Maracanã? Só nas memórias (por Zeh Augusto Catalano)

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Cinco de agosto de 2007. Já se vão quase seis anos do dia desta foto. Fluminense 0 x 1 Palmeiras. Pouco lembro desse dia frio, exceto por essa foto, do placar eletrônico que foi nosso companheiro por tantos anos no Maracanã. Naquela época, já se falava em Museu do Futebol. Mas os placares (apenas um aparece na foto. Os outros estavam juntos, ainda mais destruídos) já eram sucata. Estavam ali encostados como entulho de um Maracanã que deixava de existir.

O Maracanã da minha infância e adolescência deixou de existir quando se arrombaram as entradas das arquibancadas em nome da segurança. Aquela sensação única, de ver a luz no fim do túnel e o anel inteiro surgir na sua frente com um rugido ao sair do túnel estreito, a placa de lata da coca cola que era sempre socada acima da sua cabeça, acabou quando se abriram verdadeiras avenidas de acesso pras arquibancadas.

O Maracanã deixou de ser um estádio agradável e fresco quando fecharam o anel superior para construir camarotes. A entrada de ar no estádio ficou comprometida. O estádio virou uma panela. Esquentou.

O Maraca deixou de ser confortável por causa das inacreditáveis divisórias de concreto para os setores que, em nome de uma segurança inexplicável, condenou uma parte do estádio a se espremer com milhares de pessoas numa área pequena enquanto a outra metade do estádio estava vazia. As cordas do Gepe não eram mais suficientes para separar as torcidas. A flexibilidade de espaço acabou. Criou-se inclusive a área branca, supostamente neutra, mas na verdade uma área mista onde as maiores confusões que vi no Maraca pós-muros aconteceu.

O Maraca deixou de ter a graça que tinha quando passei a ser obrigado a entrar e sair do estádio pela rampa da UERJ, porque a entrada de vascaínos, por questões de segurança, só seria feita por aquele lado. Pouco importa se eu venha da Tijuca, exatamente do outro lado do estádio. A “segurança” de dentro do estádio me obrigava a dar a volta. Me segregava da outra torcida como se fôssemos feras enjauladas.

Por tudo isso, o meu Maraca já havia acabado há muito tempo. Não estou aqui avaliando se era melhor botar abaixo, deixar como estava e fazer outro, se valeu a pena financeiramente, o quanto roubaram… Estou afirmando que o Maracanã já havia deixado de existir. Ele já era um arremedo do que era antes. Quente, desconfortável, já não oferecia mais boa parte das sensações que eu tive quando pirralho.

Geral? essa então, nem se fala… Abaixo minha grande lembrança de um Vasco 4 x 1 Corinthians, em 1987. Um quarto de século atrás…

http://books.google.com.br/books?id=PG8HLiJAcdUC&pg=PA9&dq=placar+19/10/1987+página+9&hl=pt&sa=X&ei=4nl-UdafDqHY0gHd64CwDw&ved=0CC4Q6AEwAA#v=onepage&q=placar%2019%2F10%2F1987%20p%C3%A1gina%209&f=false

Finalizando, espero o melhor do novo estádio. Mas tenho a maior curiosidade para ver como vão separar as torcidas. Como vão impedir que loucos invadam o campo. Não há mais fosso. Não há mais alambrado. Estamos brincando de país civilizado. Ou será que não? Acho que vai se tentar de todas as formas impedir que aconteça qualquer clássico dentro do Maracanã até a Olimpíada. Aposto, infelizmente, num fechamento do estádio até, se bobear, 2018, pois com o formato montado, não me parece haver forma de se segregar as torcidas. E ai? Como vão impedir a violência? Tirando os 100, 200 bandidos das torcidas? Ou simplesmente impedindo o estádio de funcionar? Infelizmente, aposto na segunda opção. O tempo dirá.

Aparentemente, acertaram. O estádio parece lindíssimo e com uma visão maravilhosa do campo. Que assim seja. Amém!

Zeh Augusto Catalano

Panorama Tricolor

@PanoramaTri