Futebol é paixão, Flu é amor, entretenimento é outra coisa (por Marcus Vinicius Caldeira)

Hoje, ao levantar a lebre nas redes sociais sobre a pífia média de público do Fluminense no Brasileirão, fui surpreendido com um discurso – de uma “meia dúzia de três ou quatro”, que fique claro – de que o Fluminense não está jogando bem (segundo eles) e isso explicaria o baixo comparecimento. Teve um que soltou uma pérola: “Futebol é diversão, entretenimento, se não me agrada, não vou”. Isso mesmo, um torcedor do Fluminense soltou esta pérola divina. Quer dizer: “torcedor”, né?Longe de mim querer ditar regras de como cada torcedor do Fluminense, individualmente, deva se comportar, ou se deve ir ao estádio ou não. Cada um sabe onde o seu calo aperta. Mas, na boa, a torcida do Fluminense está passando do limite. Num jogo em que poderíamos assumir a vice-liderança (como assumimos), com o time tendo perdido apenas um jogo neste campeonato, campeão do Rio e a apenas três pontos do lider, um público de apenas nove mil pessoas é ridículo!

A desculpa mais usada é a questão do Engenhão. Longe, difícil acesso, etc e etc. Como é longe se está localizado a quinze minutos do Maracanã? Difícil acesso? Tem ônibus vindo de tudo quanto é lugar, trem integrado com o metrô, Linha Amarela, Suburbana, 24 de Maio. E se o Maracanã deixasse de existir. Teria acabado o futebol no Rio, certo? Desculpinha muito esfarrapada!

Outra desculpa usada é o preço. Desculpinha mais uma vez, porque este pessoal tem condição de ir ao estádio. Além disso, se o problema fosse o preço, a Norte e a Sul estariam sempre cheias. De fato, para a população pobre que fazia do futebol a sua religião antigamente, ficou caro o acesso e isso explica o não comparecimento deles, mas não não o baixo público. Ou explica? A classe média e alta a quem restringiram o acesso são as que ficam de chororô para ir ao estádio. Pode ser por aí a explicação.

Mas, a questão do time como lazer, entretenimento e diversão e de que o mau futebol praticado pelo Fluminense, segundo os “entendidos”, os fazem ficar em casa, é um chute no estômago daquele que sai de casa incondicionalmente para apoiar o time no estádio! É um argumento abominável, pois o papel do torcedor é torcer, apoiar o time. Estes que falaram isso são no máximo espectadores, e como espectadores deveriam é ver o jogo, ir embora e ponto. E se não estão gostando do time, que nem vejam o jogo. Você assiste a um filme ruim? Uma peça ruim? Um show ruim? Pois é, se é ruim porque perderia tempo com o Flu?

Além disso, esse argumento é hipócrita. Porque se ao final do campeonato o time tiver levantado o caneco, estes espectadores que se dizem torcedores irão para as ruas comemorar, irão zoar os adversários, bater no peito e bradar que são tetra e etc. Se fossem de fato honestos, deveriam ficar em casa sem dar um pio, pois o que interessa para eles é jogar bonito. Piada!

Futebol é paixão, sempre foi. Sempre será, embora os péssimos dirigentes do esporte bretão por cá tentem matar esta mesma paixão.

Entretenimento, meus caros, é outra coisa. Teatro, show, cinema, carteado, a pelada do fim de semana, isso sim são entretenimentos.

Por fim, Fluminense é amor, e como todo amor, há de se estar ao lado nas horas boas e más e de se dizer verdades, sim, mas na hora certa. Não entra na minha cabeça esta questão de vaia na hora do jogo e ficar bradando contra técnico e jogador num time que vem obtendo vitórias. Só se justifica em caso de corpo mole por parte dos atletas, o que verdadeiramente não ocorre neste grupo.

A verdade é uma só: para esta geração de torcedores mimados em que tudo é motivo para não comparecerem ao estádio e reclamarem do time, um tricolor faz muita falta: Nelson Rodrigues. Ai, se ele ainda vivo fosse!

Marcus Vinicius Caldeira

@mvinicaldeira

Panorama Tricolor/ FluNews

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Imagem: Marô Sussekind/ Panorama Tricolor.