Pilares do Flu (por Paulo-Roberto Andel)

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Futebol é um estalar de dedos. Outro dia, alguns queriam o Fluminense pré-campeão. Veio o mau momento e a megalomania trocou de lado: lutamos para não cair. A boa vitória sobre o Figueirense recolocou o Fluminense no cobiçado G4. Mas é importante entender as oscilações: a turma de cima está mais ou menos embolada.

Claro que o Fluminense é mais time do que o Figueirense. Visível ontem pela partida ostensiva, mesmo sem brilho nas conclusões, ao menos no primeiro tempo.

Os detalhes: embora longe de atuação primorosa, Ronaldinho deu bons passes e causou preocupação à defesa adversária, até sair levemente machucado. Fred marcou como sempre, lutou bastante e sentiu cãibras. A barra foi a nova perda do Oswaldo, que espero ser breve.

Três pontos essenciais: Marlon, Cícero e Scarpa.

O jovem zagueiro, jogadoraço, deu bobeira e cometeu um pênalti que dificilmente será repetido. Mostrou a personalidade que parece ter faltado a Gerson: admitiu o erro com extrema humildade no intervalo e voltou com atuação segura. Marlon tem recursos mas não inventa: joga o simples bem-feito. Com um trabalho apurado, poderá ir longe.

Cícero foi uma aposta há oito anos atrás, com adaptação demorada. Depois se tornou um dos destaques da brilhantes Libertadores de 2008 e saiu. Prometeu voltar. Tentou. Gente no Flu vetou. Ano passado conseguiu, fez grandes jogos, gols e, de repente, descartado. Agora está de volta. Fez um gol, quase fez outro, combateu, correu. Pode ser centroavante, meia, o diabo a quatro. Ainda tem idade, pulmão e coração para fazer muito. Criador de casos? Não seria o único. Jogou para a equipe.

Lá estava o Scarpa marcando na esquerda, dando carrinho, brigando, correndo pela meia e ajudando mesmo fora de posição. Outro garoto cheio de humildade nas declarações. Os mais velhos sabem o quanto o Fluminense deve vitórias, lutas e títulos a um sujeito chamado Rubens Galaxe, pentacampeão carioca. Só não foi centroavante e goleiro; jogou nas nove. O Scarpa parece um jovem Galaxe em campo, no que sou muito grato.

Virar o turno no pelotão de cima foi uma grande realização para quem vinha de um discurso de escassez, pouca grana e campanha digna há três meses. As coisas mudaram por mais de um motivo, a torcida agradece.

Aí estão as duas frentes: Copa do Brasil e Brasileiro. Sem megalomanias, acho que dá para conseguir algum sucesso. Fundamental é não se inebriar com fanfarronice. Um dia a cada dia. Equilíbrio é fundamental, típico de 113 anos.

Nota 1: pensei que só no Fluminense os escritores incomodassem. Ledo engano: taí o Paulo Ricardo Paúl que não me deixa mentir. A honestidade vai vencer de toda forma. Nenhum autoritarismo nos cala. Estamos juntos.

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Nota 2: quando você pensa nos filhadaputas que se aproveitam do Fluminense por aí, inclusive cometendo crimes contra trabalhadores, há uma cachoeira de água limpa chamada Heitor D’Alincourt. Você conversa com ele por dez minutos e se revigora por mais dez anos. Gente do bem, a quem sou um elefante eternamente grato. Numa hora qualquer, o Antonio entrou na sala, os dois conversavam e no coração do clube lá estava a velha Fôrça Flu de 35 anos atrás – a mesma que ajudou aos garotos daquele tempo a se apaixonarem pelo Flu e navegarem até aqui.

Nota 3: parabéns a Lucio Bairral e Rodrigo Barros, que fizeram um livraço. Trezentas páginas de mergulho num século. Biscoito fino para poucos. O PANORAMA ruge.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: exulla