O Flu na reta final do Brasileirão (por Aloísio Senra)

Tricolores de sangue grená, se não é sofrido, não é Fluminense. Infelizmente essa máxima não se aplica apenas às conquistas – seria muito bom se assim o fosse. Esse Campeonato Brasileiro, que parecia ter terminado pra nós após a importantíssima vitória sobre o Atlético-MG, tomou ares dramáticos nas últimas rodadas. Como só conseguimos somar um ponto nos últimos doze disputados, o caldo engrossou, o calo apertou e o pessoal de baixo chegou. Existem atualmente oito equipes lutando pra não ocupar as últimas três vagas restantes para disputar a Série B de 2019, e o Fluminense, hoje, é uma delas. Com 41 pontos, está um ponto à frente do Corinthians, dois pontos à frente do Vasco, três pontos à frente de Sport e Ceará, e a apenas quatro pontos da Chapecoense, primeira equipe na zona de rebaixamento, com 37 pontos. Restam 12 pontos em disputa, o que torna nossa missão extremamente perigosa, principalmente se analisarmos friamente as últimas atuações da equipe.

Precisava ser assim? Penso que não. Porém, uma série de decisões erradas, aliadas à falta de sorte e arbitragens venais, contribuíram para o cenário que temos. Exemplifico: o jogo contra o Santos, na Vila, antecedia o jogo da volta contra o Nacional pela Copa Sul-Americana, no Uruguai. Precisávamos de 1 a 0, e conseguimos. Não era necessário escalar um time reserva contra o Peixe. Bastaria um time misto. Talvez tivéssemos conseguido trazer um empate. Falou-se muito da viagem, mas o Uruguai não é tão distante assim. Depois, escalamos os titulares (com alguns desfalques) contra o Vasco, dominamos o jogo inteiro e perdemos num gol de pênalti, cuja marcação foi bastante discutível. Nesse jogo, sim, poderia ser novamente time misto. Mas não, ninguém foi poupado e tomamos uma porrada do Atlético-PR no jogo da sequência pela Sula. E volta o olhar pro Brasileirão, jogo contra o Sport em casa. Agora vai… e não foi. 0 a 0. Dois pontos perdidos. E quarta foi o desastre que vimos contra o líder.

Se tivéssemos conseguido trazer um ponto ou contra o Santos ou contra o Vasco e vencido o fraco time do Sport, que era nossa obrigação, nem estaríamos mais fazendo contas, e essa coluna serviria para convocar novamente todos ao Maraca dia 28. Porém, não conseguimos mesmo ter paz. Essa diretoria merecia o rebaixamento, por tudo o que fez. Nosso time, centenário, glorioso, vitorioso, tradicional, nunca mais. Nossa torcida, guerreira, maltratada, sofrida, jamais. Agora é hora de fazer contas e esquecer a Sula. O compromisso de segunda-feira contra um Ceará extremamente carne-de-pescoço, lutando heroicamente contra o rebaixamento, será no Maracanã. Não se enganem: os cearenses têm um time melhor que os pernambucanos atualmente. Se só empatamos com o Sport, vamos ter que suar sangue pra superar o Vozão. Esse jogo é decisivo, e não existe outro resultado possível senão a nossa vitória. Caso contrário, meus amigos, preparem o coração e peguem a calculadora.

Os jogos que tivemos (e que nos interessam) na 35ª rodada foram Vitória 1 x 2 Atlético-PR, Corinthians 1 x 0 Vasco, América-MG 2 x 1 Santos, Sport 0 x 1 Flamengo e Grêmio 2 x 0 Chapecoense. Se conseguirmos os três pontos logo mais diante do Ceará, acredito que não corramos mais risco algum, visto que os três times que lutam para sair da zona de rebaixamento (América-MG e Chapecoense, 37 pontos; Vitória, 36; os três com nove vitórias) precisariam vencer suas três partidas restantes para nos superarem.

