O zagueiro honesto (por Thiago Muniz)

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Numa tarde ensolarada, eu ouvindo rádio com a narração do queridão Luiz Penido, pois ultimamente não estou tendo paciência para a TV. Partida do Fluminense contra o Figueirense em andamento quando, numa jogada do Figueira, ”Pênalti contra o Flu”.

Naquele momento ninguém conseguiu explicar o motivo da penalidade, os repórteres da radio não entendiam muito o motivo, o narrador um pouco atônito e o comentarista perplexo com a situação. Porém, o árbitro o auxiliar muito lúcidos na marcação da falta.

Até aí todos sabem o andamento da história: gol do Figueirense.

Final do primeiro tempo, ouço alguns comentários da rádio sobre o porque da penalidade quando um dos repórteres da TV (sim, eu liguei a TV para tentar ver o ocorrido) consegue entrevistar o zagueiro do Fluminense Marlon sobre a jogada que gerou a sanção e, quando todos esperam alguma desculpa esfarrapada ou então estampar a culpa no árbitro, vem ele com toda a sua jovialidade e assume: “Sim, eu toquei a mão na bola”.

No exato domingo ensolarado, onde pessoas foram às ruas pedindo honestidade, caráter e transparência dos governantes, vemos um ato de um jovem atleta que demonstra que sim, o Brasil e seu povo têm sim caráter e hombridade!

Como diz um trecho da música “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré:

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Porém, numa eterna contradição em gritar contra a corrupção vestindo a camisa da CBF, pedirem democracia exigindo a volta da ditadura e colocarem faixas sobre sonegar impostos alegando legítima defesa, vermos um jovem em início de carreira e em rede nacional admitir o seu erro, podemos acreditar que a sociedade brasileira ainda tem jeito de se consertar. A honestidade está dentro de nós, é nossa essência; basta optarmos ou não nos corrompermos na estrada da vida.

O jogador de futebol tem que ter a consciência que é um formador de opinião, sendo espelho para centenas de jovens, seja atletas em formação ou jovens torcedores. Marlon será indicado pela CBF para receber prêmio Fair Play da FIFA, mas sinceramente isso é uma mera formalidade: a sua atitude tem que ser mostrada para todas as escolas como exemplo prático de ética, civilidade e coragem.

Como todo humano, comete erros, mas demonstra atitude que falta a muitos: honestidade, humildade e fidalguia, além de assumir os erros. Pedir desculpas e tentar não repetir os equívocos é uma honra para poucos nos dias de hoje.

Marlon, orgulho de você ter sido formado nas divisões de base do Fluminense e hoje brilhar tanto com a camisa tricolor quanto com a camisa da seleção da CBF. Formamos cidadãos acima de tudo e isto sempre foi uma constante e orgulho na centenária história do Fluminense Football Club. Que o Universo ilumine sempre os seus caminhos e que você continue a ser o craque que é dentro e fora das quatro linhas.

Talvez o futebol seja aquele esporte no Brasil que poderia fazer uma belíssima diferença no seio do povo, se houvesse mais atletas como esse rapaz, de mãos dadas, inspirando a garotada do nosso país a ser gente de fato e de direito.

Que isso sirva de lição para os jovens e até os maduros; a verdade sempre prevalece e se corromper é para os fracos de espírito.

No mais, vence o Fluminense sempre.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: google

o fluminense que eu vivi tour 2015