Oito a zero… (por Raul Sussekind)

8 a 0 (e contando…)

O Botafogo apontou o caminho no futebol brasileiro com uma SAF de verdade, profissionalizada, estruturada. Mérito maior: um departamento de scout sem paralelo num futebol onde prevalecem tratativas escusas, rebates e empresários amigos. No Botafogo, o que valeu foram critérios objetivos e transparentes: jogadores com porte físico, sem histórico de contusões, jovens e de boa técnica.

A capacidade analítica e de seleção, que sintetiza a competência do trabalho, colocou sem custos no clube 5 de 11 titulares recentes: Bastos, Barboza, Alex Telles, Marlon Freitas e o excelente Igor Jesus. Na hora de alocar recursos, o Botafogo foi cirúrgico e trouxe um dos maiores talentos revelados em Xerém, Luiz Henrique, e um jovem campeão do mundo com a Seleção Argentina, Almada. Por isso ganharam a Libertadores. Os dois últimos foram negociados e o Botafogo não encontrou ainda substitutos à altura. Ainda assim, foi buscar um bom jogador como Artur, além de Jair e Mastriani, entre outros.

Bem ao contrário, o Fluminense é o exemplo – ou anti-exemplo – em montagem de elenco. Vale lembrar o ano de 2024 com nomes como David Terans, Antônio Carlos, Jan Lucumí, Douglas Costa, Renato Augusto, Gabriel Pires e Felipe Alves. Agora, neste ano, trouxemos jogadores que já se provaram, em curto prazo, terem sido péssimas escolhas: Canobbio, Lezcano, Everaldo, Freytes e Paulo Baya, entre outros.

Tornou-se lugar comum entre nós, tricolores, afirmar que temos um orçamento modesto. É uma mentira repetida à exaustão. O Fluminense não gasta tão pouco. O que acontece no Fluminense é que se gasta muito mal. Canobbio foi reserva em parte da temporada do ano passado no rebaixado Athletico. Seus números são sofríveis para um atacante. Não faz gol nem dá assistência pra gol. Everaldo era reserva no Bahia. Vinha em péssima fase. Um jogador como Erick Pulga, destaque do Ceará na Série B, foi comprado por apenas 3 milhões de dólares pelo Bahia. Era evidente que se tratava de um jogador muito melhor tecnicamente do que Baya, Canobbio e Everaldo.

Trouxemos no ano passado Terans, Renato Augusto e Gabriel Pires, todos reservas em seus clubes. Adicione-se Douglas Costa, jogador que não havia dado certo em lugar algum mais. Alguma aquisição realmente funcionou em 2024 e 2025? Com boa vontade, Serna (jogador voluntarioso ainda que limitado) e Fuentes (ainda pouquíssimo testado). Ignácio foi uma boa contratação? Melhor teria sido Marllon, atualmente no Ceará, que vinha de duas boas temporadas no Cuiabá.

O meio de campo é a grande deficiência do Fluminense. Ganso prestou grandes serviços ao clube mas a relação agora só pode ser de gratidão e reverência. Desde o ano passado um dos melhores meias do Brasil é Matheuzinho, do Vitória. Ele segue no Vitória. Que scout é esse que não enxerga os melhores? Cano está chegando perto da despedida. Sem Kauã Elias teríamos caído no ano passado. Vem 2025 e Kauã Elias e JK são negociados de uma vez. Ficamos com dois veteranos. Que planejamento é esse? A resposta é: não há planejamento. Não há scout. Não há nada.

Um olhar isento explica com facilidade os 8 a 0 do Botafogo. O Fluminense precisa de uma SAF de verdade, livre de conflitos de qualquer natureza, incluídos os de ordem moral. E ela só funcionará se houver uma estrutura profissionalizada como a do Botafogo. É algo a ser copiado. Até lá, nada garante que não vivamos para testemunhar no ano em que se celebrarão os 120 anos de História do clássico, um assombroso 10 a 0. Os historiadores podem iniciar as pesquisas. Provavelmente nada parecido jamais ocorreu entre rivais no futebol brasileiro. Quiçá no futebol mundial.

5 Comments

  1. Excelente columa meu amigo Raul. Ver ratos da gestão vindo comentar somente confirma a qualidade.

  2. Essas bonecas frouxas que nem têm coragem de assinar os estrumes que escrevem…

  3. Você tem que colocar um sapato mais boca.. Só fala merda a muito tempo.. Precisa estudar e se aprofundar no quesito fluminense…nem sócio proprietário você é, nem conselheiro foi algum dia… Dar pitacos digitais é fácil.. Senta lá e faz melhor.

    1. SUSSEKIND

      Sentar lá? É pra já. Aproveito pra te dar umas aulas de como empregar corretamente o verbo “haver”. Ao menos não me escondo quando comento alguma coisa, “Marcelo “Ipanema”.

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