Nada será como antes (por Paulo Rocha)

O gosto da tragédia ainda está em nossa boca. Menos de uma semana pós o incêndio que vitimou dez meninos no Ninho do Urubu, Flamengo e Fluminense se enfrentam por uma vaga na decisão da Taça GB. Contudo, não haverá vencedores desta vez. A tristeza é infinitamente maior, até mesmo que essa rivalidade ancestral.

Difícil mensurar o sofrimento das famílias. Perder filho é como perder a vida e continuar no corpo. Quando repórter, cobri categorias de base, inclusive a rubro-negra. Vi de perto o brilho nos olhos dos meninos que sonham dar uma vida melhor às famílias. Quem poderia imaginar que um sonho poderia se transformar em um terrível pesadelo?

Realmente, 2019 está difícil de engolir. É tragédia atrás de tragédia. Mas para nós que ficamos – ou que não somos atingidos por elas diretamente – é preciso seguir em frente. Mostrar aos nossos filhos que o mundo é um lugar bom para se viver. Está mais difícil a cada dia. Independente da crença de cada um é preciso muita fé para tocar o barco.

Espero que o Fluminense possa em breve nos fazer esquecer, ainda que por instantes, a dureza da vida. A inovadora e ousada filosofia de jogo, a chegada de Ganso, a recuperação de Gilberto e de Pedro…temos motivos para esperar por dias melhores.

Enquanto eles não chegam, não desistamos de acreditar que não há mal que dure para sempre. Pela primeira vez, não haverá vencedores no Fla-Flu. Apenas saudade. O futebol carioca jamais presenciou tragédia de tal crueldade. Por isso mesmo, nada será como antes daqui para frente.

Panorama Tricolor

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