Seguramente não foi o pior jogo do ano do Fluminense, mas foi um retrato da pior campanha do segundo turno. Acomodado em campo, o Flu acredita piamente que os 43 pontos que conseguiu enquanto quis jogar bola no campeonato já lhe são o salvo-conduto da tranquilidade.
Eu nutro sempre meus temores. Nasci pessimista de pé atras. Coisa de gauche.
A primeira etapa foi de um domínio espantoso do Grêmio. Nosso meio não combatia nem fechava espaços e a zaga teve sorte por várias vezes, em um esquema que só pode ser definido como “barata voa”. A cada bola cruzada, pelo alto ou por baixo, era como aquelas confusões de “saloon” de faroeste americano.
O ataque, por sua vez, igualmente pouco produziu. Marco Junio foi figura apagada – relevemos, o menino vem bem mesmo com o time mal – e Osvaldo ainda não mostrou a que veio. Fred parece ter também perdido a paciência com ele. Aliás, o capitão parecia ser o único disposto a uma partida de futebol na noite. Pena que sua cabeçada – nossa melhor chance – parou caprichosamente na parte interna da trave.
O apito que encerrou o primeiro tempo trouxe alívio, mas a preocupação pela etapa complementar alojaram-se no espírito da torcida que acompanhava a partida.
O que fazer com um time que se acomoda com extrema facilidade? Milionários cansados? Descompromisso? Falta de vontade? O que explica o espírito blasé da equipe em boa parte dos jogos neste segundo turno? Torço para que nada seja de grave, mas é necessário mais atitude em 2016.
Tentando pouco e com o pouco tentado sem qualidade, ficou difícil resistir ao maior volume de jogo gremista – note-se, porém, que o Grêmio não fez grande partida, apenas mostrou mais vontade – e em uma subida atabalhoada de Gérson, o árbitro acertou ao apontar à cal.
Um a zero para eles. Fred, no sacrifício, já pensa que não vale tanto assim sacrificar-se quando falta suor de todos em campo. Gérson, descontrolado, agride o jogador gaúcho, deixando-nos com 10 em campo. Revés no placar e um segundo tempo inteiro com um a menos.
Nesse contexto, dos males o menor. Seguramos o ímpeto sulista, mas não tivemos poder algum de reação. Nem a esboçamos, para falar a verdade. E a vitória premiou os méritos do Grêmio.
Cabe a nós indagar o porquê desse clima de férias quando queremos, pelo menos, terminar com uma campanha que não seja a pior do segundo turno. Não que os jogadores parecessem felizes na saída do campo, mas apenas parece que não estão a fim quando dentro das quatro linhas.
Muitas perguntas. Poucas respostas. Desânimo em campo e nas arquibancadas. Meu pessimismo insiste em dizer que 43 é um número perigoso. Não quero baile nem festa. Só comprometimento nesses três jogos. Vale um pouco de nossa grandiosa dignidade.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: enxaqueca