É necessário colocar o clube em primeiro lugar, presidente (por Vitão)

Contra o Atlético/GO, o Fluminense perdeu David Braz precocemente e se esfacelou em campo. Desorganizado e fragilizado, parecia que o time contava com menos três atletas. Tomou dois gols, perdeu mais uma dentro do Maracanã e pouco ameaçou o rival. Contra o América-MG, o Fluminense jogou praticamente o jogo inteiro com um atleta a mais, mas as melhores chances de gol foram do Coelho. A verdade é que estamos diante de mais uma queda abrupta no desempenho da equipe, fato que se repete no ciclo que o Tricolor vive na temporada. São altos e baixos, glórias e fracassos, subidas rápidas e descidas bruscas, tudo em um curto espaço de tempo.

Após uma partida grandiosa diante do Atlético Mineiro, o desempenho despencou novamente. Já são duas partidas desastrosas diante de dois times modestos, principalmente se analisarmos o elenco tricolor com os olhos dourados do presidente Mário Bittencourt, um vendedor de ilusões que abusa da carência de uma torcida que sofre há tempos. Nos últimos dez anos, o Flu ganhou apenas um campeonato Carioca. No mais, foram lutas contra o rebaixamento, times extremamente fracos e campanhas nada condizentes com a grandeza do clube. O time até voltou a figurar na parte de cima da tabela nos últimos dois Brasileiros, mas totalmente distante de qualquer disputa de título.

Alguns torcedores ficam satisfeitos com o Fluminense se reduzindo a brigar pela vaga direta na Libertadores. Outros, que conhecem a história da instituição e realmente amam as três cores que traduzem a tradição, não suportam mais o time se apequenando a cada temporada. Diferentemente do que diz a diretoria, o elenco não tem qualidade para brigar por títulos relevantes neste ano. Fomos eliminados na Pré-Libertadores por um time fraco e não conseguimos classificar na Sul-americana mesmo caindo em um grupo com times modestos e inferiores tecnicamente, principalmente se olharmos para esse elenco com os olhos de fada que nosso presidente vos admira.

As questões políticas que envolvem várias contratações, verdadeiras negociatas a céu aberto, fatiam o time titular do Fluminense em Capitanias Hereditárias. A banalização dos reais interesses do clube e do torcedor desvirtuam o trabalho como um todo. O Fluminense não se norteia pela meritocracia, mas sim pelo valor nefasto das Capitanias que o Rei distribuiu. A coluna é tática, mas fica cada vez mais difícil tratar do assunto sem esbarrar nas questões administrativas que imperam diante de tantas outras. Como explicar a insistência com alguns atletas completamente abaixo dos que estão no banco de reservas? O que esses veteranos de altos salários como Fábio, Felipe Melo, Wellington e Bigode estão produzindo no time titular?

Diniz está entre a cruz e a espada. Ou coloca um time jovem e leve para jogar com a intensidade que cultua ou vai afundar com os medalhões de lata do Rei. Contra o América, o Tricolor ficou com um a mais desde os dez minutos iniciais, mas não teve capacidade tática e técnica para se sobrepor ao rival e fazer valer a superioridade numérica. Wellington ficou atordoado com o espaço para progredir e entregou duas bolas para Everaldo, além de vários passes equivocados e erros de posicionamento. Até os zagueiros estavam se dando melhor nas saídas de bola, ou seja, o Fluminense tinha um a mais na teoria. Na prática, Wellington foi menos um durante todo o primeiro tempo.

O campo acima mostra a estratégia adotada por Mancini. O América se fechou no 4-4-1 e entregou as beiradas para o Flu, mas o time de Diniz pouco conseguiu criar. Na verdade, foi o Coelho que teve as melhores chances ao pegar o tricolor completamente exposto nos contragolpes em velocidade. Apático e com o comportamento de quem estava administrando um grande resultado, o Fluminense rodava a bola sem inspiração, sem chute ao gol, sem tabela e até mesmo sem chuveirinho na área. Para iniciar a segunda etapa, Diniz fez duas alterações. Entraram Nonato e John Kennedy nas vagas de Wellington e Yago. Abaixo, o campo tático mostra a dinâmica ofensiva do Tricolor com as substituições.

O time melhorou bastante com a qualidade de Nonato, mas virou um amontoado de atacantes sem coordenação e extremamente exposto. Diniz escalou e mexeu mal. O futebol pouco inspirado e displicente, demonstra que a falta de meritocracia e as imposições extracampo vão minando o foco e o psicológico do elenco. Por isso o clube oscila entre o céu e o inferno sem conseguir a estabilidade que necessita para ser competitivo, constante e respeitado. Após mais uma entrevista midiática de seu presidente, na verdade uma extensa campanha eleitoral populista, o Fluminense continua seu voo turbulento na temporada. Para se aprumar nos ares e alçar grandes voos, é necessário colocar o clube em primeiro lugar, presidente. A realidade está ficando cada vez mais difícil de ser maquiada. Salve o Tricolor!