O maio de chumbo do Flu de Diniz (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, tirem as crianças da sala. O que vem por aí é para quem tem nervos de aço. O mês de maio já começou com uma prova de fogo e um resultado magnífico: a goleada sobre o River Plate.

A grande vitória de 5 a 1, ocorrida no dia 2 de maio, deixou o Fluminense numa posição privilegiada no Grupo D da Libertadores, com nove pontos ganhos (contra 3, cada, dos demais) e 100% de aproveitamento, sem contar com o excelente saldo de 7 gols, que poderá fazer diferença lá na frente.

Apesar de começar de maneira formidável o maio de chumbo, o Fluminense teve um grave tropeço diante do Vasco. Um empate que não estava na agenda e complica a situação da equipe no Campeonato Brasileiro. A expectativa era de que o Fluminense vencesse as três primeiras partidas do mês pela competição para acumular uma gordura antes de entrar na travessia de fogo.

Ficamos, agora, na obrigação de vencer Cruzeiro e Cuiabá, além de termos que olhar com muito interesse para os dois jogos subsequentes, contra Botafogo e Corinthians, ambos com mando do adversário. É cedo, ainda, para nos aprofundarmos nesses jogos, mas, certamente, precisaremos de resultados expressivos em confrontos bem difíceis, independentemente do que aconteça contra Cruzeiro e Cuiabá.

Antes, porém, de entrarmos na travessia de fogo, tenho que dar uma passada em Fluminense e Vasco, mais precisamente no que aconteceu antes do primeiro minuto de jogo. Tenho visto quem diga que não é problema tomarmos um gol assim, já que isso não acontecia há um ano, que até sofremos mais gols em decorrência de chutões para a frente dados pelo goleiro.
Eu não concordo com os chutões, exceto em situações excepcionais, de total falta de opções, mas também tenho minhas restrições ao teor desse tipo de análise. Em primeiro lugar, porque o Fluminense presenteou seus adversários com pelo menos uma assistência em dois jogos do Campeonato Brasileiro. A lembrar: Cano, contra o América, e Pirani, contra o Fortaleza.

Não devemos, portanto, aceitar os erros como naturais e as decisões precisam ser aprimoradas em determinadas situações de jogo. Eu sei que é muito fácil dizer isso com o dedo no teclado, eu sei que é o que muitos vão pensar, mas eu também não sou regiamente pago para treinar o time. Aqui, quem está falando é alguém que defende energicamente o modelo, mas eu não sou fanático. Fechar os olhos para os problemas não é a melhor receita para erradicá-los ou, pelo menos, amenizá-los.

Tirando tudo isso, a travessia de fogo começa na próxima terça-feira, 16 de maio, quando jogamos a primeira partida das oitavas contra a Dissidência. Daí para frente, é só alegria. No fim de semana seguinte, enfrentamos o Botafogo, atual líder do campeonato e que anda fazendo exibições bem convincentes. Vem o outro meio de semana e lá vamos nós jogar no alto do morro contra o ar rarefeito de La Paz e contra o time do The Strongest.

Descemos o morro e já nos mandamos para São Paulo para enfrentar o Corinthians, agora (não sei se até lá) do professor Luxa. Depois de toda essa peregrinação, encerramos o mês de maio no dia 2 de junho. Sim, amigas, amigos, não dá para separar o segundo jogo das oitavas de final da Copa do Brasil, contra a Dissidência, do mês de maio, embora ele seja em junho. Até para que possamos traçar cenários e objetivos.

Falando neles, não há dúvidas de que a prioridade é o duelo com a Dissidência pela Copa do Brasil, que vale uma vaga entre os oito melhores da competição. Esses jogos precisam ser tratados como decisão de campeonato, não tem jeito, e todo planejamento tem que ser feito em cima disso.

O problema é que não podemos deixar o Brasileiro de lado. Precisamos buscar muitos pontos nesses quatro jogos que faltam. O que transforma o jogo contra o The Strongest numa verdadeira cordilheira no sapato do Fluminense. Olhando para o cenário atual e para os riscos de La Paz (derrota com risco de lesões e imenso desgaste em função da altitude) seria esse o jogo em que eu descartaria os titulares. Deixaria o onze titular, ou quase todos eles, assistindo ao jogo pela TV no conforto de seus lares, guardando-os para os duelos contra Corinthians e Flamengo.

Não estaríamos fazendo nada de inovador. Dissidência, River e Palmeiras fizeram algo parecido na primeira rodada, quando tiveram que jogar em Quito e La Paz. É preciso maturidade para fazer esse tipo de planejamento, sem, porém, isso significar que estaríamos descartando a vitória, muito pelo contrário. Podemos levar um time veloz e competitivo para tentar surpreender os bolivianos.

Fábio; Guga, Vitor Mendes, Manoel e Alexsander (exceção, já que não temos outro lateral esquerdo para o lugar de Marcelo); Thiago Santos, Martinelli (é possível que já esteja recuperado da lesão) e Lima; Isaac, JK e Lelê. Acho que esse é um time capaz de criar sérios problemas para qualquer adversário no Brasil ou na América do Sul. Acho que vale arriscar, porque o risco de perder o jogo com os titulares não justifica, no meu entendimento, a relação custo-benefício de levá-los.

Por enquanto, amigas, amigos, é só.
Saudações Tricolores!