Sem alarde, Paulo Henrique Ganso fez aniversário neste domingo. Típico dele, que não é de muitas palavras públicas.
A fase não é das melhores e, fazendo uma reflexão sincera que muitos tricolores recusam, vivendo numa estranha Terra do Nunca, o meia está próximo ou quase do fim da sua passagem pelo Fluminense e, provavelmente, da própria carreira. Tudo por conta do único adversário invencível na Terra, o tempo. Não tem jeito. Foi assim com Telê, com Assis, com Fred e será com Ganso e Fábio. Ninguém escapa.
Justamente por isso, nessa semana borocochô de futebol, vale a pena a gente pensar em como foi sido maneira essa passagem do Ganso pelo Fluminense, cheia de vitórias, acidentes e jogadas espetaculares.
Passes de primeira, efeitos desconcertantes, momentos surpreendentes e ohhhhhhhhhhh – todos boquiabertos no Maracanã com um simples toque, às vezes tão genial que confundia não apenas os adversários mas também os companheiros de equipe.
Explica-se: Ganso é literalmente um animal do futebol em extinção, que lembra os tempos onde éramos os melhores do mundo. A baixa velocidade o obrigou a ser cada vez mais apurado tecnicamente e, sem dúvida, ele é um dos maiores jogadores do século XXI. Teria uma carreira ainda maior se os castigados joelhos permitissem. Quantas e quantas vezes não ficamos inebriados com seus passes e lances, seus toques desconcertantes?
Guardadas as devidas proporções, os sentimentos são os mesmos: os garotos que se encantaram com Rivellino e Romerito, depois Deco, agora tiveram Ganso para se lembrar, sonhar, imitar nas peladas do recreio na escola, no game. O camisa 10 em meio a tantos 65, 49, 74 ou 88. O sujeito que tem a missão de fazer a bola desenhar arte. Foi assim nesses anos todos. Um jogadoraço.
Estamos bem mais perto do fim do que do começo. A velocidade tão escassa pode até piorar. O tempo não para nem perdoa. Mas uma coisa é certa: aconteça o que acontecer até o fim do contrato e a provável despedida, Ganso está eternizado no Fluminense. Assim como outros grandes jogadores, ele foi protagonista de títulos maravilhosos mas não é só isso: é falar de beleza, de qualidade e afinco, de verdadeiro artesanato da bola. Tal como já se disse na poesia, beleza pura. Sempre será lembrado pela sua maior qualidade: o talento para jogar futebol. É isso.