Horta 85 (por Paulo-Roberto Andel)

O eterno presidente do Fluminense completou 85 anos nesta segunda-feira (23).

A maior prova de sua importância está na lembrança permanente de seu nome, mais de quatro décadas depois de ter montado o mais emblemático time da história tricolor, tão importante que produziu em 1976 a maior média de público do Fluminense desde sua fundação, até hoje não batida, em torno de mais de 40 mil torcedores.

Difícil quantificar as centenas de milhares de torcedores que passaram a perseguir o Fluminense para sempre naquele tempo. Muitos resistiram, foram do inferno ao céu nas últimas décadas e lutam pela sobrevivência da paixão nestes últimos anos, com o Tricolor tão maltratado.

Lúcido, sadio e ativo com oito décadas e meia de vida, Francisco Horta é o paradigma do que deveria ser a estampa política do Fluminense. Elegante, educado, de fino trato, incapaz de desrespeitar quem quer que seja, gigante pela própria natureza, vê-lo falar em entrevistas atuais e antigas é reencontrar a palavra que é mais associada ao Fluminense através dos tempos, mas hoje tão desprezada: fidalguia.

Os mais rasos dizem que Horta ganhou pouco. Os mais bem informados sabem que ele foi monstruoso. Não foi perfeito, longe disso, mas sem sombra de dúvida é o dirigente tricolor que mais teve a noção da grandeza do clube – e por isso montou dois times que, em seus posters, revelam um Fluminense gigantesco e inesquecível. Imagine o que teria feito com os 15 anos de patrocínio da Unimed…

Nestes dias difíceis e até dramáticos para o Flu, celebrar o nome de Francisco Horta é se reencontrar com a nossa gente, a nossa história, uma nuvem continental de pó de arroz, um mar de bandeiras tricolores e um time que já nasceu apoteótico. Se não ganhamos o Brasileiro e a Libertadores, para os quais ninguém ligava à época, azar das duas competições: elas é que não tiveram o brilho tricolor de um Rivellino, um Pintinho, um Gil ou um Edinho em suas fotos de glória.

As crianças de 1970 estão até hoje apaixonadas pelo Fluminense. Que as de 2013 não tenham seus corações maculados pelo que hoje aí está.

Panorama Tricolor

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Foto: Erica Matos

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