O Fluminense subiu até Caxias do Sul para visitar um de seus maiores algozes no Brasil, o temido Juventude em seu Alfredo Jaconi, onde a chuva faz morada e costuma transformar o futebol em outro esporte. Se bem que, há alguns pares de anos, o que assistimos aqui em nosso país é qualquer coisa, menos aquele velho e violento esporte bretão.
Teria sido melhor ir ao cinema, ao teatro, até mesmo a uma roda de samba, dessas que ocupam calças e ruas dos botecos Rio afora. Mas não, a missa de mirar o Fluminense, sejam quais forem os cavalos avatares que enverguem nossas cores, nos chama.
O Juventude, em crise total, após goleadas sofridas em profusão, treinador recentemente trocado e certamente um dos candidatos a descer de divisão, deu a bola ao Fluminense e deixou que a natureza cuidasse de algumas circunstâncias.
Everaldo recebeu chances de gol, uma melhor que a outra, mas desperdiçou todas que tentou. Martinelli teve a melhor oportunidade da primeira etapa, na verdade duas, de dentro da pequena área. Na primeira cabeçada, Gabriel Taliari dividiu e tocou na bola, que beijou o travessão, no rebote dele mesmo, o goleiro conseguiu abafar e mandar para tiro de canto. Requintes de crueldade.
Não foi maior do que nos obrigar a assistir tamanho desalinho entre os setores do time, que mais pareciam integrantes turistas nos desfiles das escolas de samba no carnaval, aqueles que não sabem vestir a fantasia, não decoraram as letras e se têm algum samba no pé, não conseguem demonstrar.
Com tamanha falta de destreza dos escalados por Portaluppi e Mendes, o Juventude resolveu tomar as rédeas da partida na segunda etapa, e não encontrou grandes dificuldades de chegar ao gol: Batalla em bela jogada, tocou para a rede na saída macambúzia de Fábio, abrindo o placar antes da chuva.
Mas assim como Joseph Climber, vivido por Welder Rodrigues em esquete da companhia ‘Os melhores do mundo’, Hércules não desistiu de uma jogada aguerrida e, na garbosa tarde do céu cinzento gaúcha, empatou a peleja e, minutos depois, quase fez o vira-vira para o Tricolor.
A reta final do jogo mais pareceu o fechamento de uma produção audiovisual em que o orçamento estourou, várias decisões estapafúrdias, chuva alísia desceu com força e o treinador e atleta de futevôlei Renato, fez das suas: colocou Riquelme e Isaque em campo pesado, os moleques que voltaram há pouco de lesão e ainda meteu Renato Augusto de falso nove.
Samuel Xavier foi expulso em lance que impediu a entrada de Batalla livre dentro da área; mas o VAR chamou para rever o lance, pois na origem da jogada, Thiago Silva cabeceou a bola no braço do Taliari, antes que a gorduchinha chegasse em Emerson. Uma pena o mesmo VARista não ter chamado o árbitro para rever o lance que causou arranhão na canela de Serna.
Xavier, que já estava se preparando para o banho pós-partida, foi trazido do balneário, já que Wilton Pereira anulou a expulsão ao rever o lance. Na confusão, Portaluppi sinalizou a intenção de tirar seu xará, o Augusto, para repor a lateral com Guga, mas com a desexpulsão, ele tirou o camisa dois para colocar Ignário, além de inserir Baya no lugar de Martinelli.
O time terminou em um desenho exótico, em uma espécie de 3-X-Y, algo para além da compreensão deste homem do povo que, humildemente e com retórica parva rabisca essa resenha.
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JUVENTUDE 1 x 1 FLUMINENSE
Campeonato Brasileiro – 9ª Rodada
Alfredo Jaconi – Caxias do Sul-RS
Domingo, 18/05/2025 – 16:00h (Brasília)
Renda: R$ 88.109,00
Público: 8.115 pessoas presentes
Arbitragem: Wilton Pereira Sampaio (GO). Assistentes: Bruno Raphael Pires (GO) e Leone Carvalho Rocha (GO). Quarto Árbitro: Maguielson Lima Barbosa (DF). VAR: Thiago Duarte Peixoto (SP)
Cartões Amarelos: Wilker Ángel 35’, Gilberto 56’, Alan Ruschel 63’ (JUVENTUDE); Nonato 24’, Gabriel Fuentes 45’+3’, Samuel Xavier 79’ (FLUMINENSE)
Gols: Emerson Batalla 54’ (JUVENTUDE); Hércules 57’ (FLUMINENSE)
JUVENTUDE: 1-Gustavo; 93-Reginaldo (2-Ewerthon 60’), 4-Wilker Ángel, 47-Marcos Paulo e 28-Alan Ruschel©; 16-Jádson, 95-Caique (34-Rodrigo Sam 87’_, 27-Emerson Batalla e 44-Luis Mandaca (11-Giovanny 73’); 9-Gilberto (10-Nenê 60’) e 19-Gabriel Taliari (17-Matheus Babi 87’). Téc.: Cláudio Tencati. 4-4-2
FLUMINENSE: 1-Fábio; 2-Samuel Xavier (4-Ignácio 89’), 3-Thiago Silva©, 22-Juan Freytes e 12-Gabriel Fuentes; 35-Hércules, 8-Martinelli (77-Paulo Baya 89’) e 16-Nonato (28-Isaque 68’); 21-Jhon Arias, 90-Kevin Serna (37-Riquelme Felipe 68’) e 9-Everaldo Stum (7-Renato Augusto 76’). Téc.: Renato Portaluppi. 4-3-3