Paulo Henrique Ganso (por Marcelo Diniz Gomes)

O futebol é um esporte apaixonante. Por vezes ele é ingrato, outras vezes inebria.

A essência do futebol é a bola, o jogador e o estádio pulsante que aprecia as jogadas diversas.

Muitos gostam do futebol com transpiração, corrido e querem vencer a todo custo. Outros, como este que escreve curte um futebol bem jogado, dinâmico sim, mas com inteligência e com o mínimo de criatividade.

Hoje o jogador que prescreve todos esses atributos do bom futebol atende pelo nome de uma ave: Paulo Henrique Ganso, ou simplesmente Ganso.

Desde que surgiu para o futebol no Santos, PHG sempre demonstrou muita técnica, visão e aquele toque de classe do camisa 10 brasileiro.

Ganhou títulos no time da Baixada Santista, notoriedade e chegou ao máximo: camisa 10 da Seleção Brasileira.

Contudo, seu futebol caiu de produção e, com diversas contusões sérias, seu jogo acabou caindo em desgraça. Trocou de ares e foi transferido para o São Paulo. Mesmo assim, o meia magistral consegue êxito no Morumbi desfilando sua elegância, vide a partida histórica em 2013 pela Sul-americana, no Monumental de Nunez contra o River Plate, onde teve atuação primorosa.

Depois Ganso se transferiu para o Sevilha da Espanha, mas não obteve o sucesso esperado, preterido quase sempre pelo sisudo técnico Jorge Sampaoli.

O Tricolor acenou com a possibilidade de trazê-lo para as Laranjeiras. Pessoalmente, vibrei com essa possibilidade. O contrato com o meia foi fechado: cinco anos!

Meu Deus, que contrato longo! Porém, ele tinha 29 anos e, se desse certo, seria muito proveitoso para o Fluzão.

O início foi desanimador: Ganso mostrava sua inteligência e classe, mas parecia meio dispersivo ao mesmo tempo.

No final de 2021, Ganso, justamente quando parecia engrenar em um jogo contra o Barcelona do Equador, enquanto executava uma linda bicicleta, se machucou no lance e quebrou o braço, perdendo o restante da temporada. Com dois anos de contrato a cumprir, o que era pra ser solução virava um estorvo, apesar de todas as suas qualidades.

Veio o ano de 2022 e parecia que, sob a batuta de Abel Braga, nada mudaria em relação ao camisa 10, até que Abelão sai do comando e entra Fernando Diniz.

O novo treinador, fã do futebol de PHG, o coloca desde já como titular e dá moral ao camisa 10, que deslancha a olhos vistos nesta temporada.

É um prazer ver o vistoso futebol desse paraense magnífico. Joga o fino da bola.
A tranquilidade como se apresenta, a eficiência nos passes, a elegância ao conduzir a bola e a destreza da movimentação, sempre com alto refino nas jogadas, o fazem hoje um jogador único no mundo.

Ganso é um jogador raríssimo, desses com futebol antigo mas com a dinâmica necessária para o futebol moderno atual.

Ele compensa a velocidade, que não tem, com muita agilidade nos passes e o pensamento sempre à frente dos demais.

Dá gosto vê-lo jogar. Ainda bem que ele está jogando no meu time.

Acorda, diretoria: renovação já!