O show de John Kennedy (por Marcelo Savioli)

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Amigos, amigas, estamos na semifinal da Libertadores da América. Felizes qual pintos no lixo, é recomendável que degustemos avidamente a partida de domingo contra o Fortaleza. Será a última que veremos antes do dia 16 de setembro, quando enfrentaremos o Vasco, a caravela que anda mais para canoa furada.

Ao menos veremos a Seleção Brasileira com outros olhos, agora que o técnico canarinho é também o técnico tricolor. Além disso, teremos as presenças de Nino e André, sem contar com a possibilidade de podermos matar a saudade de Ibañez , “O Breve“.

Indo ao que interessa, Diniz não chegou a surpreender ninguém com a escalação de ontem. Ter preservado JK do duelo da Arena da Baixada já era um forte indicador de que isso aconteceria. E a primeira impressão que tivemos, imagino, foi a de que queria repetir o roteiro do jogo de ida, quando vencemos por 2 a 0 amassando o Olimpia.

A questão toda é que seria preciso combinar com o Olimpia, que, certamente, não concordaria com tal insanidade. Afinal, eles precisavam atacar, e muito, para virar a peleja. Por conta disso, você pode ponderar se o plano de Diniz deu ou não certo, mas primeiro teremos que entender qual era o verdadeiro plano.

Ao contrário do que acontecera no Maracanã, quando Diniz abriu Arias e Keno nas pontas e empurrou os dois centroavantes em cima da zaga do Olimpia, buscando ampliar os espaços, o que aconteceu em Assunção foi Keno e Arias jogando como verdadeiros meias, assim como Cano, com JK fazendo a referência na frente. Na jogada do primeiro gol, você não vê Arias no lance. Cano e Keno aparecem como opções de passe para André, que ganhara liberdade após troca de passes rápida na saída de bola. Como Cano atrai um volante na marcação, Keno encontra um espaço livre entre as linhas inimigas, enquanto três defensores faziam a última linha para marcar o deslocamento de JK. O atacante arranca em diagonal para fora e Keno tem toda a tranquilidade do mundo para executar o passe.

Diante desse episódio, podemos concluir que deu certo, mas não creio que tal conclusão seja a mais acertada, porque antes mesmo de fazermos o gol, Fábio já tinha feito duas grandes defesas. Fez mais uma após o gol e o Olimpia chegou ao empate na única jogada, ironicamente, em que não tentou vencer a defesa tricolor com artilharia aérea, graças à inusitada decisão de Samuel Xavier de executar um passo de balé numa partida de futebol, abrindo o espaço para o paraguaio entrar na área e chutar.

O Olimpia chegou com perigo duas vezes no início da segunda etapa, sempre levantando bolas na área. Quem assistiu à eliminação da Dissidência em Assunção pode ter suado frio com o cenário que se desenhava. Na ocasião, o Olimpia só conseguiu em definitivo o controle do jogo nos 20 minutos finais, mas foi o suficiente para vencer pelo placar de 3 a 1. E o 3 a 1 veio, só que dessa vez para o outro lado.

Tudo começou quando JK veio buscar uma bola no campo de defesa e saiu driblando tudo que via pela frente. Ficaram pelo caminho jogadores do Olimpia, o trio de arbitragem, a torcida e até a moça da bilheteria. Tamanho foi o desespero para parar o iluminado craque de Xerém, que o jogador do Olimpia, já pendurado, ao ver que Lima escaparia para receber livre o passe de Kennedy, agarrou o meia tricolor, sem a menor necessidade, pois outro defensor chegaria primeiro na bola.
Resultado, Olimpia com menos um e não demorou a JK aprontar de novo. Em contragolpe rápido, recebeu passe de Cano, passou como quis pelo marcador e, diante do goleiro, acertou a trave, mas a bola voltou limpa no pé do argentino, que só empurrou para o gol todo escancarado.

JK gostou da experiência e repetiu a jogada, deixando o marcador para trás e acertando a trave, só que dessa vez não tinha Cano para mandar para o barbante. Pois eis, no entanto, que o argentino gostou da brincadeira de JK e recebeu uma bola nas mesmas condições. Não precisou fazer muita força para se livrar do marcador, que já chegou no combate tropeçando na própria sombra. Passou como quis, mas não acertou a trave e sim as redes paraguaias, finalizando o roteiro.

E o tal 4-2-4? A minha impressão é de que Diniz se rendeu a JK. O problema é que não tem quem tirar no ataque. Keno continua melhorando e ganhando regularidade em suas exibições, Cano voltou a fazer gol até em jogo de purrinha, Arias é nosso homem robô. Então, já que é assim, parece que o 4-2-4 veio para ficar e o time é esse mesmo que iniciou ontem.
É importante, não obstante, chamar atenção para um aspecto que deve ser somado ao fato de o Olimpia ter jogado grande parte do segundo tempo com um jogador a menos. Ao tirar Felipe Mello, Ganso e Keno, todos veteranos, e colocar Marlon, Alexsander e Lima, Diniz viu o Fluminense viver seu melhor momento no jogo, ganhando em intensidade física e tática. Inclusive, nossos contra-ataques ganharam em velocidade.

São coisas que não podem nos escapar. O resultado sugere que o Fluminense fez uma grande partida, mas essa grande partida só veio por volta dos últimos 30 minutos, após as substituições.

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Dizem que quem sabe que está fazendo coisa errada faz escondido. Muitas vezes, o único esconderijo é uma cortina de fumaça. E nada como uma classificação para a semifinal da Libertadores para fazer descer goela abaixo da opinião pública a renovação do contrato de Felipe Melo.

Nem tudo são flores no Reino do Laranjal Sagrado, mas há um sonho cada vez mais perto de ser conquistado.

Saudações Tricolores!