Os 38 atos: só para os fortes (por Crys Bruno)

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Cada jogo, uma decisão, um enredo, uma história. Em cada jogo, a definição de um destino. Viveremos a luta pelo título? Viveremos a luta pela Libertadores? Ou a mesmice do meio da tabela? Ou o pavor do rebaixamento?

Uma coisa é certa e sabemos desde a saída da ex-patrocinadora, em dezembro: será o Brasileirão mais dificil dos últimos quinze anos para o Fluminense. Não que a parceria tenha sido um exemplo de gestão. Longe disso. Sofremos em 2006, 2008, 2009 e em 2013 mesmo com os jogadores da Unimed.

Nesse ano, eu espero e aposto, pelo nosso time e nível dos adversários, num campeonato digno. O que isso significa? Estar na primeira página da tabela. Com trunfo para brigar no bololô, no G4, mesmo como azarão. Sim.

Para isso, mudanças de posicionamento são fundamentais para que mudemos a atitude. Imprimir maior intensidade de jogo, vencer a morosidade, nossa lentidão, é a questão principal a ser resolvida.

O Fluminense de Cristóvão e ainda o de Drubscky, é lento, previsível, espaçado. Isso se deve muito a dois defeitos: a ausência de um jogador veloz como opção na frente e esse posicionamento equivocado que o Drubscky repete do Cristóvão e que vimos na semifinal do Carioca 2015.

Os laterais saem, os dois volantes também, a zaga fica altamente exposta, parece time amador. Com a bola, o normal é que a zaga tenha a presença de um terceiro defensor que costuma ser um dos laterais – o que eu prefiro – ou o primeiro volante, para que na perda dela, tendo que se recompor, feche a linha de quatro mais rapidamente, tapando a buraqueira.

Espera-se que a contratação do Pierre sirva para esse fim. Caso isto se confirme, como Drubscky montará o meio-campo, setor mais importante num time, e é o que está me causando calafrios!

A considerar o jogo-treino contra o São Cristóvão, em Mangaratiba, a possibilidade da escalação com três volantes é real. Pierre, Jean e Rafinha (Edson não treinou) formaram o setor, com apenas Gerson de meia. No treino dessa terça, Vinícius ocupava o lugar dele.

Até compreenderia se Jean jogasse aberto pela direita, como José Mourinho faz com Ramires no Chelsea.  Mas Jean avançando como um meia, é retrocesso. Um meia tem que ter passe vertical, drible em linha reta. Isso Jean não tem.

Jean é um marcador que sabe apoiar como elemento surpresa, quando tem o corredor central para se infiltrar.  É ir e voltar. Não tem o deslocamento em “X” de um armador.  Não é armador, criador. Não é meia.

Qualquer adversário que marcar o corredor e anular o único meia nosso, seja Gerson, Vinícius, Wagner, travará o Fluminense com facilidade. Além disso, a mobilidade não virá e Wellington Silva, o lateral, continuará sendo a única  saída rápida para o ataque.

Precisávamos que o técnico tricolor realmente sentisse na alma o mestre Telê Santana, tal como mencionou na sua coletiva de chegada e, igualmente, entendesse que o Tricolor tradicionalmente, coloca a garotada para jogar. Nossa diretoria também precisa (re)ler nossa história.

Para um time grande como o Fluminense ter equilíbrio, não é preciso que os jogadores ofensivos marquem bem – até porque os jogadores defensivos não apoiam bem. Necessário é apenas recompor no espaço e pressionar. O bote fica, aí sim, para o marcador-marcador.

Por isso tudo, eu acredito que com Pierre, à frente da zaga, e Giovanni, proibido de passar do meio-campo, protegeremos nossa defesa, tapando os buracos que temos visto, podendo escalar Edson ou Jean com Gérson, Robert (ou Magno Alves) e Kenedy, em busca dessa dinâmica, mobilidade, leveza.

De dedos cruzados e, apesar de não ser católica, terço envolto à mão, torço fervorosamente para que Ricardo Drubscky não apequene mais o Fluminense do que Peter Siemsen, Mário Bittencourt, Fernando Simone, alguns jornalistas defensores da imagem de outros clubes ou cabos eleitoras da oposição e cada um que fala de orçamento limitado, “Nova realidade” e o escambau.

Conversa para boi dormir. E conversa irritante! Excetuando-se um Internacional, mais dois ou três, ninguém vive uma realidade melhor que a do Fluminense, mesmo sem a ex-patrocinadora. MAIS DO QUE ISSO: a diferença do Fluminense, no campo, para os favoritos da mídia, é muito pequena.

Ninguém, esse ano, tem um time de encher os olhos nem muito superior que o nosso. Como azarão, dá para brigar pelo G-4, sim!  Com esse elenco, veja o elenco e não os ditos reforços, com seriedade e garra, é para brigar pelo bolo, pela Libertadores sim.

Mas como time pequeno, com três volantes que não armam, um lateral sem velocidade, uma zaga lenta, vai parar em outra zona da tabela… Não escale Pierre, Jean e Edson juntos, Drubscky! Não abra mão de dois meias! Não desequilibre tanto o time. Não apequene o Fluminense assim.

Todos que brigam, todos os grandes, jogam com dois meias e dois atacantes. Não nos diminuemos. Senhores Peter Siemsen, Mário Bittencourt, Fernando Simone, Ricardo Drubscky e Fred, respeitem a grandeza desse clube. Jogar como azarão, é uma coisa. Jogar como time pequeno, é inaceitável.

FALANDO NISSO…

Torcedor do Fluminense que reside no Rio e Grande Rio, faço-te um apelo: vá ao Maraca!

Entendo nosso desânimo. Mas agora é hora de soerguer nossa força, pôr nosso clube nos ombros e ir à luta.

Uma média de 8 mil de público é constrangedora e, para um Brasileiro, poderá determinar uma derrocada. Precisamos voltar ao estádio. Mais do que nunca nos últimos quinze anos, o Fluminense depende demais de nós.

Nosso grito, nosso canto, nosso apoio, são nossas armas. Ao mesmo tempo, incentivar e cobrar dos jogadores, da comissão técnica e diretoria. Mostrar-se presentes!

Sábado, no ingrato horário das 21h, o primeiro ato de uma ópera que MOSTRARÁ ao Brasil, de novo, que o Fluminense transcende a lógica, a matemática, o senso comum.

Nossa razão é o surreal. Nossa resistência é montanhosa. Nosso baile é o balançar do verde, branco e grená.

Tremulai, galera do Fluzão!

Ao Maraca!

Vocês me representam!

Abraços fraternos,

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @CrysBrunoFlu

Imagem: Cleber Mendes/lancepress

voleio guis saint martin 27 04 2015