O preço de uma temporada (por Zeh Augusto Catalano)

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Recentemente, aqui no PANORAMA, tivemos a dura missão de falar de dois tricolores fanáticos (a Fernanda Britto e o Marco Aquino) que deixaram precocemente este mundo e foram ver Assis jogar no céu. Isso me fez refletir acerca do tempo, de como essa coisa passa rápido. Eles, em sua vida terrena, não mereciam que em sua última temporada nos gramados da vida, o Fluminense os tivesse oferecido um caminhar tão medíocre, tão carente de brilho.

Importante: não estou falando aqui de títulos, mas sim de garra, vontade, luta, honrar a camisa.

Nossas vidas nessa terra têm prazo de validade. Uns mais, outros menos. Não sabemos até quando habitaremos esse planeta e poderemos acompanhar nossa paixão. Por isso, o preço de uma temporada como a atual, na qual o time se arrasta num limbo de vitórias e derrotas, ocupando o meio da tabela, é altíssimo. O clube segue, os jogadores amealham suas fortunas, os empresários ganham seus percentuais, os aproveitadores seguem em busca de suas bocadas e o torcedor tricolor envelhece um ano, testemunhando um time que não merece vestir a camisa do Fluminense.

O torcedor de verdade apóia e empurra um time fraco. Torce feito louco por um Gum. Sabe que aquele sujeito vai dar 101% de esforço enquanto estiver em campo. Vai lutar até a morte pelo resultado, por mais que se saiba que ele não tem condições técnicas de estar ali. A fibra e a entrega superam as limitações e os apaixonados enxergam isso. Podem se enfurecer com resultados ruins, eventualmente xingar o pereba que joga em seu time, mas este será respeitado.

Indolência é um pecado mortal. Provoca a fúria dos torcedores de verdade e a indiferença da grande maioria da torcida. Pra vários tricolores, este ano já acabou, ainda que estejam rolando os dados na mesa. Menos pelos resultados obtidos e muito mais pelas atuações abaixo da crítica. Isso significa menos renda, menor venda de camisas, títulos do clube etc.

Este desinteresse se abate pesadamente em cima da molecada. É mais um (des)motivador para que usem camisas do Barcelona, Chelsea e afins. E se essa turma, dessa idade, se habitua a não ligar para o time, está perdido o torcedor para todo o sempre. Essa é uma das formas de se criar um “tricoleba”.

A galera mais velha não tem como apagar a paixão. Nem tempo para esperar. É apenas mais um ano inútil, jogado no lixo. Um ano a menos de vida.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: zac