Parabéns, presidente Horta. Feliz aniversário.

 

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Outro dia mesmo, o Fluminense ainda tinha algum apreço pelos escritores que, de forma voluntária e sacrificando suas escassas horas de folga, investem o tempo na construção de um acervo para a memória e posteridade do clube, sem esperar qualquer tipo de apoio.

O que eu tinha a dizer sobre o presidente Horta, ele mesmo já leu em no livro “O engenheiro e a esfinge”, de João Garcez, que tive a honra de prefaciar.

Eis alguns pequenos trechos:

“Com o Doutor Horta, o Fluminense não ganhou todos os títulos do mundo e nem precisava. Seu grande feito talvez esteja nisso: tornar-se um time monumental e inesquecível sem ter os melhores números de todos os tempos. Misturar o sonho e a realidade, fazer do delírio o repouso cotidiano, não se conformar apenas com resultados, mas captar beleza, poesia, essência, arte. Naqueles dois anos, Laranjeiras foi Montmartre noite e dia.”

“Quando tive noção de quem se tratava o Dr. Horta, ele já era um colosso do Fluminense, integrante de um Olimpo onde estão Castilho, Preguinho, Assis, Tim e muitos outros nomes. Ele, vivíssimo e sorridente como sempre. O Presidente Eterno. O homem que apontou o dedo em riste para o impossível e montou um dos maiores times da nossa história.”

“Um escudo do Fluminense em carne, osso, paixão, fraternidade, elegância e vitória, que chega aos oitenta anos com a bênção da imortalidade desde muito.”

“Na verdade, o sonho da Máquina não acabou. Ele permanece a cada jogo nosso, onde as arquibancadas suspiram não apenas pelas conquistas que certamente estão a caminho, mas principalmente pela afirmação dos nossos valores tricolores: união, amor, alegria, conquista, serenidade. Não nos basta ganhar: o que procuramos é o melhor de nós mesmo nos insucessos.
Quem sabe dizer daqueles garotos arremessados para cima nos jogos de quarenta anos atrás a cada goleada? Todos seguiram o Fluminense para sempre, trouxeram seus filhos, netos, genros, amigos. Espalharam amor e crença diante de um sonho de dois anos. Eu era um deles e aqui estou para dizer de toda a minha gratidão pelo sonho que o Presidente Horta tornou realidade: o de ser um campeão do mundo ganhando o coração do Rio. Os ignorantes riem dos sonhos e é compreensível: não são para todos, apenas para os especiais.”

“No Brasil, ainda hoje, é possível e, às vezes, até fácil se tornar um craque dos gramados. Duro mesmo é sê-lo na condição de presidente de clube de futebol.”

Não se iludam: vivo, ativo e na ponta dos cascos, Francisco Horta é um só. Comandando o Fluminense, ele foi um Miles Davis, um Picasso, um Jack Kerouac. Fez do Flu o time mais famoso de sua época. Quarenta anos depois, tudo isso está vivo demais.

Ao maior de todos, a minha eterna gratidão. Se me tornei um torcedor apaixonado do Fluminense, devo isso aos anos incríveis onde os garotos era jogados para cima nas arquibancadas do Maracanã: “A Máquina chegou! A Máquina chegou!”

Francisco Horta tem pouco mais de um metro e meio de altura, mas diante dele todo mundo pensa que o grande presidente tem quatro ou cinco vezes mais. Gigante de alma, paixão e grandeza. Um homem de sete metros, aí sim da altura de sua importância, talento, carisma e DIGNIDADE.

Paulo-Roberto Andel

Imagem: JMG