Para sempre Veludo (por Leandro Capela)

Nesta semana, mais precisamente em 07 de agosto, um grande goleiro que passou pelas balizas tricolores completaria 87 anos. Estivador na juventude, Caetano da Silva Nascimento desembarcou em 1949 na terra firme de Laranjeiras. Com o apelido de Veludo, passou a usar as mãos para um encargo grandioso: defender as traves do clube que, meses depois, seria laureado com o título de “organização esportiva mais perfeita do mundo”, segundo Jules Rimet.

Quando chegou ao clube, aos 18 anos, seu colega de posição era ninguém menos que o colossal Castilho. Daí se via o tamanho do desafio para o garoto. Todavia, bem servido de talentos desse quilate, não tardou para virem as glórias. Fluminense campeão carioca de 1951, com 16 vitórias em 22 jogos. Avoluma-se a magnitude do triunfo, pois dele proveio a aptidão a disputar, no ano seguinte, a Copa Rio, que nos tornou campeões mundiais no futebol.

Na esteira do pioneirismo recorrente na história tricolor, Veludo protagonizou um feito que dificilmente se repetirá. Pela primeira e única vez na história, um clube cedeu seus goleiros titular e reserva para servir a seleção brasileira numa Copa do Mundo. A missão na Suíça era árdua: devolver o orgulho do país no futebol após o traumático revés em casa, quatro anos antes. Quis o destino que os húngaros, mesmo sem Puskás, passassem nas quartas-de-final. Numa partida que contou com expulsões de Nilton Santos e Humberto, foi selada em Berna a volta do escrete canarinho para casa.

Com o fim da Copa, Veludo rumou para o Uruguai para defender um clube de três cores, o Nacional, por um ano e meio. Retornou ao Fluminense em 1956 e jogou sua última temporada por aqui, completando 125 jogos, 69 vitórias e oito pênaltis defendidos. Sua última partida foi uma goleada tricolor por 5 a 1, em um amistoso contra os capixabas do Industrial Esporte Clube, de Linhares, na casa do adversário.

Após o fim de sua segunda passagem por Laranjeiras, a exemplo do que fazia no fim da adolescência, subiu numa embarcação. Desta vez, para cruzar a Baía de Guanabara, rumo ao Canto do Rio, de Niterói. Em seguida, aportou em Santos, passou por Atlético Mineiro e Madureira, até encerrar sua carreira no modesto Renascença, de Belo Horizonte, em 1963, aos 33 anos.

Veludo partiu cedo, com apenas 49 anos, e deixou uma rica história com a camisa tricolor, num tempo em que as bolas eram como chumbo e goleiros não usavam luvas. Todo respeito a esse arqueiro que honrou nossas cores. Salve!

Panorama Tricolor

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Imagem: ffc/terceiro tempo