Me tirem daqui (por Zeh Augusto Catalano)

arquibancada-vazia1Poucas sensações são mais horrorosas do que você ir a um jogo despretensioso, num domingo qualquer, certo de que vai ver uma vitória magra ou um joguinho esquecível como muitos outros. Daqueles que em um mês você já apagou da memória.

Aí, pra sua surpresa, dá tudo errado. O joguinho fácil vai se desenhando apocalítico e, no meio do segundo tempo, com tudo irremediavelmente perdido, você começa a rezar pra que aquilo acabe logo.

Muitos abandonam o time e vão embora, como se a fuga fosse resolver o problema ou mudar o placar do jogo. Não resolve. Acho que isso vocês já sabem. E pode produzir cenas como a do Fla-Flu de 95, quando grande quantidade de tricolores perderam um dos lances históricos do Maracanã. Fico imaginando o que sente um torcedor que abandonou o time e, descendo a rampa do Bellini, ouve o gol da vitória.

Sei que ninguém tem sangue de barata, mas vaiar durante o jogo também não ajuda. Embora uns se importem mais com as vaias que os outros, o resultado não pode ser bom. A menos que surja um novo Julinho Botelho que, ao ser vaiado, resolva acabar com o jogo.

Sobre domingo, quando entrou o terceiro gol, temi que o Flu tomasse uma tunda histórica, tal o desvario que tomou conta do time. Mas aí aconteceu um fenômeno dos mais comuns hoje em dia no futebol. O Botafogo parou. Reduziu a marcha e passou a ser muito menos objetivo. Isso salvou a tarde tricolor de destino muito pior.  Compando com um MMA da vida, é como se um lutador tivesse dado porrada no outro e, ao invés de liquidar a luta, ficasse rodando em volta do derrotado. Coisa que não se vê na Espanha, por exemplo, quando um Barcelona resolve moer o adversário.

Acredito que, hoje em dia, em muitos casos desse tipo, jogadores dos dois times negociem informalmente uma trégua, visando não causar uma crise no lado derrotado. Os jogadores rodam de time em time, de forma que não é mais interesse de ninguém massacrar o adversário. Felizmente, às vezes, tal atitude beneficia o nosso lado. Mas mesmo assim, sair antes, jamais.

Me espantou muitíssimo a derrota psicológica de Fred para o (bom) goleirinho do Botafogo, filho do azaradíssimo João Leite. Ele era o goleiro do Atlético-MG quando da roubalheira do Serra Dourada, em 81. O garoto conseguiu desestabilizar a confiança do Fred, que deu toda a impressão de que não conseguiria mesmo marcar seu gol. Pênalti é confiança e treino. Um leva ao outro. O que será que está faltando? Qual deles? Seriam os dois?

Andel me contou que o árbitro deu um cartão pra Cavalieri por estar maltratando o campo de jogo antes da partida. Fiquei curiosíssimo de ver essa sandice…

Atravessar a rua pra protestar? Não! Pra quê? Já tem gente suficiente lá…

Falando em vazio, não é só o futebol que sofre, no Brasil, com campos e quadras vazias. O tal Brasil Open de Tênis segue aqui com dois tenistas de 2º escalão jogando praticamente pras moscas… É necessária uma politica urgente, mundial, pra revitalizar os esportes e sua audiência.

Antes que seja tarde.

Panorama Tricolor

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Foto: idiomadabola.com