O Tricolor ainda longe do teto (por Marcelo Savioli)

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Amigos, amigas, talvez eu esteja ficando chato e rabugento. Talvez isso seja consequência da idade, mas também das experiências que o Fluminense já me proporcionou. Não sei se já falei isso, mas fui apresentado ao Maracanã na época da Máquina de Rivelino, PC Caju, Marco Antônio, Carlos Alberto Torres, Pintinho, Edinho, Doval, Gil, Dirceu e Cia.

Na primeira metade da década de 1980, vivi o tricampeonato estadual e o título brasileiro de 1984, protagonizado por figuras como Delei, Ricardo Gomes, o Casal 20, Branco, Romerito, Tato, Aldo e Cia. Isso, talvez, possa amenizar a má impressão com minhas obsessões. Ainda mais que presenciei, também, os times formados entre 2008 e 2014.

Porém, por mais que possa parecer que estou a menosprezar o time atual, o que acontece é exatamente o contrário. O que me angustia é exatamente o fato de esse time não conseguir reproduzir o que já fez de melhor, mesmo tendo hoje o melhor elenco desde priscas eras, talvez desde o elenco de 2012, que foi o melhor que eu já vi.

Percebam que falei de elenco e não de time. Se formos falar de onze, o da Libertadores de 2008 tem lugar entre as grandes formações tricolores de todos os tempos, embora o elenco não estivesse à altura de uma disputa de Campeonato Brasileiro, aquele mesmo, o dos pontos corridos. Tanto é assim que terminamos o ano, ainda que com saídas importantes, brigando contra o rebaixamento no Brasileiro. E isso tudo com Thiago Silva e Dario Conca em campo.

Diniz deve estar encantado com o elenco que tem hoje nas mãos. Eu também estaria. A quantidade de possibilidades é absurda, algo que, provavelmente, nenhum outro técnico tem no Brasil na atualidade. É só ver o recital de Marcelo contra o Cruzeiro, jogando de meia, e o gol cinematográfico de Leo Fernández, que nos deu a vitória. São muitos jogadores com alto nível técnico em um só elenco, mas é isso mesmo que eleva a nossa cobrança.

E isso, talvez, impeça Diniz de enxergar algumas obviedades. Ora, mas quem sou eu para dizer isso? Alguém com o olho treinado para enxergá-las, que, apesar de nunca ter dado três treinos (eu dei dois), tem histórico de antever êxitos e fracassos. A historiografia, nesse aspecto, é infalível, embora nem sempre isso aconteça, e a experiência mostra.

Diniz se apaixonou pelo 4-2-4 que funcionou no primeiro jogo das quartas de final da Libertadores contra o Olimpia. Foi uma solução perfeita perante a situação que se apresentava, mas foi só. Sequer funcionou no jogo de volta, mas virou a nossa matriz tática.

Ora, se temos atacantes de qualidade em profusão, podem incluir o João Neto na lista, também temos meias de qualidade. E o jogo começa no meio de campo. O cérebro desse time, quando em condições de jogo, foi Paulo Henrique Ganso nos últimos dois anos. Sempre com o apoio de outros meias que davam volume às ações de construção de jogo, nunca sem eles. Nunca!

O que tenho visto, exceto no jogo contra o Olimpia no Maracanã, é o Fluminense apresentando irregularidade nos jogos, mesmo com o elenco que tem. A explicação, no meu entendimento, é que esse mesmo elenco está sendo mal utilizado. Não adianta, porém, gastar saliva agora, porque o próximo jogo será o primeiro das semifinais da Libertadores. O que nos resta é torcer, e isso já é muita coisa, porque temos, mesmo com aquilo que considero erros, muita chance de levar esse caneco para casa.

O Fluminense não é ruim, é bom, de razoável para bom, mas poderia ser excelente. Eu tenho certeza de que não sou o único saudoso da excelência que já vi em campo em 2022 e 2023. As peças estão aí. É só montar a Máquina.

Saudações Tricolores!