O “Mecanismo do Jabaculê” (por Wagner Victer)

O mais interessante é que, pela manhã, leio uma matéria em que o jogador Brenner, que não deu certo na “potente” liga Americana, o Fluminense especula trazer de volta.

Sem questionar a qualidade do jogador, que teve péssima passagem pelo Fluminense, é óbvio que isso se caracteriza como mais um processo do “Mecanismo do Jabaculê”, onde ao mesmo tempo adoçam a boca de empresários, colocando jogadores no Fluminense para dar minutagem e vitrine para a futura negociação, e simultaneamente gerando obstáculos para que “jogadores da nossa base não possam subir e, com isso, possam ser negociados na bacia das almas”.

Quando alguns torcedores do Fluminense se perguntaram de um dia pro outro quem era o jovem Matheus Martins, que entrou fazendo três gols num jogo internacional, demonstra-se claramente que não há um acompanhamento da base. Não adianta ficarmos comemorando que estamos invictos quase há uma centena de partidas com os times da base e, ao mesmo tempo, estar trazendo as barangas tradicionais e não darmos oportunidades a esses jovens.

O “Mecanismo do Jabaculê” é muito claro e só não enxerga quem está usando antolhos do futebol ou faz parte dos passadores de pano oficiais, pois temos na base um conjunto de jogadores muito superiores àqueles que estão sendo trazidos por empresários, e que sequer têm a possibilidade de ficar num banco para entrar alguns minutos e mostrar algum talento e decolar, como foi o caso de André, que era um dos que também iria pra bacia das almas do CRB, visando viabilizar o Hudson.

Uma das estratégias do Mecanismo do Jabaculê é pegar jogadores talentosos da base e levar para times de segunda e possivelmente, ou pelo menos com fortes indícios, para que sejam massacrados e depois possam ser negociados, sem qualquer reclamação da torcida. Um caso típico recente é o jogador Wallace, que está no CRB e que é muito superior a uma série de jogadores que são trazidos, tais como o Wellington e até o Nonato.

Temos hoje na base um conjunto de jogadores que já poderiam subir e chega até a ser piada vermos o Wellington A Baiana em campo, enquanto temos o Alexander na base sem receber qualquer chance.

Da mesma forma, nas laterais, Jhonny e Jefté são incomparáveis e teriam uma trajetória muito importante se tivessem chances pra participar de algumas partidas, até porque sabem cruzar, o que o Samuel e o Cris da Moldávia não sabem.

No ataque, a saída do Fred, que surge como uma oportunidade para novos jabaculês, sabemos que há três jogadores com potencial fantástico, que são JK, Luan Brito e João Neto, que certamente acabam ficando desestimulados e seus empresários devidamente obrigados a fazerem as negociações a preço de banana. Aí a torcida acaba aceitando bem, pois criam-se narrativas para enfraquecer a imagem do jogador e logicamente alguns até contribuem para isso.

O Mecanismo do Jabaculê não é por acaso. É algo que, mais do que dilapidar patrimônio, faz com que sejamos chamados de trouxas e ainda ficamos abertos a receber “jovens promessas” de outros clubes, como um tal de Alexandre Jesus, Gustavo Apis e a grande revelação que aqui saiu por baixo desempenho técnico, que é o Caio Paulista.

Ao mesmo tempo, a vinda das barangas, além do prejuízo efetivo que traz em pagar salários elevados e contratos longos, gera uma laje de obstáculos à subida de jogadores que, ao mesmo tempo podem se destacar e até futuramente poderiam gerar recursos ao Fluminense. Mas por que vender por um valor elevado se pode ser entregue na bacia das almas? O que é uma grande contradição com as multas contratuais elevadíssimas que são colocadas e anunciados quando assinamos com os jovens.

O Mecanismo do Jabaculê é um tema repetitivo no Flu e nossa base em Xerém está à míngua, do ponto de vista de estar rachado para os chamados Zangões de Xerém, que passeiam a bel prazer como aves de rapinas desde a infância do atleta.

Uma pena, uma lástima e isso realmente pode eventualmente caracterizar uma gestão infiel e temerária do nosso patrimônio.

Trazer o Brenner agora é um absurdo e um Jabaculê em alto nível.

Por último, a estratégia de invisibilizar jogadores da base para no final do contrato, ou mesmo durante ele, serem negociados a preço de banana é uma prática corrente. Temos o bom exemplo do Evanílson, que só começou ser visibilizado no momento que se interessava, por mais que os direitos federativos já não nos pertenciam mais.

Esse “Mecanismo do Jabaculê” é vergonhoso e até o Mister Magoo consegue vê-lo.