Marcelo, Lelê e a Liga (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, deu a louca no Fluminense e no futebol brasileiro. Coisas que pensávamos inimagináveis estão acontecendo. O desafio é tentar explicar o porquê.

Vamos começar pela Liga. A Libra, pelas últimas que tenho lido, está fazendo um movimento forte no sentido de acatar as exigências da LFF. Não chega a ser algo que possamos qualificar como rendição, mas como uma lufada de bom senso em prol do futebol brasileiro.

Ao que tudo indica, o modelo a ser adotado, já com investidores bem animados em participar, é algo muito próximo ao que propõe a LFF, com uma divisão de receitas mais justa, embora longe do melhor modelo, que é o da Premier League. Em outras palavras, uma diferença não superior a 3,5 vezes entre a receita do melhor e do pior remunerado pela Liga, quando poderíamos avançar em direção a algo mais justo e competitivo.

Não obstante, temos que admitir que há um avanço no sentido de amenizar profundamente, embora não de extinguir, as distorções do malévolo modelo atual, fruto de articulações malévolas engendradas no submundo dos gabinetes.

Ao que tudo indica, a Liga vai sair e o futebol brasileiro se fortalecerá organicamente do ponto de vista econômico e ético.

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Como tenho dito aqui, a estratégia de Mário Bittencourt é a de apostar no círculo virtuoso. Do ponto de vista lógico e estratégico, é o que explica a contratação de Marcelo e o chapéu que o Flu deu no Vasco para trazer Lelê para a Barra da Tijuca. A contratação de Lelê, aliás, por empréstimo, até o fim do ano, não chega a ser o que se pode chamar de jogada arriscada, até porque existe a opção de compra ao término do contrato por um preço bem camarada, claro, se Lelê continuar fazendo o que anda fazendo nos gramados do Flamengão, competição da qual é o artilheiro, com dez gols, três a mais que o formidável Germán.

Torcida mobilizada, quadro de sócios crescendo, visibilidade e um time que tem todas as credenciais para nos fazer sonhar alto pelo menos pensando nos próximos dois anos. A viabilidade financeira disso? Só se tudo der muito certo, se as premiações e títulos vierem. Ou, numa outra possibilidade, se o lastro para o apetite por contratações for algo de que não temos conhecimento.

A má notícia é que a chegada de Lelê indica que JK já está negociado, pelo menos levando em conta o modus operandi da atual gestão. Não seria exagerado ter Lelê, JK, Keno e Cano como opções para o ataque em uma temporada com muitas exigências. Opções poderosas, podemos dizer.

Quanto a Marcelo, sobre quem já disse que pode ser qualquer coisa, desde um fiasco a uma das maiores contratações da história do futebol brasileiro, a minha preocupação recai agora sobre como utilizá-lo no time. Temos um quarteto central que dificilmente será mexido, que inclui André, Martinelli, Ganso e John Árias. Assim como Cano é senhor do ataque. Temos duas posições sobrando, sendo uma delas a para lá de problemática lateral-esquerda. A outra é uma questão que envolve o desenho tático da equipe. Iremos de 4-4-2 ou 4-5-1.

O meu entendimento é que temos quatro homens brigando pela titularidade de duas vagas no time principal: Marcelo, Alexsander, Keno e Lelê. Todos, diga-se de passagem, com ótimas credenciais. Podemos, ainda, incluir JK, caso, claro, eu esteja enganado quanto à sua venda imediata.

É um ótimo dilema para quem precisa de elenco e tem Lima, cada vez mais, crescendo dentro do modelo de Diniz, mesmo sendo reserva, sem contar com a enxurrada de jovens meias, que terão que se digladiar por espaço. Falo de Arthur, Giovanni e, agora, Pirani, todos pontos de interrogação.

Por incrível que pareça, nossa maior dor de cabeça passou a ser a zaga, graças à lesão de Manoel, que vem evidenciando que David Braz não parece ter condições de assumir a condição de titular. No pouco que vi, Vitor Mendes se saiu melhor, mas não parece ser essa a visão de Diniz, que também não parece ter visto em Luan Freitas uma opção confiável, pelo menos ainda.

Diante disso, parece que criamos uma vulnerabilidade que precisa ser resolvida, porque não faz sentido montar um elenco como o atual e deixar um setor vital desguarnecido.

De qualquer modo, o Fluminense pode ser fortíssimo nessa temporada e, sim, conquistar títulos importantes, com um elenco que oferece muitas opções técnicas e táticas.

Saudações Tricolores!