Nem sempre foi assim… (por Jorge Dantas)

… e a ambição tricolor

Os tempos atuais são muito auspiciosos para o Fluminense. Dois títulos nacionais em três temporadas seguidas (já contando com 2012), presença constante nas últimas edições da Libertadores, duas finais seguidas de torneios internacionais e grandes times têm feito a alegria do torcedor.

O Fluminense teve um passado repleto de glórias. Tinha o hábito de ser campeão numa época em que o campeonato carioca era opção única. Era o principal torneio em disputa e o grande motivador de concorrência entre os clubes cariocas. O cenário nacional era mais distante devido à estanqueidade dos campeonatos estaduais e à inexistência de torneios interestaduais.

Somente na década de 1950 surgiram os primeiros campeonatos entre clubes dos Estados. Na época foi criada a Taça Brasil para substituir o decadente campeonato de seleções estaduais. Sobreviveu de 1959 a 1968, mas era restrita aos campeões dos Estados.

O Torneio Rio-São Paulo, disputado anualmente entre os anos de 1950 e 1966, reunia apenas times do Rio e de São Paulo (curioso que o primeiro torneio Rio-SP foi disputado em 1933, retornando somente em 1950). Os times de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, do nordeste e de outros Estados somente passaram a ter participação assegurada em torneios interestaduais a partir de 1967, quando o Rio-São Paulo passou a ser chamado de Roberto Gomes Pedrosa, obtendo amplitude efetivamente nacional.

Nas décadas de 1950 e 1960 o Fluminense passou por uma fase de fastio de títulos, conquistando apenas dois em cada uma delas (1951 e 1959 e 1964 e 1969). Nos anos 1970, auge da minha juventude e quando freqüentava assiduamente o Maracanã, o Flu conquistou 4 títulos (1971, 1973, 1975 e 1976) e nos anos 1980 outros quatro (1980, 1983, 1984 e 1985). Venceu também um campeonato brasileiro em 1970. Era uma alegria ser tricolor.

Os anos 1980 e 1990 foram sombrios, poucos títulos, desinteresse e a vergonha das quedas seguidas para a segunda e terceira divisões.

O novo século parece ter renovado a vocação de títulos do Flu, sobretudo a partir de 2005, quando ganhamos o 30º carioca. Pode parecer paradoxal, pois no período vencemos apenas dois cariocas (2005 e 2012), a copa Brasil de 2007 e o Brasileiro de 2010. Porém, nesse período formamos grandes times, disputamos duas finais de torneios internacionais (Libertadores de 2008 e Sul Americana de 2009) e competimos em três Libertadores (2008, 2011 e 2012). Esses anos nos deu uma experiência e uma qualificação que antes não tínhamos. O resultado disso é que estamos indo para o quarto título brasileiro em 2012 e para a nossa sexta participação na Libertadores, a terceira seguida. A conquista da América é uma questão de curto prazo.

Porém, é preciso ter mais ambição, planejar bem a conquista da Libertadores e do Mundial de Clubes, projetar-se no ambiente internacional, fortalecer a marca Fluminense no Brasil e no exterior, contratar e manter jogadores de renome internacional, continuar montando times vencedores, construir o CT tricolor, melhorar continuamente a estrutura de Xerém para formação das categorias de base, encontrar uma solução para ter um estádio de referência (provavelmente o Maracanã), resolver as dívidas pagáveis, aumentar a arrecadação com associados e trabalhar vigorosamente em ações que promovam o crescimento absoluto da torcida.

Creio que existam outras ações que devem ser desencadeadas para que o Fluminense seja considerado um clube de classe mundial, conhecido e reconhecido internacionalmente, com penetração em outros continentes. Não deve ser apenas uma quimera, mas um projeto audacioso, factível, de futuro.

Essas ambições são próprias de um clube do tamanho do Fluminense, que nasceu para ser grande, mas que precisa de seguidas gestões competentes e visionárias, que consagrem essa vocação.

Pensar grande e estrategicamente é fundamental para o Fluminense. Clubes que não tiverem uma boa visão de futuro e não investirem em projetos que contribuam para consolidar suas lideranças, não desenvolverem projetos que os aproximem da população, em especial das crianças, e fortaleçam suas marcas estão fadados ao insucesso ou a incerteza.

Vamos esperar que, ao final do Brasileirão, o Presidente anuncie o planejamento para 2013, as contratações e os objetivos a serem alcançados no ano. O momento de euforia e sucesso é propício para grandes anúncios. Vamos aguardar.


Jorge Dantas

Panorama-Tricolor/ FluNews

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Contato: Vitor Franklin