Futebol é bola na mão (por Rods)

Diz o ditado que futebol é bola no pé. Pois eu digo que futebol também é bola na mão. A história do Fluminense me assegura isso. Nosso querido tricolor é famoso também por seus goleiros, criando verdadeiras lendas e ídolos.

Podemos começar a lista com Marcos (nada a ver com o palmeirense), tricampeão carioca em 17, 18, e 19 e o primeiro defender a Seleção, onde também ganhou vários títulos. Mesmo quando parou de jogar, tornou-se presidente do Flu e levou mais dois cariocas.

Batatais nos ajudou a ganhar 5 cariocas nas décadas de 30 e de 40. Era tido como um exemplo de disciplina esportiva, o que lhe valeu o prêmio Belfort Duarte, e jogou pela seleção na Copa de 38.

Então nós chegamos a um dos maiores ídolos da nossa história, o inesquecível Castilho, o goleiro milagreiro. Seu amor pela camisa tricolor era tanto que seu sacrifício ao amputar um dedo em nome do Flu (para poder se recuperar mais rápido de uma lesão) ficou maior que seus títulos cariocas, nacionais, continentais e mundiais.

O poder tricolor entre as traves era tão gigante, que Veludo, reserva de Castilho, também era seu reserva na Seleção. Um caso inédito na história do futebol. Sua má-sorte foi atuar junto do único outro goleiro que estava acima dele. Mas tamanho era o equilíbrio que há os que dizem o contrário.

Como se não bastasse, a Seleção tricampeã também teve um tricolor no gol. Félix, muitas vezes criticado pela sua baixa estatura, conseguia praticamente voar para realizar suas defesas. Além do mundial, garantiu outros títulos para o Brasil e para o Fluminense, incluindo a Taça de Prata (ou Robertão) de 1970.

No ano de 1981, Paulo Victor chegou ao Fluminense para sagrar-se tricampeão carioca e campeão brasileiro de 84. Apesar de reserva na Copa de 86, foi o segundo goleiro a mais vestir a camisa da Seleção. Na sua frente, apenas Castilho.

Desde então tivemos Ricardo Pinto, Jefférson, Wellerson, Murilo, Kléber, Fernando Henrique, Rafael e Ricardo Berna, entre outros menos lembrados. Todos com seus altos e baixos, qualidades e defeitos. Nenhum conseguiu se tornar unanimidade ou ao menos ter a maior parte da torcida ao seu lado. Até chegar Diego Cavalieri.

Diego Cavalieri jogava no Palmeiras, mas amargava a reserva do Marcos. Sempre se mostrou um excelente goleiro e conseguiu uma transferência para o Liverpool da Inglaterra. Chegou lá para arrebentar, mas havia alguma coisa de errado e as suas atuações não foram as mesmas, o que lhe deixava cada vez menos espaço no time. Foi parar no modesto Cesena da Itália, onde as coisas continuaram ruins para ele. Chegou a pensar na aposentadoria até ser procurado pelo Fluminense.

Como Campeão Brasileiro de 2010, o Fluminense não precisava mexer muito no elenco, mas foi buscar um goleiro de grande nome. Trouxemos Cavalieri mesmo cientes do seu azar na Europa. Chegou como titular, mas sua falta de ritmo o fez logo cair para reserva. Com a desclassificação na Libertadores de 2011, ele recebeu uma nova chance com a consciência que poderia ser a última.

De lá pra cá Diego Cavalieri cresceu junto a um Fluminense que se reerguia. A cada jogo ficou mais ágil, mais rápido e mais seguro. Hoje não há um tricolor que não o queira no time. Em pênaltis, faltas ou contra-ataques, todos nós confiamos que ele possa salvar nosso gol. Uma de suas qualidades é não se alterar durante o jogo. Com o Fluminense perdendo ou ganhando, nosso “Homem de gelo” está ali, inabalável, pronto para evitar a comemoração adversária. Sua saída de bola é tranquila, nunca afobada.

Por enquanto foi apenas o Carioca de 2012. Mas eu tenho certeza que vem muito mais por aí.

Diego Cavalieri, eu tenho orgulho de tê-lo em nosso gol. As portas da história tricolor estão abertas para você. Outros heróis estão à sua espera.

ST!

Rodrigo César – o Rods