O saldo das aberrações (por Paulo-Roberto Andel)

Primeiro, o jogo. O Fluminense foi melhor, até bem melhor, mas não foi melhor o suficiente para vencer porque concluiu muito pouco e mal. Numa decisão, o preço da ineficiência ofensiva pode ser muito caro. Depois de tomar o gol a dez minutos do fim, o Flu não teve forças para reagir e empatar a partida.

Perto do que se esperava em janeiro, chegar à final da Taça Guanabara é uma evolução. Por outro lado, é sabido que o certame estadual não é credencial para voos maiores durante a temporada. De toda forma, o Tricolor está melhor do que no começo da temporada e bem melhor do que no péssimo fim de 2018.

Agora, a final já estava comprometida antes do jogo, com todas as aberrações jurídicas e políticas que o cercaram. Há seis anos, o clássico é prejudicado pelos restos mortais da ditadura de Caixa D’Água e Eurico Miranda no futebol carioca, a mesma que já proporcionou volta olímpica de caravela e outras sandices.

Particularmente, nada me interessa quando se usa a primitiva tese de tradição para justificar o que fazem os dirigentes do Vasco no período. O Maracanã acabou; hoje o que existe é uma arena que ocupou seu lugar, literalmente. Não há absolutamente mais nada lá que remeta ao passado, exceto ser um campo de futebol. Se o que vale é a tradição, os clássicos deveriam ser disputados nas Laranjeiras, ora. Há um contrato, ele foi claramente desrespeitado pelo Consórcio e só se espera do Fluminense o ajuizamento da questão. E também é oca a falácia de que a eventual inadimplência tricolor justificaria a farsa. Que cláusula a prevê?

Mais um Fluminense e Vasco que as crianças só conhecem da televisão, uma geração inteira. Mais um estímulo ao ódio, que torna a camisa de semana passada um verdadeiro manto de hipocrisia. Mais uma atitude tirana, que teria a benção de Eurico. Só falta terem levado a renda do jogo para casa…

O único e exclusivo culpado por todas as agressões ocorridas ontem no ex-Maracanã é o Sr. Alexandre Campello, presidente do Vasco. Ao insistir com a tradição recente de desrespeito a regras e contratos praticada por seu clube, tentando aproximar sua imagem da de Eurico, fomentou o que poderia ser algo tão trágico quanto a queda do alambrado de São Januário, no já distante ano de 2000. Gesto da mais absoluta irresponsabilidade.

Da direção tricolor, a única coisa que espero é que, na condição de mandante a seguir, o Fluminense nunca mais dê ao Vasco a igualdade de ingressos em qualquer partida, sob qualquer pretexto. Não há preço que pague a dignidade.

Panorama Tricolor

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