Exatamente há meio século, o Fluminense dava os passos para mais um capítulo de sua eternidade, ao conquistar o título estadual de 1975, competição mais importante daquela época e consagrando definitivamente a expressão “Máquina Tricolor”, que embora já tivesse sido utilizada noutras vezes, ali tomou a sua forma definitiva.
Disposto a acabar de vez com o estigma de “timinho” que o Fluminense carregava desde 1951, o eterno presidente Francisco Horta tratou de montar um timaço. De cara, contratou feras como Zé Mário, Mário Sérgio e Roberto Rivellino que, somados a outros grandes nomes e às revelações da casa, transformaram o Fluminense numa espécie de Harlem Globetrotters do futebol, viajando o mundo para dar exibições de bola. Por duas temporadas, a Máquina encantou o Brasil e o mundo, inclusive ganhando de times como o Bayern de Munique, base da Alemanha campeã mundial de 1974. O próprio Flu contava com quatro campeões mundiais no México em 1970: Félix, Marco Antônio, Rivellino e Paulo Cézar Lima. E em 1976 o Flu bateu seu recorde de média de público no Brasileirão, com mais de 43 mil pagantes por jogo.
Cinquenta anos depois, a Máquina perdura como um dos maiores times da história tricolor, do futebol brasileiro e mundial, queiram ou não seus eventuais haters. Está muito acima de qualquer conquista. A simples vista de seus posters liquida quaisquer dúvidas.
MÁQUINA TRICOLOR, A LIRA DO DELÍRIO
Até o ano de 1975, o Fluminense era “apenas” o colonizador do futebol brasileiro. Sendo claro, o Fluminense ditou todos os parâmetros de excelência do esporte bretão: inventou a torcida, o estádio de porte, as competições, tudo. Campeão do mundo, do Brasil, do Rio, desafiando definições o Tricolor atravessou 73 anos escrevendo a história da maior paixão popular deste país. Mas ainda era pouco.
Durante dois anos, 1975 e 1976, a orquestra criada pelo maestro Francisco Horta, o eterno presidente, fez do Flu o time mais famoso do mundo: a Máquina Tricolor. Uma de suas façanhas foi simplesmente bater o Bayern Munchem, base da Alemanha bicampeã mundial em 1974, no Maracanã.
Entre o sonho e a realidade, a Máquina ganhou corações e mentes mundo afora. Basta uma única foto do time perfilado e todos sabem que ali está o maior Fluminense que se poderia sonhar.
Golear o Corinthians num sábado de Carnaval na estreia de Rivellino. Triturar os adversários no campeonato carioca, então o mais importante do Brasil. Esfarelar equipes estrangeiras e conquistar torneios internacionais.
Vencer ou vencer, eis a questão. Um time que virou uma legenda: a Máquina talvez só seja comparável em seu tempo à magnífica Holanda de Cruijff – que quase veio parar no Flu -, Neeskens e companhia. Monstros como Rivellino, Doval, Carlos Alberto Torres e Paulo Cézar Lima. Jovens craques como Edinho, Pintinho e Cléber. Tome Gil, Dirceu, Rodrigues Neto, Mário Sérgio, Manfrini e toda a turma. Dois anos de poesia nos gramados.
A força da Máquina era tamanha que em 1976 o Fluminense conseguiu a melhor média de público de sua história. E em 1977, já com a grande equipe desfeita, o Flu ainda tinha em campo jogadores como Wendell, Edinho, Rubens Galaxe, Pintinho, Cléber, Rivellino, Marinho Chagas e Doval, campeões da famosa Taça Teresa Herrera, e nomes escondidos no banco como os já veteranos Dirceu Lopes e César “Maluco”.
Tudo começou há 50 anos com a genialidade e o carisma inigualáveis do eterno presidente do Fluminense, Francisco Horta – o Maquinista.
Parece que foi ontem. O sonho não acabou: virou eternidade.