Frustração com o resultado, mas não com a atuação do Fluminense (por Aloisio Senra)

Tricolores de sangue grená, entendo bem pouco de tática no futebol e há vários colegas aqui da casa que certamente podem versar melhor sobre o tema, mas após o 0 a 0 com o Santos, que foi precedido de uma boa estreia na Copa Sul-Americana contra o Oriente Petrolero (embora o placar pudesse ter sido mais elástico), o assunto que tomou a internet foram os três zagueiros de Abel. Os malditos três zagueiros dos quais ele nunca prescinde. Mas será que o problema está mesmo no esquema, que era pedido por muitos tricolores no ano passado?

Se imaginarmos que a única mudança efetiva no time que vinha jogando e que botou o Flamengo na roda foi a saída de Ganso, poupado, começamos a entender um pouco da dificuldade para fazer gols no time paulista, ainda que finalizando 26 vezes. Nathan, infelizmente para nós, não é o jogador para substituir PH, e luta hoje para conseguir apresentar algum futebol, depois de ter sido trazido com status de titular. Mas, é claro, há um problema maior, subjacente, e que não está sendo muito discutido: a falta de peças para jogar em outros esquemas.

Vejam, nesse caso aí a “falta” pode ser por várias razões: pela não contratação de substitutos à altura para alguns jogadores (caso flagrante do Ganso, hoje do Cano e talvez nas laterais, sendo uma delas discutível), pela recusa em usar jogadores do elenco para fazer certas funções-chave na variação de um esquema pro outro (o não aproveitamento de Marlon, lateral mais defensivo, não terem subido ainda o Artur, que mesmo muito jovem é o que tem características mais próximas às de Ganso, etc.) e pela falta de tempo hábil mesmo para treinar um novo esquema (vide as maratonas recentes).

Não estou fazendo aqui uma defesa ao Abel, que tanto critiquei, mas é loucura dizer, hoje, que ele não achou o time titular com a formação de três zagueiros, dois alas (ainda que um deles seja o peladeiro jabaculesco Cris Silva), André, Yago, Ganso, Arias e Cano. Esse time deu liga. O problema é mantê-lo funcionando sem a reposição adequada. Em breve, Arias também não terá substituto, pois LH vai embora. André sai e entra… Wellington. Os reservas dos alas são laterais de ofício, mais defensivos (Marlon e Pineida). Enfim, haverá um grande problema para se manter esse esquema sempre.

Isso já seria complicado se não considerássemos a miríade de adversários que enfrentaremos, para os quais precisaremos de variações. Treinar um 4-4-2 que seja, com Marlon na esquerda e Pineida (em forma) na direita, dando mais liberdade para o meio de campo jogar e preencher os espaços talvez seja uma tática melhor contra alguns adversários. Se seria contra o Santos? Não sei. Só sei que tivemos uma vibe bem parecida com a época do Diniz nessa partida, e se fosse o time dele certamente sairíamos de campo derrotados. A solidez defensiva de três zagueiros entrosados com o resto do time e com qualidade para fazer a saída de bola não pode ser desprezada.

Por fim, amigos, podemos optar por enxergar apenas problemas (esses existem aos borbotões), mas se fiquei frustrado com o resultado, não fiquei com a atuação. O goleiro santista trabalhou bem e foi basicamente ataque contra defesa. Que sirva de aviso e lição, pois jogaremos contra vários outros adversários assim no Maracanã e precisaremos de soluções para superá-los. De resto, temos que ver mais jogos para analisar o momento atual. Viramos a chave para a Sula no momento. Junior de Barranquilla que pague o pato.

Curtas:

– Já se fala em reforços no meio do ano, mas deveria se falar primeiramente para quais posições objetivamos os mesmos. Entendo que precisamos de primeiro volante (que pode vir da base, Alexsander), meia de criação (Artur pode ser testado), atacante de velocidade (Matheus Martins pode ganhar mais chances) e centroavante (Samuel Granada pode receber chances). Tenta Xerém primeiro, Abel!

– Palmeiras, possivelmente o melhor time do Brasil hoje, perdeu para o Ceará em casa, tomando gols em contra-ataques. O Santos tentou nesse sábado marcar os seus, mas a solidez da defesa não deixou. É importante exaltar o que vem dando certo sem perder de vista o que vem dando errado. Extremos não nos levam a lugar algum.

– Palpites para as próximas partidas: Junior Barranquilla 0 x 1 Fluminense; Cuiabá 1 x 3 Fluminense.