Onde Diniz vai encaixar Marcelo? (por TTP)

O Fluminense renovou o contrato de patrocínio para o futebol profissional por mais um ano com a Universidade de Vassouras. Isso deveria servir para varrer para longe minhas dúvidas em relação a Marcelo. Porém, não ocorreu.

Quanto mais se aproxima a data da estreia do craque nesta volta ao Tricolor, maior fica a incógnita na minha cabeça: onde Diniz vai encaixar o jogador?

O mais óbvio seria a entrada na lateral esquerda, por ser sua posição de origem. Por sinal, uma posição que nos últimos anos gerou polêmica no Flu.

Ainda segundo a lógica de que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, Alexsander é o que menos tem calibre para peitar a entrada do multicampeão do Real Madrid.

Sinceramente, acredito que pelo nível do futebol brasileiro, Marcelo sobrará tecnicamente em campo. O problema é a parte física. Na lateral, o jogador teria condições de atacar e recompor sem comprometer o desempenho da equipe? O esquema de Diniz exige muita entrega dos jogadores, e quando isso não ocorre costuma dar tudo errado.

Há ainda duas possibilidades, caso o treinador tricolor não escolha a lateral como a posição ideal para Marcelo. Uma delas seria a saída de Keno. Como considero o poder de finalização deste jogador superior ao do novo reforço, talvez o time passasse a jogar em uma espécie de 4-3-1-2, com o jogador atuando mais próximo da dupla de ataque, com Ganso se transformando em uma espécie de terceiro volante. Ou o que eu chamaria de falso-volante, porque este esquema na prática acabaria virando o tradicional 4-4-2.

Eu não optaria por essa ideia. Para essa condição, prefiro Keno e o 4-3-3 usado pelo time. Fosse para sacar Keno, eu entraria com toda tranquilidade com John Kennedy ou o recém contratado Lelê. E olha lá, se não deixasse Keno como reserva de um deles.

A última possibilidade seria a saída de Martinelli. A manutenção do esquema 4-3-3, com o meio composto por André, Ganso e Marcelo. De todas as ideias, essa é a que considero mais temerária (palavra mais educada para ridícula ou absurda).

Nem mesmo um defensor aguerrido de Martinelli, como sou, duvida que o poder de criação de Marcelo seja muito superior. Não vou ficar aqui com diarreia dialética, comparando a carreira de um jogador que ganhou tudo e está perto de terminar sua jornada, com um jovem que está ainda se consolidando como titular do seu clube.

Meu problema não é falta de qualidade no futebol de Marcelo, é óbvio, mas essa ideia seria um tiro no pé com risco de morte no esquema de futebol de intensidade arquitetado por Diniz. Ninguém por mais benevolente que seja, pode acreditar que Marcelo e Ganso dariam o poder de marcação necessário para não sobrecarregar André e a defesa. Isso acabaria obrigando um maior recuo defensivo por parte de Keno e Arias, deixando a possibilidade de contra-ataques menores. Isso para não entrar em análises mais Edgarianas ou Vitorescas (homenagem aos nossos companheiros de bancada).

Olhando tudo isso, chego a uma conclusão que vai na contramão da grande maioria esmagadora de pessoas que anseiam pela estreia de Marcelo: o fato de que ele talvez não fosse o titular do meu time no momento, estivesse eu ali, no lugar de Fernando Diniz.

E, por isso, posso dizer tranquilamente da posição de quem o emprego não corre riscos: fosse eu o treinador, Alexsander, com todo pesar, você seria a cabeça da hidra que eu cortaria. Para ficar de bem com o clube e de bem com a torcida. Ninguém aqui venha me dizer que não é válido defender o próprio pescoço.

Ainda bem que eu não sou você, Diniz.