O contratempo sem o Flu (por Erica Matos)

 

celular-assustada

Na quinta, o Fluminense jogou contra o Bonsucesso pela nona rodada do Euricão 2015.

Não me lembro a última vez que teve jogo no Maracanã e eu não tenha ido, pois são raríssimas as exceções. Mas anteontem minha mãe sabia que teria jogo, veio me perguntar pela manhã que horas seria a partida e respondi que não iria.

Ela perguntou se estava tudo bem (pois nunca espera uma frase dessas em dia de Fluzão no Maraca), eu respondi que sim, mas que não iria por uma mistura de fatores: o horário, por ir sozinha, pela “cidade maravilhosa” estar em guerra camuflada e o receio de voltar quase meia noite do jogo sem companhia.

Não ir ao Maracanã era até de se entender, mas assistir era obrigação, tanto que me programei para terminar os trabalhos no máximo meia hora antes do início de Flu x Bonsuça, que seria o tempo de sair do escritório e chegar tranquilamente em casa.

A rodada foi inesperada e inusitada para mim.

Ao guardar meus pertences para sair, meu amigo de trabalho Eduardo – que está andando de moletas por um problema de saúde – me pediu que fosse com ele ao supermercado para o ajudar nas compras que precisava fazer. Olhei e disse: tem jogo daqui a pouco! Replicou: Como tem jogo se você está aqui? Expliquei o motivo por não ter ido e ele me pediu que o acompanhasse, já que não estava no Maracanã.

Eduardo é homem mas não gosta de futebol. Não estava entendendo o que estava me pedindo. A hora não poderia ser pior! De toda forma, era um amigo precisando de um favor, o mais importante de tudo.

Pensei rapidamente e disse que iria. Olhei para o celular, vi 39% de bateria e pensei que poderia acompanhar pelo menos o primeiro tempo.

O querido Tiba estava no estádio, narrando tudo via Whatsapp. Aos quatro minutos do primeiro tempo, quando o amigo de Volta Redonda informou o primeiro gol, estava no estacionamento e gritei, comemorando a façanha do menino Gerson. Meu amigo me olhou meio espantado e continuamos a seguir.

No trajeto escritório + elevador + estacionamento levamos cerca de quinze minutos, tempo suficiente para que o amigo informasse um gol do Kennedy aos nove minutos e outro aos quinze, do Edson.

Entramos no carro e pedi prontamente que o Eduardo sintonizasse o rádio no jogo do meu Flu. Cheguei a pensar que poderíamos obter uma goleada histórica. Mas aos 25 minutos de jogo minha bateria acabou, saímos do carro e eu fiquei ajudando o amigo a empurrar carrinho de compras, com a cabeça no jogo.

No final das compras, percebi o celular dele com 10% de bateria e implorei para que me deixasse ver o placar, então inalterado, mas eu quis ver o “minuto a minuto” até que acabasse a bateria dele também.

Era estranho saber que o time estava ganhando e eu não tinha ideia de como estava sendo o jogo. Como hoje nosso futebol é de resultados, estava bem, porém curiosa e ansiosa.

Meu amigo me chamou de “viciada” algumas vezes, entramos no carro pra voltarmos, pedi para que ligasse o radio novamente, ele riu e atendeu a solicitação.

Na altura, o jogo estava a dois minutos de acabar e, assim que o narrador anunciou o final, ele desligou e perguntou: Satisfeita? Eu respondi que sim, mas que pareceu um complô contra minha audiência tanto pela TV, internet e rádio. Entrei no carro e os gols tinham acontecido, voltei para ele e o jogo estava acabando.

Moral da história e da noite: voltei para casa no mesmo horário caso tivesse ido ao jogo, com a diferença de estar em um bairro vizinho. A hora estava casada com o fim da partida, entrei no meu carro, coloquei o celular para carregar e minha mãe me ligou perguntando de onde estava voltando. Eu respondi que em casa explicava, mas que não era do Maracanã.

Depois do acontecimento inusitado, não sei se a partida foi feia ou bonita, mas ganhamos e isso é o que me importa no momento.

Ajudei um amigo que reconheceu haver feito um pedido difícil. Mas colaborei no que hoje é quase impossível para ele.

Nessas horas, fico a pensar e reconheço que a paixão por esse time é imensa e estar longe na hora da partida dói, mas na vida existem prioridades que estão longe das quatro linhas.

Valorizar as amizades é essencial. Acompanhei o jogo por tabela e precariamente, mas saber que estamos acertando aos poucos me deixa feliz.

As próximas rodadas estão por vir e espero continuar a ver esses meninos da base fazendo gols, mostrando ao mundo que o Fluminense é uma fênix.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @erica_matos

Imagem: em

#SejasóciodoFlu

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