Ideia ruim, elenco com recursos: o Flu da estreia (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, meu dia de ontem caminhava perfeito até as 18h, quando eu chegava em casa com a consciência do dever, pelo menos aquele de até então, cumprido. Meu compromisso era de fazer a live de pré jogo do Panorama a partir das 19h. Compromisso esse para o qual eu estava empolgado, com muito o que dizer e doido para voltar a compartilhar a telinha com os amigos.

Já deixara o note devidamente posicionado para minha participação. Preocupei-me, então, em fazer um lanche. Por volta das 18h40, chegando a hora da live, decidi entrar no chat, mas, para minha surpresa, cadê a internet? Ligando para a operadora, descobri que havia um problema específico no meu condomínio, que tinha tido uma queda de luz, provavelmente em função da chuva forte que caíra no final da tarde. O horário previsto de retorno era às 21h.

Tentei recorrer ao celular, mas o 4G simplesmente não funcionava. Fiquei preocupado, porque eram três comentaristas escalados e eu acabaria desfalcando o programa. Depois de muitas tentativas, consegui constatar que já tínhamos três comentaristas no programa e acabei me contentando em buscar uma forma de assistir ao jogo, já que precisava de internet para isso.

Propósito que só alcancei já com oito minutos de partida, quando finalmente meu 4G funcionou e conseguimos rotear o sinal para o meu note. Aliás, dizer que alcancei o propósito é de um otimismo sem tamanho, porque a realidade foi bem diferente. A imagem congelava a cada dois minutos, sem me privar da constatação de que o que se via em campo era tão ou mais desagradável.

A internet voltou na altura dos 16 minutos da segunda etapa. Foi quando finalmente pude acompanhar a partida com olhos de crítico e torcedor, já que o sinal finalmente me permitiu. E olhando para aqueles 35 minutos finais, a impressão era de que o Fluminense merecia resultado melhor que a derrota de 1 a 0. E não teria havido demérito para os fatos caso acontecesse. Não obstante, o jogo precisa ser analisado pelos seus 90 minutos, e aí vamos nós.

A ideia inicial de Abel, com um 3-5-2 com três zagueiros, dois volantes e dois laterais, com um meio que não jogava, é natimorta. As investidas ofensivas do Fluminense se limitavam a explorar continuamente as laterais ou fazer ligações diretas, sempre procurando fazer a bola chegar à área para as iniciativas de Fred e Willian. O resultado foi um único momento de perigo levado ao gol adversário, que foi mais efetivo ofensivamente, sobretudo porque soube que seria favorável marcar nossa saída de bola com pressão, e a derrota de 1 a 0.

A ideia de jogo do Abel me lembrou o conceito dos anos 90. Poderia até lembrar a Seleção Brasileira de 2002, mas é só olhar a nossa escalação para perceber as diferenças. O time melhorou após o intervalo com a troca do esquema para um 4-3-3, com Luís Henrique entrando no lugar de Felipe Melo. Mais do que previsível, mas, se era previsível, por que a escalação inicial?

Ao longo da segunda etapa, Abel foi fazendo substituições, que ora melhoravam, ora pioravam o time, mas sempre ganhando intensidade no meio e empurrando o adversário para trás, com destaque para a entrada de Martinelli no time, no lugar de Nathan, que percorreu todo o campo, durante o primeiro tempo, tentando encontrar uma forma de fazer o meio de campo participar do jogo. Tudo embalde.

O que chama atenção é que a toda mudança ficava evidente o interesse em possibilitar que a bola chegasse a Fred em condições de finalizar. Fomos felizes em boa parte do segundo tempo, mas a pobreza da ideia não deixa, por isso, de ser constrangedora, em que pese a participação importante do centroavante ao longo daquela etapa, mesmo quando nosso meio de campo participava do jogo e, com jogadores talentosos (André, Martinelli e Yago) , empurrava o Bangu para trás.

Não vou me alongar tanto na análise, até em função da pouca integridade da informação que me chegou ao longo do jogo. O que se pode deduzir é que o Fluminense tem elenco até para brigar por títulos, mas a nossa política para o futebol faz com que as escolhas erradas comprometam nossas possibilidades, tal qual aconteceu em 2020 e 2021. Foi o que o jogo desta quinta mostrou e o que os próximos vão reproduzir, não tenham dúvidas.

Luís Henrique na reserva, Cano entrando só no final e JK sequer relacionado são sinais de que teremos dissabores e de que a torcida terá papel preponderante na temporada, não só sendo a arte em forma de torcida, mas compreendendo a conjuntura e pressionando muito para que nosso futebol seja levado a sério.

Saudações Tricolores!