O inconstante Flu de junho (por Claudia Barros)

Mês de junho, mês de Santo Antônio, São João e São Pedro. Mês sagrado para nordestinos, como eu. Mês dos nascidos sob o signo de gêmeos, como o meu pai, que faria no próximo 16 de junho 82 anos, caso estivesse ainda conosco.

Não sou especialista em astrologia, mas jamais duvidei. Tanto que há uns anos fiz meu mapa astral. O que, por sinal, me impressionou pela precisão na descrição da minha personalidade.
Sei que falam que os geminianos são sociáveis, mutáveis e instáveis. Navegam entre o sonho e a realidade e trocam de uma ideia para outra velozmente.

Perdoem-me, desde já, os geminianos. Atrevo-me a falar coisas que podem ser apenas senso comum, mas o Fluminense está parecendo um geminiano. Neste mês de junho está brincando de gangorra, a brincadeira mais instável que eu acho. Aliás, a gangorra perde apenas para a “montanha-russa”.

O Fluminense perdeu para o Juventude, no 5 de junho, manhã de domingo chuvosa em Caxias do Sul. Aliás, chuvosa não, alagada. Já falei que me nego a comentar o que não houve: futebol. Mas perdeu e acabou com o domingo de muitos tricolores, ficando na parte baixa da gangorra.

Em seguida, ganhou magistralmente do Atlético Mineiro num jogo de oito gols, sendo cinco do Fluminense. Foi uma noite magnetizante naquele 8 de junho.

Daí, quando 99,9% da torcida achava que o Flu ficaria na parte de cima da gangorra, o time fez uma partida ruim demais e perdeu por 2 a 0 para o Atlético Goianiense, num Maracanã com mais de 20 mil torcedores. Foi em 11 de junho.

Instável, mutável. Esse tem sido o Fluminense. O que lamento muito, porque gosto do Diniz e torço pelo seu sucesso também.

Agora novamente a desconfiança se faz presente porque não se sabe em qual lado o Fluminense estará, se em cima ou em baixo da gangorra.

O fato é que o Fluminense que brilhou nos anos 1970 e 1980, e deixou para a posteridade personagens inesquecíveis como Samarone, Gil, Gerson, Pintinho, Felix, Edinho, Assis, Washington, Romerito e mais duas dúzias de jogadores, é o mesmo Fluminense que quase feneceu no final dos anos 1990.
Mesmo tendo começado esta década com nomes como Branco, Jandir e Ézio, no seu melhor momento, o clube passou um dos períodos mais terríveis da sua história, amargando uma terceira divisão, uma inescrupulosa estourada de espumante, salários atrasados, dívidas em ascensão e muito choro e sofrimento da torcida.
Por falar nisso, numa outra hora conto como esse momento me afetou, pessoalmente.

Os anos 2000 representaram para o tricolor o retorno a um tempo áureo, com a conquista de três campeonatos nacionais, uma espetacular fuga da zona do rebaixamento e o aumento do maior patrimônio do clube: sua torcida.
E nesse momento, em que parte da gangorra está o Fluminense?

Gosto e confio tanto no Diniz que quero crer que o Flu permanecerá por um bom tempo na parte de cima da gangorra, eventualmente estará equilibrado no meio.

Mas não se trata de confiar no treinador. Trata-se de estar diante de um modelo de gestão que não privilegia suas crias, que traz à tona contratações de jogadores inapropriados e prima pela falta de transparência.

Em campo, creio que a gangorra possa se equilibrar. Fora de campo, espero o voto on-line para presidente para que o clube se estabilize em campo e no comando gerencial.

Viva São João! Viva meu pai geminiano! Viva o Flu!