Dodi e outros menos votados (inclusive um ex sub 20 que teve sondagens), passamos até com certa folga dos 100 milhões de reais.

E há, além disso, os trinta milhões a serem pagos como indenização pela Globo. Descontada uma parcela para equacionamento de dívidas e outra para a regularização da folha, teríamos entre 35, 40 milhões para investir no elenco.

Com dinheiro em caixa, já não há como justificar a chegada de jogadores apenas medianos. Ou simplesmente apostas. Como foram, por exemplo, os jogadores peruanos ou equatorianos recentes.

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A contratação do Leo Jabá, caso se confirme, não surpreende.

Desde os tempos em que eu escrevia n’O Tricolor, já apontei para esse perfil preferido do nosso scout: jogadores com passagem por seleções brasileiras na base, preferencialmente com torneio disputado, e ora encostados, ou pouco aproveitados, nos seus atuais clubes. A lista é longa, não vou reproduzi-la de novo. No time atual, é o caso, por exemplo, de Muriel e Luccas Claro.

Para quem quer antecipar tendências nas contratações tricolores, é só seguir essa pista infalível. É a solução de segurança dos caras. Cá para nós, não deixa de ser um dinheiro que vem fácil para eles, pois qualquer um pode fazer esse levantamento; mas ainda assim, essas contratações foram das melhores dos últimos anos, então mérito para o pessoal do setor.

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Essa contratação do Jabá também confirma informação que dei na coluna passada, de que a investida mais forte virá para renovar o ataque. Sem dúvida, é necessária a reposição das peças que estão saindo. Mas, não se trata apenas disso. A aposta é, também, de alterar o perfil do ataque, ou de dar essa opção ao Odair, se é que ele vai ficar.

Devem chegar, então, pelo menos mais dois atacantes, além do Leo já quase certo, para garantir uma alternativa mais posicional, e outra não-posicional.

A chegada eminente do Leo Jabá (não se perca pelo nome…) já inicia esse processo. É atacante de lado, com mais força e intensidade.

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Fora isso, temos mais uma vez essa triste situação que se repete a cada ano. De novo, em mais uma temporada, perdemos todo o nosso ataque.

Richarlison e Henrique Dourado; depois, Luciano, Everaldo e Pedro…

Francamente, um perfil de time pequeno. Ou que caminha a passos largos para a sua pequenez. O jogo contra o Atlético foi só mais um a refletir essa sangria de bons jogadores. Dois chutes a gol em noventa minutos.

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Quem lê o PANORAMA sabe antes: Zé Eduardo, do Cruzeiro, ora emprestado ao América-RN, foi ventilado essa semana. Apontei aqui duas vezes, no final do Campeonato Mineiro, e quando da saída do Evanílson, como um nome que merecia atenção. Não está ainda confirmado se virá, mas acho EXCELENTE aposta.

Aproveito para falar então de um segundo nome que vem despontando esse ano.
Gustavo Coutinho, centroavante da Cabofriense, emprestado pelo Fortaleza. Vinte e um anos. Olho nele.

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Aliás, saiu essa semana uma matéria muito interessante no GE sobre jogadores que passaram recentemente pela série D, e que hoje estão brilhando na série A. A série D terá a sua segunda rodada essa semana, para quem tem tempo vale conferir uns joguinhos.

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‘Craque’ do time: 39 anos. Falamos do Jacuipense, do Arapiraca? Do Brusque? Alguém vai lembrar do D’Alessandro. Mas esse é reserva há tempos no Inter.

Culpa do Odair?

Ele escala e substitui muito mal, e não usa adequadamente a base, não resta dúvidas. Mas é só mais um. Lembram do Diniz? Era diferente?

Odair está atrasado, bastante atrasado no lançamento de Samuel e John Kennedy. Já sabíamos desde o fim do ano passado que o Evanílson só renovara para sair, e assim que fosse possível. É inconcebível, então, que já não se pensasse nas alternativas mais próximas. Principalmente as da base. E os dois nem jogaram no Estadual.

Mas, no fundo, o problema a ser enfrentado é de um elenco muito desigual e mal montado. Pelo que vemos, isso pode acabar derrubando o atual treinador. Mas o problema fica para qualquer outro que chegar, se nada mudar.

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Dorival Junior? Tiago Nunes? Há quem já defenda em Laranjeiras.

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Flu e Coritiba? Passo.

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E o Fred?

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Saudações tricolores.

Panorama Tricolor

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