Papai, que time é esse? (por José Augusto Catalano)

Flu e Grêmio. Prum não-entendedor, era este o jogo que se via na tv quinta-feira passada. Era a conclusão lógica a tomar, ao ver um time vestido da cabeça aos pés num azul claro. Cruzeiro desbotado? São Caetano? Santo André? (Ah, Santo André de tantas e eternas alegrias…) Não. O Santos. Santos azul. Vasco azul. Palmeiras azul. Palmeiras marca-texto. Corinthians roxo. Flu laranja.

Esta moda foi importada da Europa. Lá, times como o Barcelona atuam com as cores mais estapafúrdias. Amarelo limão, rosa bebê, verde limão, preto… Mas eu acho que os efeitos disso lá não são tão maléficos quanto aqui.

O garotinho que nasce na Europa tem razões históricas pra torcer pelo time da sua cidade. Raramente isso mudará. Há rivalidades históricas, figadais entre países, regiões, cidades vizinhas ou mesmo dentro da cidade, como os dois Manchester, Milan e Inter, Arsenal, Chelsea e Tottenham.

No Rio, quatro opções principais – uma única estimulada pela imprensa – disputam os seus novos torcedores desde antes do nascimento. E sofrem concorrência cada vez maior desses times estrangeiros, principalmente por razões de violência nas ruas. Minha mãe até hoje resmunga quando me vê de camisa na rua. Com isso, a molecada de Milan, Real Madrid e afins pulula nas ruas. E as tradições caem por terra. Vasco sempre foi a faixa e a cruz de malta no peito. Flu branco ou tricolor. Botafogo o listrado e a estrela e o outro aquelas faixas horizontais. Mais largas, mais curtas… mas sempre do mesmo jeito.

Já li teorias a respeito, mas jamais me satisfizeram… Quando pirralho, as camisas de treino do Vasco eram lindas. Sempre tinha um cinza, uma cor distinta, mas eram camisas do Vasco. Agora são coisas horríveis, de cores completamente disconexas do clube. A quem isso interessa? Essas camisas eram disputadas a tapa. Eram lindas. Hoje, se não se vir o escudo da camisa, não se sabe a que clube pertence.

Reforço: acho que essa descaracterização a que os clubes se submetem por sua própria vontade é péssima para os pequenos torcedores. O raciocínio é o mesmo para com qualquer produto. Por que um produto qualquer tem marca e embalagem características? Para fixar na mente do comprador a marca. Os clubes parecem querer desprezar essa ideia…

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Assisti, pasmo, à entrada em campo da seleção brasileira contra a África do Sul.

Não fizeram a gentileza de permitir ao visitante usar a camisa numero 1. Ou seja, o Brasil foi obrigado a trocar a camisa pela azul. Não havia uma segunda tarja de capitão. A tarja era azul (o uniforme seria amarelo) e a tarja azul sobre o azul não rolava. Improvisaram com esparadrapo (!!!!). Além de ter uma segunda, seria mais inteligente que se usasse uma cor distinta dos uniformes (jogam com chuteira rosa, mas a faixa de capitão tem de ser das cores do uniforme?), ou uma faixa double-face. Por último, a camisa do nervosinho Marcelo estava rasgada de cima a baixo. Vergonha, dona Nike… Só estou assistindo por causa do Mito!

Abraços!

José Augusto Catalano

Panorama Tricolor/ FLuNews

@PanoramaTri

Contato: Vitor Franklin