O objetivo é a vaga na fase de grupos da Libertadores (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o Fluminense ganhou do Palmeiras. E qual a explicação para isso? A explicação é que o Fluminense já mostrou que pode ganhar de qualquer um na América do Sul. Ora, se pode ganhar de qualquer um, isso quer dizer que o Fluminense é uma força competitiva?

Para um time que terminou em quinto lugar no Campeonato Brasileiro do ano passado, chegou às quartas de final da Libertadores e da Copa do Brasil, que são competições dificílimas, que venceu duas vezes a Dissidência, tirou ponto do Atlético MG e fez duas partidas honrosas, com uma vitória e uma derrota, contra o Palmeiras, um time que venceu o Bragantino duas vezes e derrotou o Athlético PR na Arena da Baixada, não há como dizer que esse time não seja competitivo.

Não quer dizer, no entanto, que o Fluminense tenha entrado na temporada como candidato a conquistar títulos. Inclusive, porque foram tomadas muitas decisões ruins na formação do elenco. Fruto de um modelo de gestão de futebol ultrapassado e subordinado a questões que transcendem as escolhas técnicas.

A escalação proposta por Marcão é, necessariamente, um indicador claro dessa deficiência. Eu dizia no pré jogo do Panorama que estávamos na iminência de um desastre. Que quase veio no primeiro tempo. Foram 45 minutos em que não levamos uma única vez perigo ao gol do Palmeiras. Do lado de lá, pelo menos três grandes oportunidades de gol, uma delas evitada por intervenção milagrosa de São Marcos Felipe, um dos melhores goleiros da atualidade, que tem feito muita diferença na temporada.

O gol de Dudu, pelo Palmeiras, deu brilho a um grande clássico entre os dois clubes pioneiros no mundo na conquista do Mundial de Clubes. Nossa linha ofensiva, formada por Árias, Caio Paulista e Fred, foi de deixar o torcedor com enxaqueca. Razão pela qual Marcão não esperou nenhum minuto além do intervalo para substituir Árias e Caio por Lucca e Gabriel Teixeira.

Se vocês não entendem a preferência por Lucca, muito menos eu, mas Gabriel já voltou pedindo passagem e deve ser titular nas próximas partidas, porque Árias ainda não conseguiu descobrir como se comportar em campo. Com a expulsão de Fred, teremos, imagino, o retorno de John Kennedy contra o Juventude na próxima quarta-feira. Com o possível retorno de Luis Henrique, temos o time para o restante da temporada, com Gabriel, Luís Henrique e JK formando a nossa linha ofensiva. Espero ver o retorno do trio de volantes com André, Martinelli e Yago, além do retorno de Nino, para termos nossa melhor formação em campo.

Faltam seis partidas para o final da temporada, estamos em oitavo lugar e nossa distância para o G-6 é de apenas quatro pontos. Não podemos mais acertar escalações estapafúrdias e um time que abre mão de jogar 45 minutos de jogo, dando enorme vantagem aos adversários. Ao mesmo tempo, precisamos pensar desde já no comando técnico, dispensar jogadores caros e que nada agregam ao elenco, assim como gerar um padrão de contratações que realmente reforcem o time.

Esse trabalho começa por prospectar a base. Mateus Martins deve ter mais oportunidades, assim como João Neto, enquanto Arthur deve começar a ganha espaço para ocupar nosso meio de campo e ser o camisa 10 que tanto temos esperado, embora eu ainda acredite em Paulo Henrique Ganso, que, suspeito, teria tido uma das melhores temporadas de sua vida caso não houvesse sofrido aquela fratura contra o Barcelona.

Ora, se nós vamos brigar por títulos em 2022, isso depende de muitas variáveis. O que não pode acontecer são as decisões erradas, enfraquecendo um elenco que tinha tudo para se tornar mais forte, como aconteceu esse ano. Os títulos são a consequência natural de trabalhos bem feitos, não de desvarios. Se o trabalho for feito com lógica e equilíbrio, eles podem não vir em 2022, mas quem sabe não virão em 23 ou 24? É uma questão de plantar boas sementes.

Precisamos, sobretudo, de um processo político revolucionário em 2022. Um processo que mude o patamar organizacional do Fluminense e envolve a torcida numa atmosfera de ousadia, profissionalismo, ambição e bom senso, se é que é possível reunir todas essas coisas num mesmo pacote.

Saudações Tricolores!