O respeito e a entrega (por Walace Cestari)

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As rivalidades ficam à flor da pele no final do campeonato, o que é normal: times que aspiram ao título ou às vagas na Libertadores reforçam o secador contra os concorrentes e o mesmo ocorre com aqueles que lutam contra o descenso. Sobra para aqueles que estão no meio da tabela – é o caso do Fluminense – a torcida contra os rivais.

Entretanto, uma coisa é a gozação de arquibancada outra é a instituição. Cabe aos torcedores torcer pelo fracasso do rival apenas para caçoar dele, nada que seja fruto de um pensamento racional ou coisa assim. Mesmo nesse cenário, não há espaço, de maneira alguma, para ficar “feliz” com qualquer derrota do Fluminense. Mais ainda: isso não pode passar pela cabeça de jogadores, diretoria, roupeiro ou qualquer indivíduo que trabalhe no futebol do Tricolor.

O Fluminense é enorme no cenário nacional e internacional, não pode pensar em outro resultado quando entra em campo senão a vitória. Não é uma questão de esportividade ou qualquer coisa assim: é destino, vocação. Nossa missão é vencer. Podemos falhar, mas nosso dna é de guerrear em busca da vitória. Valha um título, valha três insossos pontos.

Não jogamos pelos outros, por isso não salvaremos ninguém. Por outro lado, igualmente verdadeiro, não somos responsáveis pela campanha desastrosa de nenhum rival, portanto, não rebaixaremos ninguém. Temos a obrigação de acertar o esquema que nosso treinador vem implantando e que está, aos poucos, acertando o time. Precisamos recuperar tática e tecnicamente alguns jogadores para que possam render todo seu potencial dentro da filosofia de jogo proposta para o ano de 2016.

Devemos pensar em ganhar os próximos cinco jogos. Quem sabe o que poderá acontecer com quinze pontos a mais? G5? Vaga direta nas oitavas da Copa do Brasil? Sabe-se lá. Não é o que importa. Precisamos vencer para provar que somos capazes, que o meio de nosso campeonato foi um acidente de percurso e que o time deve saldar a dívida do bom futebol com a torcida.

Por outro lado a imprensa – sempre ela – começa a fazer seu carnaval com o nome do Fluminense. À luz da realidade, é difícil imaginar que ganharemos os próximos cinco jogos – torceremos, é claro. Uma análise racional não coloca esses resultados como favas contadas, pelo contrário, já que o Fluminense oscila demais no campeonato.
As manchetes estarão preparadas para, a cada tropeço nosso, inventar uma “entrega”. Os mesmos que apontavam um time “fraco” e limitado durante o campeonato passam a colocar o Flu como favorito absoluto para os demais jogos, criando o falso cenário de que qualquer derrota será proposital. Vão levantar mentiras repetidas à exaustão e fazer de tudo para aumentar as vendas de seus periódicos às custas do Fluminense, mesmo que isso signifique vilipendiar a verdade.

Não devemos nada a ninguém, sejamos claros. Em 1997, o escândalo Ives Mendes parece ter afetado mais o Flu – que não se envolveu em compra de arbitragem – do que em Corinthians e Atlético Paranaense. Em 1999, Botafogo e Internacional nem mesmo são citados pela imprensa, na confusão que gerou a João Havelange.

E aí o show de horrores: a Copa JH, dividida em quatro módulos sem “divisões” – já que todos os módulos davam vaga para as oitavas de final do campeonato – é apontada como nossa “subida” direta. Eurico Miranda foi o primeiro a protestar contra o Flu jogar o módulo “equivalente” à série B, pois o módulo dava três vagas às finais e Eurico dizia que isso beneficiava o Fluminense, que jogaria contra adversários mais fracos.
Sim, caríssimos tricolores, Eurico nada mais fez do que tentou prejudicar o Fluminense. E conseguiria, se o Tricolor não figurasse sempre entre os líderes do “módulo superior”, quando o bravateiro dizia ter “subido” o Fluminense. Ora, faça-me o favor! O triste é a imprensa comprar a história. Ou melhor, expliquem-me como o Eurico ‘sobe’ o Flu e rebaixa o Vasco?

Por fim, não é bom para o futebol, especialmente o do Rio de Janeiro, que o Vasco vá para a série B. É ruim ver o enfraquecimento de nossos clubes. Entretanto, é pior – e mais nefasto – para esse mesmo futebol carioca, a presença de dirigentes como o Eurico Miranda. Se o rebaixamento do Vasco significar a mudança de sua estrutura, isso seria digno de comemoração. Caso contrário, minha solidariedade aos vascaínos pela desgraça – não de cair – mas de ter uma figura como Eurico à frente de seu clube.

De nós, tricolores, esperem sempre a entrega. A entrega e a dedicação pela vitória. Nossa história é feita de conquistas. E por isso torceremos. Afinal, é isso que significa respeito. E ponto.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

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LANÇAMENTO O ESPIRITO DA COPA RJ