O clube e o jogo (por Marcelo Vivone)

Que jogo, que partida de encher os olhos. Que espírito de luta de ambas as equipes. E que nível de jogadores. De cada lado um esquadrão de talentos. E que público: 80 mil pagantes para ver o maior clássico do futebol mundial atual.

Não, é claro que não estou falando do jogo do Fluminense de quarta-feira. Refiro-me ao grande clássico espanhol e mundial. Tive a felicidade de ver o jogo entre Real Madrid e Barcelona um pouco antes do jogo do meu time de coração. E quão impactante foi acompanhar logo depois o jogo do campeonato carioca. Cada vez mais me convenço que algo tem que ser mudado no Brasil. Minha opinião é mais radical e preferia que os campeonatos regionais fossem extintos. Mas reconheço que isso levaria à falência os clubes médios e pequenos dos estados e desempregaria milhares de profissionais.

Mas alguma coisa precisa ser feita para tornar os campeonatos mais interessantes para os times grandes e atrativos para seus torcedores. No caso do carioca, que se faça um torneio inicial com 12 clubes, sem a participação dos grandes. Na fase final, já com a participação dos 4 grandes, participariam os 2 ou 4 melhores classificados da 1ª fase e seria consagrado o campeão.

Com o formato acima, por exemplo, teríamos uma pré-temporada mais extensa e evitaríamos que jogadores caros como o caso de um Fred ou de um Seedorf, jogassem para públicos inferiores a 5 mil pagantes, o que tem sido padrão nesse falido campeonato carioca. Mas parece que, para variar, nossos dirigentes não querem resolver esse problema. Ao contrário, a pressão dos clubes pequenos é para aumentar ainda mais o número de participantes da 1ª divisão.

Não entendo bem o porquê dos 4 grandes não se juntarem e acabarem com esse circo. Dos dirigentes do passado, eu não esperava muita coisa em termos de um movimento para melhoria das condições para os clubes grandes. Mas, de presidentes como o Peter, principalmente, e do Assumpção do Botafogo, eu tinha ideia de que iniciariam um movimento de libertação de seus clubes desse modelo arcaico e falido do carioca.

Acho que no caso do Peter, com tanta coisa para fazer e arrumar na casa tricolor, ainda não houve tempo hábil para se dedicar a mais essa causa. Aliás, falando das ações do nosso presidente, convido todo o torcedor tricolor para acessar o link (http://www.fluminense.com.br/site/futebol/wp-content/uploads/2013/01/Relat%C3%B3rio-Anual-2012.pdf) com o balanço anual de 2012 divulgado pela diretoria.

Aqueles que acompanham o clube e frequentam as Laranjeiras têm noção do que o Peter tem realizado no clube, mas esse documento trás alguns detalhes interessantes de serem conhecidos. Como disse meu amigo Marcelo Duarte, após ler esse texto, o torcedor tem a certeza de que o clube está entrando em uma nova era.

É sabido que para alcançar um patamar de 1º nível, ainda faltam algumas realizações importantes, como a aquisição de um CT, que sai até o final do ano, e a construção de uma arena própria. Esse último um caso é ainda mais complicado e por ora sem perspectiva de realização.

A partida de quarta-feira me dá causa até certa tristeza comentar. Foi um 1º tempo dos piores que tenho lembrança de ver o Flu fazer. É desesperador, pelo menos para mim, ver um time com a dupla de cabeças de área formada pelos “inhos” que o nosso treinador tanto gosta. Um dia espero, ou não, entender o que se passa na cabeça do Abel em relação a esses 2 jogadores (sic).

É simplesmente impossível que um time consiga jogar bem tendo essas 2 “feras” com a responsabilidade de fazer a primeira condução de bola, ou, como os comentaristas gostam de dizer, fazer a transição da defesa para o ataque. Esses 2 jogadores têm uma incompatibilidade com a bola que parece ser instransponível.

No mais, Cavalieri foi o monstro de sempre, os laterais foram mal, com o Wellington Silva correndo muito e realizando pouco e o Monzon aparentemente fora de forma, já que no 1º tempo limitou-se a cruzar as bolas da intermediária. Os zagueiros, como sempre, foram horrorosos. Até o Elivelton parece estar sendo contagiado pelo futebol de baixíssimo nível praticado por Anderson, Eusébio e companhia. Por favor, Abel, para com esse discurso de que a zaga é boa e pede a contratação de um jogador de verdade para essa função.

Felipe jogou no 1º tempo mais ou menos o que dele se espera. É verdade que ainda fora de forma e muito prejudicado por ter à sua frente jogadores do nível de Samuel e Rider (ou, se preferirem, Heineken). Deve ser difícil para ele olhar e ver essas 2 figuras para meter suas bola verticalizadas. Wagner foi, como sempre, muito esforçado e dedicado, mas repetiu as atuações ruins do ano passado. Precisa melhorar muito para conseguir a vaga de titular, conforme declarou no início de janeiro ser seu objetivo.

Na frente, Samuel errou absolutamente tudo que tentou. Não conseguiu sequer dominar passes rasteiros que recebeu. A entrada do Fred nos deu a noção exata do abismo entre eles. No pouco tempo que esteve em campo teve participação efetiva e de excelente nível. Rider não para um minuto de correr e disputa cada lance com muita dedicação, mas dá a impressão de que vai ficar mais uns 2 anos sem fazer um gol.

O resultado de quarta-feira foi o que menos importou, pois certamente estaremos nas semifinais do turno. Mas preocupa-me sim o nível de futebol que estamos praticando nesse início de temporada. Dado o calendário brasileiro, não há mesmo como praticar um futebol de bom nível nesse início de ano, mas a Libertadores já começa daqui a 2 semanas e o time precisa pelo menos estar em um nível razoável para enfrentar o 1º adversário.

Marcelo Vivone

Panorama Tricolor

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Contato: Vitor Franklin