O futebol vai acabar? (por Roberto Rutigliano)

A crise que produziu o Coronavírus pode colocar o futebol profissional, tal como o conhecemos hoje, numa crise que realmente questione a subsistência do esporte.

Sem jogos por um bom tempo, como fazem os clubes para pagar salários, os funcionários, a equipe técnica e a diretoria profissional?

Sem novas receitas de publicidade, sem vender jogadores, arrecadar com premiações ou com bilheteria de jogos, como sobrevive um clube?

Num artigo publicado no jornal argentino La Nación titulado “Coronavirus. O futebol europeu se debate entre despidos, reduções salariais y perdas multimilionárias” a matéria levanta a questão da sobrevivência do modelo esportivo atual.

No Brasil times como o Fluminense, o Vasco, o Botafogo, o Corinthians e tantos outros já se encontravam na vera da falência há anos se arrastando entre dividas impagáveis, com a expectativa de atrair patrocínios master ou uma quantidade de novos sócios com os quais consiga ir levando as contas.

O Fluminense, pontualmente dias antes da explosão da pandemia estava querendo lançar seu novo uniforme, trazer Fred para agitar uma campanha de novos sócios e se transformar em um produto competitivo no espectro desportivo nacional.

O que ocorreu é que o próprio interesse pelo futebol ficou em segundo plano porque o mundo foi brutalmente atropelado pela existência de uma doença brutal, que não se pode ainda nem mesmo dimensionar que dano real pode produzir na sociedade.

Com a crise, os programas de televisão que tocam o tema de futebol praticamente não têm razão de existência. A própria Globo cancelou seu programa esportivo diário que passava ao meio dia. Não se trata de um período de férias, onde o torcedor embora não tenha jogos pode especular que seu clube vai contratar reforços e finalmente montar um time competitivo num futuro próximo.

Estamos frente à situação real de que se esfria o interesse pelo futebol a partir da falta de horizontes na qual nos encontramos.

Se isso ocorre com o Fluminense, imagine o que pode ocorrer com clubes como America, Bangu ou Ponte Preta, onde a capacidade de convocatória de sua torcida é muito minoritária?

O campeonato carioca esta praticamente cancelado e a CONMEBOL desistiu da Copa América. Seguramente serão canceladas as eliminatórias e o campeonato brasileiro corre o mesmo risco. Neste panorama a possibilidade de muitos clubes serem extintos é real.

Os clubes não têm como pagar salários e estão tentando negociar com os jogadores a redução do que assinaram nos contratos.

Alguns clubes europeus tomaram caminhos mais drásticos. No Sion, da Suíça, se deu um caso pontual: muitos futebolistas não aceitaram o recorte salarial e a instituição decidiu os despedir.

Teremos que esperar como segue esta história, mas tudo leva a pensar que o modelo milionário acabou e que voltaremos a algo parecido ao que acontecia há 40 anos, com salários básicos e uma estrutura bem mais enxuta.

Talvez voltemos a pensar na utilização de nosso estádio nas Laranjeiras e em montar um time menor, com jogadores com maior identificação com o clube, como era naquele momento.

Panorama Tricolor

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