Os movimentos da zaga tricolor (por Paulo-Roberto Andel)

Para passar o tempo enquanto o Fluminense não começa sua luta pelo bi da Libertadores (muito boicotado pela imprensa convencional, que mal dá notas a respeito), o assunto da pausa na temporada é… Thiago Silva, para variar.

Um dos melhores zagueiros do mundo no século XXI, consagrado, ainda em forma para jogar no decadente futebol brasileiro mas cada vez mais distante do padrão europeu, Thiago Silva é uma verdadeira obsessão para parte da torcida do Fluminense, que vê nele a redenção para todos os problemas. Nunca houve nada parecido no desejo em termos de repatriação de um jogador na história do clube, nem mesmo com feras como Ricardo Gomes e Edinho – que jogaram mais do que Thiago – ou em outras posições, como no caso de Rivellino.

Que Thiago Silva poderia ainda jogar em alto nível pelo Fluminense, não resta dúvida. A questão é saber por quanto tempo. Mas isso fica para quando sua vinda se concretizar.

Ao mesmo tempo, torcedores, jornalistas especializados e profissionais do esporte deixam claro que o Tricolor precisa de sangue novo no decorrer da temporada, isso se quiser realmente brigar pelos títulos no caminho. Há quem veja etarismo nessa sentença, mas a realidade é a lógica esportiva: assim como pode acontecer de um jogador veterano apresentar excelente rendimento físico e técnico, nenhum veterano tem garantia de que isso vá acontecer.

Times titulares com metade, ou mais da metade, dos jogadores com 35 anos ou mais são incomuns em qualquer galeria de grandes campeões. São a exceção e não a regra. O próprio treinador Diniz reconheceu isso em recente coletiva. Mesmo assim, o Fluminense ganhou a Libertadores. Contudo, é impossível não registrar a grande importância de gente jovem na conquista: André, Martinelli, John Kennedy e, numa faixa etária mais à frente, o incansável Jhon Arias. Sejamos claros: os garotos correram – e muito! – pelos veteranos.

Sobre a defesa, um dado importante: o Fluminense revelou dois de seus melhores zagueiros nos últimos tempos, Luan Freitas e Felipe Andrade. Uma dupla que, bem azeitada e com a paciência natural dos torcedores, talvez pudesse marcar época no clube. Felipe acaba de ter seu contrato renovado, foi o melhor jogador deste primeiro trimestre, mas curiosamente jamais foi escalado em sua posição. Já Luan Freitas mostrou ótimo futebol, mas acabou emprestado ao Paysandu pelo tempo exato do encerramento de seu contrato. Enquanto isso, o miolo de zaga tricolor vem jogando improvisado com os veteranos volantes Felipe Melo e Thiago Santos, situação sem precedentes na era profissional do clube.

Não seria interessante ter Thiago Silva por alguns meses passando experiência aos dois jovens para se tornarem a dupla de zaga titular do Fluminense?

Seria. Mas no momento nada indica que isso acontecerá.

Enquanto isso, Felipe Melo joga 45 minutos e é substituído, invariavelmente com André virando quarto zagueiro.

Vale uma grande reflexão, com mais lucidez e menos paixonite.