A tabela dos times que brigam conosco para não cederem ao desespero é a seguinte: o Vitória pega o Cruzeiro (fora), o Grêmio (casa) e o Palmeiras (fora). O Cruzeiro não tem mais interesse no campeonato, mas o Grêmio ainda briga por posições melhores entre G4 e G6. O Palmeiras já deverá ser campeão na última rodada e talvez até entre com reservas. Vitória faz no máximo seis pontos, no meu entender. Corinthians terá o Atlético-PR (fora), Chapecoense (casa) e Grêmio (fora). Tabela dura para o time paulista. Não deve superar a grama sintética nem a Arena do Grêmio. Três pontos no máximo contra a Chape. O Vasco pega o São Paulo (casa), Palmeiras (casa) e o Ceará (fora). Jogos difíceis para o time cruzmaltino. Acho que consegue no máximo quatro pontos, e não arruma nada contra o Ceará. A Chape terá pela frente o Sport (casa), Corinthians (fora) e São Paulo (casa). Só deve bater mesmo o Sport, então três pontos no máximo. O Sport enfrentará a Chapecoense (fora), o São Paulo (fora) e o Santos (casa). Acredito na vitória do Leão apenas contra o Peixe, então, três pontos. O Ceará pega o Paraná rebaixado (casa), Atlético-PR (fora) e fecha contra o Vasco (casa). Deve marcar seis pontos.

Para finalizar a análise, o América-MG enfrenta Palmeiras (fora), Bahia (casa) e pega o Flu na última rodada fora. Deve conseguir só três pontos mesmo contra o Bahia e decidir sua vida contra o Flu. E aí mora o perigo. Se nesta segunda-feira o Fluminense ratear e sofrer uma derrota para o Ceará, ficaremos numa situação extremamente difícil, porque a nossa tabela é Bahia (fora), Inter (fora) e América-MG (casa). Pode até ser que o Bahia, desinteressado, seja um alvo mais fácil e consigamos a vitória que precisamos, mas se não rolar, vamos pressionadíssimos para o Beira-Rio tentar vencer o Inter que, até o momento, briga pelo título. E, se o ataque não começar a fazer gols, pode ser que cheguemos à última rodada com os mesmos 41 pontos de hoje, precisando desesperadamente vencer o América-MG. Se tudo o que analisei no parágrafo anterior acontecer, o campeonato termina com as seguintes pontuações: Corinthians com 44 pontos, Vitória com 43 pontos, Vasco com 43 pontos, Sport com 41 pontos, Chapecoense com 40 pontos, América-MG com 40 pontos (decidindo com o Flu). Tirei o Ceará da equação porque, ainda que perca para a gente, deve marcar 44 pontos na última rodada.

Imaginem o cenário acima. Sabem quem cai? Sport, Chapecoense, América-MG e Paraná. O Sport, mesmo com 41 pontos, não vai superar o Flu no saldo de gols, já que empata no número de vitórias. Só que esses 40 pontos do América-MG são sem contar o jogo contra o Flu. Se eles vencerem, caímos nós. Então, nesse cenário assombroso, precisaremos de um empate para nos livrarmos do rebaixamento, indo a 42 pontos. Reparem que se minha análise estiver um pouco comprometida que seja, tudo pode mudar abruptamente. Uma vitória inesperada de um dos times supracitados ou um empate na bacia das almas pode nos obrigar a refazer as contas e a começar a rezar. Eu espero, sinceramente, que Marcelo Oliveira tenha consciência da gravidade da situação, que a diretoria faça o possível e o impossível para quitar os atrasados nessa reta final, porque se o Fluminense não conseguir superar o Ceará, meus queridos, eu vou passar a querer que a Copa Sul-Americana se foda. Toda a atenção possível terá que ser voltada para o Campeonato Brasileiro. Não merecemos passar por 96-97-98-99 de novo. Chega!

Curtas:

– Júnior Dutra NÃO!

– A diretoria do Fluminense precisa vir a público esclarecer os recorrentes boatos que circulam na mídia, para evitar disse-me-disse. Richard está sendo negociado com o Corinthians? Marcos Jr. está de malas prontas para o Japão? Júlio César será difícil manter? Calazans, Gilberto e Pablo Dyego estão indo pra “night” carioca? Marcelo Oliveira é quem está segurando a barra? É bom que alguém venha a público esclarecer logo isso.

– Quem é o “homem forte” do futebol do Fluminense atualmente mesmo? Marcelo Oliveira precisa ser cobrado. Está difícil aturar suas escalações duvidosas e substituições ainda mais duvidosas.

– Sei que é difícil pedir isso à torcida, mas seria muito importante colocar um bom público no Maracanã segunda-feira, assim empurrando a equipe à vitória que evitará todo o cenário catastrófico que descrevi em meu texto. Melhor apoiar agora que PRECISAR lotar o estádio na última rodada, certo?

– Palpites para as próximas partidas: Fluminense 1 x 0 Ceará; Bahia 1 x 1 Fluminense.

Panorama Tricolor

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