O Flu não pode depender da sorte (por Paulo Rocha)

A vitória de virada sobre o valente time do América-MG, que não merecia estar na lanterna do Campeonato Brasileiro, mostrou algo para a torcida do Fluminense às vésperas do primeiro duelo com o Olímpia pelas quartas-de-final da Libertadores: é possível vencer mesmo não jogando bem. Ou seja, a sorte parece estar ao nosso lado. Mas é preciso que a atitude e a competência também estejam.

Contra o Coelho, no Maracanã, o Tricolor teve uma atuação pífia no primeiro tempo. Mesmo fora de casa e desesperado pela posição que ocupa na tabela, o adversário foi superior e chegou até a perder uma chance sem goleiro. Até o começo do segunda etapa continuou melhor, tanto que saiu na frente.

Tudo bem que as mudanças de Fernando Diniz, as entradas de Martinelli e John Kennedy nas vagas de Felipe Mello e Lima, foram acertadas. Mas o gol de empate, feito de cabeça por JK logo após o time ficar em desvantagem, teve a ajuda da sorte pela rapidez com que foi marcado. Sem tirar o mérito do garoto, o melhor atacante tricolor no momento.

No desempate, a dividida de Ganso com o zagueiro fez a bola cair certinha na frente de Cano; dali, é muito raro o gringo desperdiçar. Bom, nesse lance o jogo foi definido. E é bom lembrar que, antes de Arias fechar a conta, um volante americano perdeu uma grande chance de empatar ao subir livre e cabecear para fora um cruzamento vindo da direita.

Minha constatação após o apito final foi que, mesmo não jogando bem (algo que não ocorre de maneira constante há algum tempo), temos condições de vencer. Pelo menos no Maracanã. Portanto, o primeiro jogo com o Olímpia será vital para nossas pretensões na Libertadores. É preciso fazer o resultado positivo, seja da maneira que for.

Ano passado, pela fase preliminar da mesma competição, vencemos no Rio por 3 a 1 e imaginamos que fosse uma boa vantagem. Pois bem, perdemos de 2 a 0 no Paraguai e fomos eliminados nos pênaltis. Desta vez teremos que ser mais inteligentes e guerreiros. Tanto aqui quanto lá.

Não vamos dispor de Marcelo nos dois duelos, mas Diogo Barbosa tem, dentro de suas possibilidades, dado conta do recado na lateral esquerda. E temos, agora, Alexsander de volta, algo que não deixa o setor totalmente desguarnecido num caso de necessidade. Mas para seguir rumo às semifinais da competição, será preciso muito mais do que sorte.

O Maracanã lotado, pulsante, um caldeirão em três cores, será uma parte fundamental na tarefa a cumprir nesta primeira parte do duelo. Uma torcida apoiando o tempo todo, mesmo quando o rendimento não for aquele de encher os olhos. Mas que haja raça do início ao fim. Aí sim, já será meio caminho andado para a classificação.