Madureira 0 x 1 Fluminense (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, talvez devamos agradecer ao time do Fluminense por ter entrado em campo na tarde deste sábado no Maracanã. Porque ficou nítido o sacrifício, o quanto foi penoso atuar diante do Madureira, recentemente derrotado pelo Sampaio Corrêa.

Com uma escalação extravagante, com muita gente fora de posição, o Fluminense parecia talhado para atacar intensamente. O que vimos, no entanto, foi um jogo monótono, salvo pelo gol de Lelê, após assistência primorosa de Diogo Barbosa, já no segundo tempo, após passe espetacular de Arias.
Diante de tudo que (não) vimos na tarde desse sábado pós-carnavalesco, há uma análise que se faz absolutamente necessária, porque algumas coisas demandam leitura, embora nem sempre delas advenham conclusões.

O Fluminense iniciou o Flamengão com uma equipe totalmente alternativa, repleta de jovens. Ao longo de quatro partidas, mesmo com algumas peças questionáveis como titulares, mostrou evolução. Tanto é assim, que começou empatando com o Volta Redonda, ainda que jogando melhor, e terminou impondo um 3 a 0 ao Nova Iguaçu, o melhor dos ditos pequenos, que tem grandes chances de chegar às semifinais da competição.

Na partida diante do Nova Iguaçu, o Fluminense alternativo iniciou o duelo com Vitor Eudes; Justen, Luan Freitas, Antônio Carlos e Rafael Monteiro; Felipe Andrade, Gabriel Pires e Arthur; Isaac, João Neto e Lelê. Foi uma das duas melhores exibições do Fluminense na temporada.

Contraditoriamente, no jogo seguinte, depois de menos de duas semanas de pré-temporada, o Fluminense decidiu atuar com a turma que viajou para o Mundial, os nossos titulares. Que fizeram grande partida contra o Bangu, assombrando a todos, haja vista o pouco tempo de preparação. O placar final foi de 4 a 1 para o Fluminense, fora o baile, mas acabou por aí.

Foi o suficiente para apagar da nossa memória o que até então acontecera. Desde então, sumiram da escalação alternativa, gradativamente, João Neto, Luan Freitas, Arthur e Isaac. João Neto, na partida seguinte, contra o Boavista, ainda marcou o gol de empate, já no final, evitando um desastre maior de uma equipe totalmente descaracterizada. Que não era nem o Time A, nem o Time B.

Dali em diante, vimos um Fluminense titular, sem muita pegada, ganhar de 1 a 0 do poderoso Sampaio Corrêa e empatar com os delirantes vascaínos, sem gols. Até que no jogo de hoje surgiu uma formação que requer, porém não terá, explicações aceitáveis. Além de desentrosados, os jogadores do Fluminense, já, no final, reforçados por Arias, Ganso e André, protagonizaram momentos de falta de interesse pelo jogo e até de cera.

Nada mais justo que o público reduzido e as vaias ao final da partida. Afinal, falta coerência e, em campo, futebol. Douglas Costa até que produziu alguma coisa ofensivamente, mas nada de espetacular. Terans esteve muito mal e JK poderia ter levado para campo uma bola exclusiva. Lima fez péssimo primeiro tempo, deslocado para o lado esquerdo do ataque, e o resto do time tentou descascar o abacaxi, mas sem muita eficiência.

Lelê, que pouco tocou na bola, acabou deixando sua marca de artilheiro, num momento em que o Fluminense tinha em campo uma profusão de atacantes. Foi o Madureira, porém, quem acabou sendo mais perigoso no segundo tempo. Poderia até ter empatado o jogo não fosse a total falta de afinidade do seu ataque com o gol.

A pergunta que fica é: por que não mantiveram aquele Time B que canibalizou o Nova Iguaçu na quarta rodada do campeonato? Teria facilmente batido esse Madureira, que até se defendeu bem, porém sendo favorecido por um Fluminense desentrosado, lento, confuso e, em determinados momentos do jogo, pueril.

Que me respondam os sábios da tribo, porque eu estou naquela fase de que se não tem explicação lógica não sou eu que vou explicar.

O Fluminense vive um momento mágico – e bota mágico nisso -, mas continua o mesmo, reproduzindo suas idiossincrasias ano a ano. Ainda bem que elas andam vindo acompanhadas de títulos e crescimento econômico.

Aliás, por falar em títulos, a partir da próxima quinta, diante de nosso algoz predileto, a LDU, também conhecida como Liga da Altitude, iniciamos a disputa, em dois jogos, da Recopa da Libertadores. São quase R$ 10 milhões em jogo. É preciso dinheiro para alimentar nossos desatinos, mas também o círculo virtuoso.

E haja dinheiro!

Saudações Tricolores!