Lições e notícias de Flu x Timão (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o comentário de hoje por onde andei foi a excelente atuação do Fluminense no segundo tempo na noite de ontem. Vimos, ao longo dos 45 minutos finais, tudo que perdêramos de vista nas últimas jornadas. Um Fluminense envolvente, com aproximações inteligentes e viradas de jogo rápidas, tudo movido a inspiração, qualidade técnica e ousadia, que são os pontos fortes dessa equipe.

Fomos, infelizmente, penalizados pelas duas falhas grosseiras de Marcelo no primeiro tempo, que nos custaram dois gols sofridos, e pela atuação militante do árbitro da partida, que teve seu auge no pênalti inventado, que culminou no terceiro gol do Corinthians. Nem vou falar dos dois possíveis pênaltis não assinalados ao nosso favor, que foram lances em que o benefício da dúvida cabe perfeitamente na análise.

Falando em falhas grosseiras, Cano, dando uma de zagueiro, quase entornou o caldo de vez, ainda no primeiro tempo, ao dar uma assistência perfeita para o atacante do Corinthians, que perdeu gol feito, quase de dentro da pequena área, sozinho com nosso atônito goleiro.

Lances bizarros, que causaram uma impressão equivocada da nossa atuação. Os erros individuais encobriram um desempenho que nada tinha de espetacular, mas mostrava bons traços do que o Fluminense tem de melhor. O que ficou evidente no nosso primeiro gol, numa jogada bem trabalhada, que teve participação importante de Marcelo na bola metida para Keno.

Um risco grande, pois compromete a análise do desempenho do 4-4-2 com André, Martinelli, Ganso e Lima fazendo o meio de campo. Lima que, aliás, fez partida extremamente produtiva, assinalando dois belos gols.
Apesar de tudo isso, o Fluminense foi para o intervalo com a indigesta derrota de 3 a 1, que, se refletia o que foi o jogo, era o reflexo tão somente dos erros individuais. Voltamos para o segundo tempo com Jhon Arias no lugar de Felipe Melo e o Fluminense deixou os erros para trás.

Keno, que participava muito do jogo, mas pouco produzia no primeiro tempo, subiu assustadoramente de produção, o que nos faz refletir sobre a viabilidade de o termos como arma para a segunda etapa das partidas, pegando adversários mais cansados por conta do esforço para neutralizar as ações tricolores.

Marcelo, vilão da primeira etapa, fez segundo tempo primoroso, mostrando um repertório que até então apenas havia ensaiado em outras jornadas. O Fluminense empatou o jogo e merecia ter virado. Pelo que praticou em campo, exceto pelos erros individuais, inclusive do árbitro, sequer merecia ter levado desvantagem tão elástica para o intervalo.

Amigas, amigos, como muitos de nós já desconfiávamos, o presente e o futuro de Marcelo é o meio de campo. O que não o exime de uma reflexão sobre algumas tomadas de decisão que têm feito do nosso craque uma das mais poderosas armas ofensivas inimigas. É preciso mais foco e, às vezes, optar pelo óbvio e pela simplicidade, algo que certamente aprendeu no curso de sua passagem pela elite do futebol europeu.

Temos Alexsander e Diogo Barbosa para fazer a lateral, dando mais segurança ao nosso sistema defensivo, que nos apresentou uma grande notícia ontem, que foi a atuação de Marlon. Ao contrário de outras jornadas, esteve seguro, confiante e disposto a exibir um repertório de impressionar. Seguro na defesa, exceto nos momentos de pane, acarretados pelos erros individuais, tornou-se mais um a construir jogadas e a abusar da ousadia, mas com qualidade até surpreendente.
Marlon está tão pronto para ser titular quanto Martinelli é indispensável no nosso meio de campo. É um jogador participativo, seguro, marcador e construtor. Funcionará melhor sempre que tiver André em sua retaguarda, para que participe mais das jogadas ofensivas.

Felipe Melo não é zagueiro. Nem se pode dizer que jogou mal na noite de ontem, mas é só ver sua movimentação equivocada no primeiro gol do Corinthians. Enquanto Marlon se desloca para fechar a trajetória do homem da bola, Felipe Melo corre para trás, sem buscar a marcação, deixando que Yuri Alberto receba livre, em progressão, o passe nas costas de Marlon, quando teria que ter encostado no atacante corinthiano.

Atuando com pelo menos três meias durante toda a partida, o Fluminense jogou o futebol que já nos encantou tantas vezes, sobretudo no segundo tempo, mostrando a Diniz o caminho a ser trilhado até o dia 4 de novembro. É colocar essa ideia em campo nos próximos jogos, para que ela seja mais testada, muito embora a história desse time, por si só, já comprove sua eficácia.

Um time com capacidade ofensiva, combate no meio, equilíbrio entre os setores e segurança na defesa. Que vai muito bem se formado com: Fábio, Samuel Xavier, Nino, Marlon e Alexsander (Diogo Barbosa); André, Martinelli, Ganso e Marcelo; Jhon Arias e Germán Cano.

Um time que ganha um banco poderoso com Lima, Keno, JK e Leo Fernandez, capaz de manter a intensidade da equipe durante 90 minutos, que é o que tanto vem nos fazendo falta. Capaz, inclusive, de aumentar nossa ofensividade e letalidade no segundo tempo.

A verdade grita ensurdecedora, exigindo ser vista, ouvida, sentida e aceita. Que Diniz não lhe dê de ombros como resposta. O que fez até aqui não pode se perder nas nuvens dos devaneios.

Saudações Tricolores e Todo poder ao Pó-de-Arroz!